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Plotino - Tratado 53,3 (I, 1, 3) — O corpo como instrumento da alma. Alma e corpo entrelaçados.
domingo 20 de fevereiro de 2022, por
traduzindo MacKenna
3. Podemos tratar da Alma como no corpo - seja acima ou dentro deste - posto que a associação dos dois constitui aquilo que se denomina organismo vivo, o Animado.
Agora desta relação, da Alma usando o corpo como um instrumento, não decorre que a Alma deve compartilhar as experiências do corpo: um homem não sente ele mesmo todas as experiências dos instrumentos com o qual trabalha.
Pode se objetar que a Alma deve, no entanto, ter Percepção-de-Sentido posto que seu uso de seu instrumento deve familiarizá-la com as condições externas, e tal conhecimento vem através do sentido. Assim, será argumentado, os olhos são o instrumento da visão, e a visão pode trazer aflição para alma: portanto a Alma pode sentir pesar e dor e qualquer outra afetividade que pertence ao corpo; e disto também brota o desejo, a Alma buscando a correção de seu instrumento.
Mas, perguntamos, como, possivelmente, podem estas afetividades passar do corpo para Alma? O corpo pode comunicar qualidades ou condições a outro corpo: mas - corpo para Alma? Algo acontece a A; isto faz que isso aconteça a B? Enquanto tivermos agente e instrumento, há duas entidades distintas; se a Alma usa o corpo ela está separada dele.
Mas aparte da separação filosófica como a Alma adere ao corpo?
Claramente há uma combinação. E para esta vários modos são possíveis. Pode haver uma coalescência completa: A Alma pode ser entretecida através do corpo: ou ela pode ser uma Forma-Ideal destacada ou uma Forma-Ideal em contato governativo como um piloto: ou poderia ser parte da Alma destacada e outra parte em contato, a parte disjunta sendo o agente ou usuário, a parte conjunta classificada com o instrumento ou coisa usada.
Neste último caso será a dupla tarefa da filosofia dirigir esta Alma inferior em direção da superior, o agente, e exceto tanto quanto a conjunção seja absolutamente necessária, separar o agente do instrumento, o corpo, de maneira que ela não necessite para sempre ter seu Ato com base e através deste inferior.
traduzindo Bréhier
3. Consideremos agora a alma no corpo, se ela existe a princípio antes dele ou somente nele; dela e do corpo se forma o todo denominado animal. Se o corpo é para ela como um instrumento do qual se serve, ela não se restringe a acolher nela as afecções do corpo, do mesmo modo que o artesão não se ressente do que experimentam seus instrumentos: Mas talvez seja preciso que disto tenha a sensação, porque é preciso que ela conheça pela sensação, as afecções exteriores do corpo, para se servir dele como de um instrumento: se servir dos olhos, é ver. Ora, ela pode ser alcançada em sua visão, e por conseguinte, passar por penas, sofrimentos, e tudo aquilo que acontece ao corpo; ela experimenta também desejos, quando ela busca cuidar de um órgão doente.
Mas como estas paixões virão do corpo até ela? Um corpo comunica suas propriedades a um outro corpo ; mas à alma? Seria dizer que um ser sofre a paixão de um outro. Enquanto a alma é um princípio que se serve do corpo, e o corpo um instrumento da alma, eles permanecem separados um do outro; e se se admite que a alma é um princípio que se serve do corpo, se a separa. Mas antes que se tenha atingido esta separação pela prática da filosofia, que era isto? Eles estão misturados: mas como? Ou é uma das espécies de mistura ; ou há entrelaçamento recíproco; ou a alma é como a forma do corpo, e não é separada dele; ou ela é uma forma que toca o corpo, como o piloto toca seu timão; ou uma parte da alma está separada do corpo e se serve dele, e uma outra parte aí é uma mistura e passa ela mesma à classe de órgão; a filosofia faz então retornar esta segunda parte à primeira, e ela desvia esta, tanto quanto nossas necessidades o permitem, do corpo da qual se serve, para que ela não passe todo seu tempo a dele se servir.
Igal
3. De todos modos, hay que suponer que el alma está en el cuerpo [1], sea que exista antes que el cuerpo, sea que exista en el cuerpo, pues de la unión del cuerpo y del alma «el conjunto recibió el nombre de animal» [2].
Pues bien, si el alma se vale del cuerpo como de instrumento, no está forzada a recibir las afecciones venidas a través del cuerpo, como tampoco los artesanos las afecciones de sus instrumentos. Bien puede ser, en cambio, que reciba la sensación forzosamente, puesto que no puede valerse de su instrumento sino conociendo por la sensación las afecciones del exterior. Y es que valerse de los ojos, ya es ver.
—Pero es que el ver lleva consigo daños y, en consecuencia, molestias, dolores y, en general, cuanto es inherente al cuerpo; y, consiguientemente, también apetitos cuando el alma busca la curación de su instrumento.
—Pero ¿cómo van a llegar hasta ella las afecciones venidas del cuerpo? Un cuerpo transmitirá afecciones suyas a otro cuerpo; pero el cuerpo al alma ¿cómo? Eso sería como si, al experimentar alguien una afección, la experimentara otro. Porque, en la medida en que uno es el que se vale y otro el instrumento de que se vale, están separados el uno del otro. Al menos, el que concede que quien se vale es el alma, la separa.
—Pero antes de separarla por la filosofía, ¿cómo estaba?
—Estaba mezclada.
—Pero si estaba mezclada, es que o había una fusión, o estaba como «entrelazada» [3], o como una forma no separada, o como una forma en contacto, al modo del timonel, o una parte de ella de este modo y otra de aquel otro (v. krasis); quiero decir en el sentido de que una parte está separada, y es la que se vale [4], y otra mezclada de cualquier modo y sirviendo de instrumento a la que se vale de ella, en tal modo que la filosofía pueda orientar esta misma parte que sirve de instrumento hacia la que se vale de ella y apartar a la que se vale, en cuanto no medie una necesidad absoluta, de aquella de que se vale, de modo que ni siquiera haya de valerse siempre.
Bouillet
III. Supposons l’âme, comme le veut sa nature, placée dans le corps, soit au-dessus de lui, soit en lui, et formant avec lui ce tout qu’on nomme l’animal (12). Dans ce cas, l’âme, en se servant du corps comme d’un instrument, n’est pas forcée de participer à ses passions, pas plus que les artisans ne participent à ce qu’éprouvent leurs instruments. Quant aux sensations, il est nécessaire qu’elle les perçoive, puisque, pour se servir de son instrument, il faut qu’elle connaisse, au moyen de la sensation, les modifications que cet instrument peut recevoir du dehors. C’est ainsi que l’âme se sert des yeux pour voir et qu’elle ressent en même temps les maux qui peuvent affecter la vue. Il en est de même pour les autres douleurs, pour toutes les souffrances, et en général pour tout ce qui peut arriver au corps ; il en est de même enfin des appétits, qui naissent du besoin que l’âme a de recourir au ministère du corps (13).
Comment alors les passions pourront-elles passer du corps dans l’âme? Le corps peut bien communiquer à un autre corps ses propriétés ; mais comment les communiquera-t-il à l’âme? C’est comme si on supposait qu’un individu souffre quand un individu tout différent est affecté. En effet, tant que l’on considère l’âme comme le principe qui se sert du corps et le corps comme l’instrument de l’âme, il y a entre eux séparation (14), cette séparation qui s’o- 39 père en donnant à l’âme le pouvoir de se servir du corps comme d’un instrument [c’est-à-dire de lui commander : ce que fait la philosophie (15)]. Mais avant que l’âme fit ainsi séparée du corps par la philosophie, dans quel état se trouvait–elle? Était–elle mêlée au corps? Si elle y était mêlée, ou elle formait avec lui une espèce de mixtion (16), ou elle était répandue dans tout le corps, ou elle était une forme inséparable du corps (17), ou elle était une forme gouvernant le corps comme le pilote gouverne son navire (18), ou enfin elle était en partie attachée au corps, en partie séparée. J’appelle partie séparée du corps celle qui se sert du corps comme d’un instrument, partie attachée au corps celle qui s’abaisse au rang d’instrument. Or la philosophie élève cette deuxième partie au rang de la première; quant à la première partie, elle la détourne, autant que nos besoins le permettent, du corps dont elle se sert, en sorte qu’elle ne s’en serve pas toujours.
Bréhier
3. Considérons maintenant l’âme dans le corps, qu’elle existe d’ailleurs avant lui ou seulement en lui ; d’elle et du corps se forme le tout appelé animal. Si le corps est pour elle comme un instrument dont elle se sert, elle n’est pas contrainte d’accueillir en elle les affections du corps, pas plus que l’artisan ne ressent ce qu’éprouvent ses outils : mais peut-être faut-il qu’elle en ait la sensation, puisqu’il faut qu’elle connaisse, par la sensation, les affections extérieures du corps, pour se servir de lui comme d’un instrument : se servir des yeux, c’est voir. Or, elle peut être atteinte dans sa vision, et par conséquent, subir des peines, des souffrances, et tout ce qui arrive au corps ; elle éprouve aussi des désirs, quand elle cherche à soigner un organe malade.
Mais comment ces passions viendront-elles du corps jusqu’à elle ? Un corps communique ses propriétés à un autre corps ; mais à l’âme ? Ce serait dire qu’un être pâtit de la passion d’un autre. Tant que l’âme est un principe qui se sert du corps, et le corps un instrument de l’âme, ils restent séparés l’un de l’autre ; et si l’on admet que l’âme est un principe qui se sert du corps, on la sépare. Mais avant qu’on ait atteint cette séparation par la pratique de la philosophie, qu’en était-il ? Ils sont mêlés : mais comment ? Ou bien c’est d’une des espèces de mélanges ; ou bien il y a entrelacement réciproque ; ou bien l’âme est comme la forme du corps, et n’est point séparée de lui ; ou bien elle est une forme qui touche le corps, comme le pilote touche son gouvernail ; ou bien une partie de l’âme est séparée du corps et se sert de lui, et une autre partie y est mélangée et passe elle-même au rang d’organe ; la philosophie fait alors retourner cette seconde partie à la première, et elle détourne celle-ci, autant que nos besoins le permettent, du corps dont elle se sert, pour qu’elle ne passe pas tout son temps à s’en servir.
Guthrie
THE SOUL USES THE BODY AS TOOL.
3. Whether the soul, according to her being, be located in the body, above or within this latter, the soul forms with the body an entity called (a “living being” or) organism. In this case, the soul using the body as a tool is not forced to participate in its passions, any more than workmen participate in the experiences of their tools. As to sensations, of course, the soul must perceive them, since in order to use her instrument, the soul must, by means of sensation, cognize the modifications that this instrument may receive from without. Thus seeing consists of using the eyes; and the soul at the same time feels the evils which may affect the sight. Similar is the case with griefs, pains and any corporeal exigency; also with the desires which arise from the soul’s need to take recourse to the ministry of the body. But how do passions from the body penetrate into the soul? For a body could communicate her own properties to some other body; but how could she do so to a soul?
SEPARATION OF SOUL FROM BODY.
Such a process would imply that one individual suffers when an entirely different individual is affected. There must be a distinction between them so long as we consider the former the user, and the latter the used; and it is philosophy, that produces this separation by giving to the soul the power of using the body as a tool.
PRIMITIVE RELATION BETWEEN SOUL AND BODY.
But what was the condition of the soul before her separation from the body by philosophy? Was she mingled with the body? If she were mingled with it, she must either have been formed by mixing; or she was spread all over the body; or she was a form interwoven with the body; or she was a form governing the body as a pilot governs the ship; or was partly mingled with, and partly separated from, the body. (In the latter case) I would call the independent part that which uses the body as a tool, while the mingled part is that which lowers itself to the classification or rank of instrument. Now philosophy raises the latter to the rank of the former; and the detached part turns her away, as far as our needs allow, from the body she uses, so that she may not always have to use the body.
MacKenna
3. We may treat of the Soul as in the body- whether it be set above it or actually within it- since the association of the two constitutes the one thing called the living organism, the Animate.
Now from this relation, from the Soul using the body as an instrument, it does not follow that the Soul must share the body’s experiences: a man does not himself feel all the experiences of the tools with which he is working.
It may be objected that the Soul must however, have Sense-Perception since its use of its instrument must acquaint it with the external conditions, and such knowledge comes by way of sense. Thus, it will be argued, the eyes are the instrument of seeing, and seeing may bring distress to the soul: hence the Soul may feel sorrow and pain and every other affection that belongs to the body; and from this again will spring desire, the Soul seeking the mending of its instrument.
But, we ask, how, possibly, can these affections pass from body to Soul? Body may communicate qualities or conditions to another body: but- body to Soul? Something happens to A; does that make it happen to B? As long as we have agent and instrument, there are two distinct entities; if the Soul uses the body it is separate from it.
But apart from the philosophical separation how does Soul stand to body?
Clearly there is a combination. And for this several modes are possible. There might be a complete coalescence: Soul might be interwoven through the body: or it might be an Ideal-Form detached or an Ideal-Form in governing contact like a pilot: or there might be part of the Soul detached and another part in contact, the disjoined part being the agent or user, the conjoined part ranking with the instrument or thing used.
In this last case it will be the double task of philosophy to direct this lower Soul towards the higher, the agent, and except in so far as the conjunction is absolutely necessary, to sever the agent from the instrument, the body, so that it need not forever have its Act upon or through this inferior.
Ver online : Plotino
[1] Plotino pasa ahora a estudiar la segunda hipótesis (caps. 3-4): el alma en el cuerpo en el sentido platónico (Alcibíades I 129 e-130 a) de «usuaria del cuerpo» y, por tanto, mezclada de uno u otro modo con él.
[2] Cita del Fedro platónico (246 c 5).
[3] Cita del Timeo (36 e 2).
[4] Esta parte separada es la que se vale, entiéndase, no del cuerpo (puesto que, propiamente, la que se vale del cuerpo es la inferior, cf. VI 7, 5. 23-25), sino de la otra, de la inferior, mientras que esta otra tiene rango de instrumento de que se vale la superior.
- Plotino - Tratado 53,1 (I, 1, 1) — Qual é o sujeito da sensação?
- Plotino - Tratado 53,2 (I, 1, 2) — A alma é nela mesma impassível e não misturada: as afecções logo não podem lhe pertencer
- Plotino - Tratado 53,4 (I, 1, 4) — Alma enquanto forma no corpo que é matéria
- Plotino - Tratado 53,5 (I, 1, 5) — O que é o vivente?
- Plotino - Tratado 53,6 (I, 1, 6) — Sensação e poderes psíquicos
- Plotino - Tratado 53,7 (I, 1, 7) — O sujeito da sensação é o composto
- Plotino - Tratado 53,8 (I, 1, 8) — Porque e como possuímos o intelecto, as formas inteligíveis e deus
- Plotino - Tratado 53,9 (I, 1, 9) — Nossa responsabilidade ética
- Plotino - Tratado 53,10 (I, 1, 10) — Isso que somos e isso que somos responsáveis (1)
- Plotino - Tratado 53,11 (I, 1, 11) — Isso que somos e isso que somos responsáveis (2)
- Plotino - Tratado 53,12 (I, 1, 12) — Isso que somos e isso que somos responsáveis (3)
- Plotino - Tratado 53,13 (I, 1, 13) — Como a alma e o intelecto nos pertencem