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Gordon (IMA:5) – Grande Mãe

terça-feira 26 de setembro de 2023, por Cardoso de Castro

  

A civilização agrícola feminina, em razão das benfeitorias que o trabalho da terra valia à humanidade, teve uma vitalidade excepcional e uma prodigiosa expansão.


A Grande Mãe do mito combina em sua formidável pessoa todas as qualidades essenciais do feminino. A fertilidade era atribuída nas culturas primitivas ao poder da Lua, e as Deusas Mães eram usualmente deusas da lua também. A maioria dos ídolos que ilustram a "Grande Mãe", com seus contornos femininos exagerados, datam de até 40000 anos atrás, muitas deles talhados em miniaturas. Foi muito mais tarde que a Grande Mãe assumiu a forma pessoal recebendo diferentes nomes. Tudo indica que isto se deu em uma passagem do matriarcado para o patriarcado. ("Myths", Alexander Eliot)

tradução

O ritual de sexualidade se instaurou, até onde se pode julgar, por volta do fim do neolítico, sob a influência da civilização agrícola do matriarcado. A cultura do solo, em seguida a da coleta primitiva dos frutos e das raízes, como esteve durante muito tempo nas mãos das mulheres como havia estado na família primitiva, a coleta ela mesma. Este sistema social, que fixou a humanidade à terra, nasceu no Sul, à margem do oceano Índico, enquanto a civilização patriarcal de pastoreio se desenvolvia no Norte, e que em uma zona intermediária se apresentava aqui e ali o ciclo cultural dos caçadores. A última parte do neolítico foi marcada por fusões que deram sequência a um estado caótico, provocado pelos primeiros contatos.

A civilização agrícola feminina, em razão das benfeitorias que o trabalho da terra valia à humanidade, teve uma vitalidade excepcional e uma prodigiosa expansão. Todo o último período do neolítico — o que os gregos denominavam a Idade de Prata — leva sua marca. Os agrupamentos de direito feminino não podendo conceber o sagrado senão como hipostasiado em uma mulher transcendente, a característica deste período foi o culto da Mãe Divina, que se denominava Mamma, Baba, ou por vezes Ninni, Nanna, Anna, Anu (nutriz), e que não tendo neste início paredro masculino, era uma Virgem Mãe; elas subsistiu em diferentes povos, até o final do paganismo, sob a denominação de Virgem Celeste.

Original

Ce rituel de sexualité s’instaura, autant qu’il est possible d’en juger, vers la fin du néolithique, sous l’influence de la civilisation agricole du matriarcat. La culture du sol, suite de la cueillette primitive des fruits, des baies, et des racines, fut, pendant longtemps, aux mains des femmes, comme l’avait été, dans la famille primitive, la cueillette elle-même. Ce système social, qui fixait l’humanité à la terre, prit, semble-t-il, naissance dans le Sud, sur le pourtour de l’océan Indien, tandis que la civilisation patriarcale de l’élevage se développait dans le Nord, et qu’en une zone intermédiaire s’amorçait çà et là le cycle culturel des chasseurs. La dernière partie du néolithique fut marquée par des fusions plus ou moins intimes entre ces civilisations diverses, fusions qui firent suite à un état chaotique, provoqué par les premiers contacts.

La civilisation agricole féminine, en raison des bienfaits que le travail de la terre valait à l’humanité, eut une vitalité exceptionnelle et une prodigieuse expansion. Toute la dernière période du néolithique — ce que les Grecs nommaient l’âge d’argent —— en porte l’empreinte. Les groupements de droit féminin ne pouvant concevoir le sacré que comme hypostasié en une femme transcendante, la caractéristique de cette période fut le culte de la Mère Divine, qu’on appelait Mamma, Raba, ou parfois Ninni, Nanna, Anna, Anu (= nourrice), et qui, n’ayant point, à ses débuts, de parèdre masculin, était une Vierge Mère; elle subsista chez différents peuples, jusqu’au bout du paganisme, sous la dénomination de Vierge Céleste.