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Plotino - Tratado 39,5 (VI, 8, 5) — Que relação estabelecer entre virtude e liberdade?
sábado 8 de janeiro de 2022, por
tradução
5. — Por conseguinte, deve-se situar a livre disposição de si e a capacidade de depender de si no único Intelecto que pensa, quer dizer no intelecto puro, ou melhor igualmente na alma cujo ato é conforme ao intelecto e cuja ação é conforme à virtude? Desde então, se nos acordamos estas capacidades à alma engajada na ação, a princípio, não é preciso sem dúvida acordá-lo à realização da ação. Pois nós não somos mestres do azar. Por outro lado, se nós as acordamos à ação realizada convenientemente e ao fato de realizar todas as coisas por si mesmo, talvez então é a justo título que assim a gente se exprime. Mas isso, em qual sentido é que isso depende de nós? Por exemplo, tomemos a hipótese onde nós somos corajosos porque é a guerra. De pronto, demando como um tal ato depende de nós, dado que se a guerra não tivesse lugar, não poderíamos realizá-lo. A questão se coloca de maneira similar por todas as outras ações realizadas segundo a virtude: a virtude se vê sempre submetida à necessidade de realizar tal ou tal coisa em função das circunstâncias. De fato, se a gente dá a escolha à virtude ela mesma: deseja ela que hajam guerras a fim de que ela possa fazer prova de sua coragem? Que haja injustiça a fim de que ela possa determinar o que é justo e que ela restabeleça a ordem? E da pobreza a fim de que ela faça demonstração de sua generosidade? Ou bem prefere ela permanecer em repouso porque tudo vai bem? Ela preferirá o repouso à ação e que nada requeira dela seu socorro. Assim Hipócrates prefere que ninguém tenha necessidade de sua arte. Se portanto a virtude, quando ela exerce seu ato no domínio da ação, é constrangida a dar socorro ao que tem dela necessidade, como possuiria ela pura e simplesmente a capacidade de depender dela mesma? Por conseguinte, afirmaremos que as ações são submetidas à necessidade, mas que a vontade que é anterior às ações e a razão são o que escapa à constrição da necessidade? Mas se assim é, em situando a livre disposição de si e este que depende da virtude puramente nisto que é anterior à ação, nós os situaremos fora da ação.
— Que é a virtude considerada como estado e como disposição? Não é verdade que quando a alma está mal disposta, a virtude vem para estabelecer ordem em introduzindo medida nas afecções e nos desejos? E qual sentido dizemos então que depende de nós sermos bons, e que «a virtude não tem mestre»?
— No sentido certamente em que a tínhamos desejado e escolhido. Ou bem porque quando a virtude sobrevém em nós, ela nos busca a liberdade e a capacidade de depender de nós mesmos, e ela não nos deixa mais servis ao que éramos anteriormente escravos. Se portanto a virtude é como um outro intelecto, e que ela é um estado que faz que, de uma certa maneira a alma se intelectualiza, então, por conseguinte, o que depende de nós não reside na ação, mas no intelecto em repouso livre de toda ação.
Guthrie
FREEDOM OF WILL AND VIRTUE ARE INDEPENDENT OF THE ACTIONS.
5. Do autocratic freedom and independence inhere in pure and thinking Intelligence exclusively, or are they also found in the soul which applies its contemplative activity to intelligence, and its practical activity ’to virtue? If we grant liberty to the practical activity of the soul, we will not extend it to its results; for tof this we are not always masters. But if liberty is attributed to the soul which does good, and which, in everything acts by herself, we are near the truth.
How would that depend on us? As it depends on us to be courageous when there is a war. Nevertheless, admitting that it then depends on us to be courageous, I observe that, if there were no war, we could not perform any action of this nature. Likewise, in all other virtuous deeds, virtue always depends on accidental circumstances which force us to do some particular thing. Now if we were to give virtue the liberty of deciding whether it desired a war, so as to be able to offer a proof of courage; or desired injustices, as opportunities to define and to respect rights; or wished that people might be poor to be able to show forth its liberality; or whether it preferred to remain at rest, because everything was in order; might virtue not prefer to remain inactive in case nobody needed her services. Similarly a £Ood Dhvsician. such as Hippocrates, for instance, would wish that his professional services should not be needed by anybody. If then virtue when applied to actions be forced to engage in such activities, how could it possess independence in all its purity? Should we not say that actions are subject to Necessity, whilst the preliminary volition and reasoning are independent? If this be so, and since we locate free will in that which precedes its execution, we shall also have to locate autocratic freedom and independence of virtue outside of the (actual) deed.
VIRTUE AS INTELLECTUALIZING HABIT LIBERATES THE SOUL.
What shall we now say of virtue considered as "habit" or disposition? Does it not occupy itself with regulating and moderating the passions and desires when the soul is not healthy? In what sense do we then say that it depends on us to be good, and that "virtue has no master?" In this sense, that it is we who will and choose; more, in the sense that virtue, by its assistance, yields us liberty and independence, and releases us from servitude. If then virtue be another kind of intelligence, "a habit that intellectualizes the soul," even in this respect must liberty be sought not in practical activity, but in the intelligence divorced from activity.
MacKenna
5. Are we, however, to make freedom and self-disposal exclusive to Intellectual-Principle as engaged in its characteristic Act, Intellectual-Principle unassociated, or do they belong also to soul acting under that guidance and performing act of virtue?
If freedom is to be allowed to soul in its Act, it certainly cannot be allowed in regard to issue, for we are not master of events: if in regard to fine conduct and all inspired by Intellectual-Principle, that may very well be freedom; but is the freedom ours?
Because there is war, we perform some brave feat; how is that our free act since had there been no war it could not have been performed? So in all cases of fine conduct; there is always some impinging event leading out our quality to show itself in this or that act. And suppose virtue itself given the choice whether to find occasion for its exercise - war evoking courage; wrong, so that it may establish justice and good order; poverty that it may show independence - or to remain inactive, everything going well, it would choose the peace of inaction, nothing calling for its intervention, just as a physician like Hippocrates would prefer no one to stand in need of his skill.
If thus virtue whose manifestation requires action becomes inevitably a collaborator under compulsion, how can it have untrammelled self-disposal?
Should we, perhaps, distinguish between compulsion in the act and freedom in the preceding will and reasoning?
But in setting freedom in those preceding functions, we imply that virtue has a freedom and self-disposal apart from all act; then we must state what is the reality of the self-disposal attributed to virtue as state or disposition. Are we to put it that virtue comes in to restore the disordered soul, taming passions and appetites? In what sense, at that, can we hold our goodness to be our own free act, our fine conduct to be uncompelled? In that we will and adopt, in that this entry of virtue prepares freedom and self-disposal, ending our slavery to the masters we have been obeying. If then virtue is, as it were, a second Intellectual-Principle, and heightens the soul to Intellectual quality, then, once more, our freedom is found to lie not in act but in Intellectual-Principle immune from act.
Ver online : Plotino
- Plotino - Tratado 39,1 (VI, 8, 1) — Exposição do objeto da pesquisa
- Plotino - Tratado 39,2 (VI, 8, 2) — A que faculdade da alma reportar o que depende de nós?
- Plotino - Tratado 39,3 (VI, 8, 3) — A verdadeira liberdade situa-se no intelecto
- Plotino - Tratado 39,4 (VI, 8, 4) — Objeção: não é possível conceder a liberdade aos seres inteligíveis
- Plotino - Tratado 39,6 (VI, 8, 6) — Prosseguimento da interrogação sobre a relação virtude-liberdade
- Plotino - Tratado 39,7 (VI, 8, 7) — Introdução do "discurso temerário" e primeiros elementos de refutação
- Plotino - Tratado 39,8 (VI, 8, 8) — A impotência do discurso relativo ao Bem
- Plotino - Tratado 39,9 (VI, 8, 9) — Sequência da refutação do advir acidental do Bem
- Plotino - Tratado 39,10 (VI, 8, 10) — Sequência da refutação do advir acidental do Bem
- Plotino - Tratado 39,11 (VI, 8, 11) — O Bem escapa a todas as categorias da ontologia
- Plotino - Tratado 39,12 (VI, 8, 12) — Experiência da liberdade em nós
- Plotino - Tratado 39,13 (VI, 8, 13) — Início do discurso positivo a respeito do Bem
- Plotino - Tratado 39,14 (VI, 8, 14) — Refutação da existência contingente do Bem
- Plotino - Tratado 39,15 (VI, 8, 15) — Movimento de ascensão espiritual
- Plotino - Tratado 39,16 (VI, 8, 16) — Exposição dos atributos positivos do Bem
- Plotino - Tratado 39,17 (VI, 8, 17) — Sequência da refutação da existência "por azar" do Bem
- Plotino - Tratado 39,18 (VI, 8, 18) — Imagens e expressões que significam aquilo que é o Bem
- Plotino - Tratado 39,19 (VI, 8, 19) — Superioridade da contemplação direta do Bem
- Plotino - Tratado 39,20 (VI, 8, 20) — Duas aporias relativas à auto-produção do Bem
- Plotino - Tratado 39,21 (VI, 8, 21) — O Bem é "inteiramente vontade"