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Gordon (RP:41-42) – mentalidade ontológica

quarta-feira 27 de setembro de 2023, por Cardoso de Castro

  

Nossa ciência atual, baseada sobre o espaço e o tempo humanos, devia pouco a pouco se substituir à ciência original, repousando sobre o espaço e o tempo divinos.

tradução

Sem dúvida a tarefa educativa do primeiro homem a respeito de seus filhos teria sido impossível, se as disciplinas comunicadas por ele com a finalidade de manter o contato estreito com o mundo das essências, assim como uma tomada direta sobre o reservatório infinito da energia, tivessem sido ilusórias: não o foram. Se o homem, com efeito, partiu do zero para o conhecimento experimental, e se, deste ponto de vista, sua evolução marca um desenvolvimento progressivo certo, um desenvolvimento admirável, é, em revanche, partido do alto, — de além do mundo visto como físico — tanto pela intuição profunda dos seres, quanto pela utilização da radiante - matéria radiante; e a este respeito, sua história não é senão uma longa decadência. Devia à princípio, normalmente, assim ser. Nossa ciência atual, baseada sobre o espaço e o tempo humanos, devia pouco a pouco se substituir à ciência original, repousando sobre o espaço e o tempo divinos. Esta substituição era tão inelutável que a ciência do início, para ser eficaz, exigia como condições de acesso, posteriormente ao desnivelamento do super-homem, e à ocultação, um ascetismo impiedoso, assim como qualidade espirituais ou morais dificilmente compatíveis, para a massa dos homens, com a existência sensível.

Deste estado inicial, a humanidade conservou, durante milênios, uma mentalidade que se denomina por vezes pré-lógica, e que se poderia também chamar pós-lógica, posto que ela foi consecutiva à experiência transcendente do primeiro homem em nosso cosmo de origem, que é o cosmo visualizado como dinamismo. Esta mentalidade, que é em realidade, ontológica, subsistirá, em certos seres, até o fim dos tempos humanos, pois ela corresponde à verdadeira natureza do homem: jamais a mentalidade dita lógica, científica, ou empírica, não a sufocará, do mesmo modo que a ciência não asfixiará jamais a arte: ela é a escotilha pela qual o homem olha o mundo feérico do qual momentaneamente se exilou.

Original

Sans doute la tâche éducative du premier homme à l’égard de ses enfants eût-elle été impossible, si les disciplines communiquées par lui à l’effet de maintenir un contact étroit avec le monde des essences, ainsi qu’une prise directe sur le réservoir infini de l’énergie, avaient été illusoires : elles ne l’étaient pas. Si l’homme, en effet, est parti de zéro pour la connaissance expérimentale, et si, de ce point de vue, son évolution marque un développement progressif certain, un développement admirable, il est, en revanche, parti de très haut, — de par delà le monde vu comme physique — tant pour l’intuition profonde des êtres que pour l’utilisation de la mati  ère radiante ; et, à cet égard, son histoire n’est qu’une longue décadence. Il devait d’ailleurs, normalement, en être ainsi. Notre science actuelle, basée sur l’espace et îe temps humains, devait peu à peu se substituer à la science originelle, reposant sur l’espace et le temps divins. Cette substitution était d’autant plus inéluctable que la science du début, pour être efficace, exigeait comme conditions d’accès, postérieurement au dénivellement du surhomme, et à l’occultation, un ascétisme impitoyable, ainsi que des qualités spirituelles ou morales difficilement compatibles, pour la masse des hommes, avec l’existence sensible.

De ce stade initial, l’humanité a conservé, pendant des millénaires, une mentalité que l’on nomme parfois prélogique, et que l’on pourrait tout aussi bien appeler postologique, puisqu’elle a été consécutive à V expérience transcendante du premier homme dans notre cosmos d’origine, qui est le cosmos envisagé comme dynamisme. Cette mentalité,, qui est en réalité, ontologique, subsistera, chez certains êtres, jusqu’à la fin des temps humains, car elle correspond à la véritable nature de l’homme : jamais la mentalité dite logique, scientifique, ou empirique, ne l’étouffera, pas davantage que la science n’asphyxiera jamais l’art : elle est le soupirail par lequel l’homme regarde vers le monde féerique dont il s’est momentanément exilé.