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Enéada I, 1
Enéada I, 1 (53)
Plano do Primeiro Tratado. O que é o animal? O que é o homem?
- Capítulo 1: Distinções psicológicas na alma
- Capítulo 2: A alma como um agregado composto
- Capítulo 3: A alma usa o corpo como instrumento
- Separação da alma do corpo
- Relação primitiva entre alma e corpo
- Capítulo 4: Consequências da mistura de alma e corpo
- Mistura de alma e corpo
- Hipóteses aristotélicas consideradas
- Capítulo 5: O organismo vivente
- Refutação da teoria das emoções
- Nem todas as afeições comum para alma e corpo
- Desejo, não simultâneo com apetite
- Capitulo 6: Alma e corpo, pela união formam uma agregado individual
- Sensação implica alma emocional
- Capítulo 7: Alma luz forma a natureza animal
- Relação do animal a natureza humana
- Sensação externa e interna
- Distinção no organismo total
- Capítulo 8: Relação individual com o intelecto cósmico
- Relação individual com deus e a alma cósmica
- A alma dá vida a elementos psicológicos
- Capítulo 9: Origem dos males, pecados e erros
- O intelecto não apreende o objeto ele mesmo
- Ato verdadeiro de concepção da intuição
- Modificações derivam de fontes estrangeiras
- Capítulo 10: Distinções em "nós" e o "homem real"
- Homem real difere de corpo
- Função da parte comum
- Capítulo 11: O princípio superior nem sempre utilizado
- O princípio animador dos animais
- Capítulo 12: A alma ao mesmo tempo impassível e castigável
- Separação filosófica se refere não apenas ao corpo, mas a acréscimos passíveis
- Como a natureza do animal é gerada
- O duplo Hércules simboliza a alma
- Capítulo 13: Relação do "nós" e da "alma"
- Inteligência não nossa, mas nós
Excerto da Tradução do Tratado 53, dentro da magnífica iniciativa de Pierre Hadot publicada pelas Editions Cerf.
- Introdução (§1): a questão do "sujeito" [hypokeimenon]. Enunciado do plano do tratado.
- O sujeito das paixões [pathos]: três hipóteses
- O sujeito da opinião [doxa], da reflexão [dianoia] e do pensamento [noûs]
- A questão reflexiva
- Primeira parte (§2-7, 6): a união da alma [psyche] e do corpo [soma] e a teoria das potências [dynamis]
- A (§2) Estudo da primeira hipótese: o sujeito das paixões é somente a alma
- A alma, se ela é distinta do ser-alma, poderá ser o sujeito das paixões
- A alma idêntica ao ser-alma; a noção de ato [praxis] derivado
- Nada mais que reflexão e opinião, mas apenas, talvez, pensar e prazeres [hedone] puros
- B (§3) Estudo da segunda hipótese: a alma usando o corpo como um instrumento
- A crítica do instrumentalismo
- O problema da interação da alma e do corpo
- As espécies de mistura [krasis]. A alma não está totalmente misturada ao corpo.
- C (§4 e §5) Estudo da terceira hipótese
- (§4) O sujeito das paixões é a mistura da alma e do corpo
- A crítica da concepção estoica [Stoa] da mistura
- A hipótese do entrelaçamento
- Última espécie da mistura: a forma na matéria [hyle]
- (§5) Aporías concernentes ao sujeito das paixões
- O animal [zoon] e a alma
- O sujeito das paixões e a crítica do estoicismo
- O sujeito das paixões e a crítica do aristotelismo
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- D (§6 e §7, 1-6) Fim do estudo da terceira hipótese e resolução das aporías
- (§6) A teoria das potências
- Potência e faculdade [dynamis]
- Uma união sem comunhão
- Objeções e precisões
- (§7, 1-6) A constituição da parelha
- O sujeito das paixões é uma terceira entidade, nascida da mistura do corpo e da potência emanada da alma.
- Segunda parte (§7, 6 até §13): a questão do "Nós" [hemeis]
- A (§7, 6-23 e §8) Situação do "Nós"
- (§7, 6-23) O "Nós"e o animal.
- Multiplicidade do "Nós
- O processo da sensação
- As operações do "Nós"
- (§8) O "Nós" e as realidades superiores
- O "Nós" e o Intelecto [noûs]
- O "Nós" e o Uno [hen]
- O "Nós" e a Alma do Mundo [psyche kosmou]
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- B (§9 a §12) O sujeito da ética [ethos]
- (§9) A impecabilidade da alma e a responsabilidade do "Nós"
- A impecabilidade da alma superior [hole psyche]
- O erro e o mal [kakia]
- A impecabilidade do Intelecto e seu contato com o "Nós"
- Atualização e reminiscência [anamnesis]
- (§10) A dualidade do "Nós"e a purificação [katharsis]
- Dualidade do "Nós"
- Os níveis de virtude [arete]
- (§11) A conversão [strophe] como tomada de consciência
- Primeiro tipo de inconsciência: a infância
- Tomada de consciência e atualização
- Segundo tipo de inconsciência: as almas faltosas
- (§12) Retorno sobre o problema da impecabilidade da alma separada.
- O problema do julgamento dos mortos [thanatos]
- A estátua de Glauco
- O problema da descida da alma [kathodos, katabasis]
- Hércules [Herakles] ou a dualidade [dyas]
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- C (§13) O sujeito da investigação filosófica
- Resposta à questão reflexiva
- Movimento da alma e dinamismo do "Nós"
Segundo Gwenaëlle Aubry (Traité 53), o Tratado 53 das Enéadas (Enéada I, 1) parece ser composto de duas partes distintas, das quais é difícil perceber, primeiro, o que as une. Esta dualidade se reflete no título dado por Porfírio ao tratado: "O que é o animal [zoon]? O que é o homem [anthropos]?". Onde o grego "zoon" pode ser traduzido por "vivente", pois não se aplica exclusivamente às espécies animais, incluindo humanos e deuses, embora excluindo plantas.
Se a segunda parte é realmente governada pela problemática do Primeiro Alcibíades (a que, no entanto, como veremos, Plotino sujeita a deslocamentos decisivos), a primeira é pela do De anima de Aristóteles . Ao fazê-lo, obedece ao processo, corrente em Plotino, de "pesquisa preliminar": a questão platônica da essência do homem (que Plotino reformula como sendo a da natureza do ego ou, mais precisamente, do "nós" , de “hemeis”), só pode ser feita quando a questão aristotélica da união da alma [psyche] e do corpo [soma] for resolvida. Antes de decidir se o homem pode, como Platão deseja, ser identificado com a alma, ao invés do corpo, ou com a mistura [krasis] de alma e corpo, ainda é necessário determinar se a alma pode permanecer no estado separado, o que implica distinguir entre os atributos que lhe são próprios e aqueles que compartilha com o corpo.
Matérias
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Plotino - Tratado 53,10 (I, 1, 10) — Isso que somos e isso que somos responsáveis (1)
20 de fevereiro de 2022, por Cardoso de Castro
traduzindo MacKenna
10. Será objetado, que se a Alma constitui o Nós (a personalidade) e Nós estamos sujeitos a estes estados então a Alma deve estar sujeita a eles, e similarmente que o que Nós fazemos deve ser feito pela Alma.
Mas foi observado que a Parelha, também - especialmente antes de nossa emancipação - é um membro deste "Nós" total, e de fato o que o corpo experimenta, dizemos "Nós" experimentamos. Isto então cobre duas noções distintas; algumas vezes inclui a parte-bruta, (…)
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Plotino - Tratado 53,6 (I, 1, 6) — Sensação e poderes psíquicos
20 de fevereiro de 2022, por Cardoso de Castro
traduzindo MacKenna
6. Pode parecer razoável estabelecer como uma lei que quando quaisquer poderes estejam contidos em um recipiente, toda ação ou estado expressivo deles deve ser a ação ou o estado deste recipiente, os poderes eles mesmos permanecendo não afetados pois meramente fornecendo eficiência.
Mas se assim fosse, então, posto que o Animado é o recipiente do Princípio-Causador (i.e., a Alma) que dá vida à Parelha, esta Causa deve ela mesma permanecer não afetada, todas as (…)
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Plotino - Tratado 53,2 (I, 1, 2) — A alma é nela mesma impassível e não misturada: as afecções logo não podem lhe pertencer
9 de janeiro de 2022, por Cardoso de Castro
minha tradução
desde MacKenna
2. A primeira investigação nos obriga a considerar de partida a natureza da alma [psyche] - ou seja se uma distinção deve ser feita entre alma e alma essencial [psyche einai] [entre uma alma individual e a alma-espécie em si mesma].
Se uma tal distinção se dá, então a alma [no homem] é alguma espécie de composto [syntheron] e ao mesmo tempo podemos concordar que é um recipiente e - se só a razão [logos] permite - que todas as afetividades [pathe] e (…)
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Plotino - Tratado 53,4 (I, 1, 4) — Alma enquanto forma no corpo que é matéria
20 de fevereiro de 2022, por Cardoso de Castro
traduzindo MacKenna
4. Consideremos, então, a hipótese de uma coalescência.
Se há uma coalescência, o inferior é enobrecido, o mais nobre degradado; o corpo é elevado na escala de ser como feito participante na vida; a Alma, como associada com a morte e a irracionalidade, é trazida ao mais inferior. Como pode uma diminuição na qualidade de vida produzir um aumento tal com a Percepção-de-Sentido?
Não: o corpo adquiriu vida, é o corpo que irá adquirir, com a vida, sensação e as (…)
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Plotino - Tratado 53,9 (I, 1, 9) — Nossa responsabilidade ética
26 de janeiro de 2022, por Cardoso de Castro
traduzindo MacKenna
9. Aquela Alma, então, em nós, se manterá em sua natureza aparte de tudo que pode causar qualquer dos males que o homem faça ou sofra; pois todos tais males, como vimos, pertencem somente ao Animado, à Parelha.
Mas há uma dificuldade em compreender como a Alma pode ir sem culpa se nossa mentação e raciocínio estão investidas nela: por toda esta espécie inferior de conhecimento é desilusão e é a causa de muito do que é mal.
Quando tivermos feito mal é porque fomos (…)
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Plotino - Tratado 53,13 (I, 1, 13) — Como a alma e o intelecto nos pertencem
20 de fevereiro de 2022, por Cardoso de Castro
traduzindo MacKenna
13. E o princípio que raciocina estas matérias? É "Nós" ou a Alma?
"Nós", mas pela Alma.
Mas como "pela Alma"? Isto quer dizer que a Alma raciocina por possessão (pelo contato com matérias da investigação)?
Não; pelo fato de ser Alma. Seu Ato subsiste sem movimento; ou qualquer movimento que possa ser descrito para ela deve ser absolutamente distinto de todo movimento corporal e ser simplesmente a própria vida da Alma.
E a Intelecção em nós é dupla: posto que a (…)
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Igal - Tratado 53 (I, 1) — Estrutura do Tratado
20 de fevereiro de 2022, por Cardoso de Castro
El presente tratado, cronológicamente el penúltimo, fue escrito por Plotino en el último año de su vida (Vida 6, 16-25). Porfirio lo colocó el primero de todos basándose, probablemente, en que la verdadera filosofía debe comenzar por el conocimiento de sí mismo. Este tratado es, en efecto, la última palabra de Plotino sobre el hombre, una brillante síntesis de la nueva antropología elaborada a lo largo de los tratados de las etapas media y tardía . Partiendo del examen crítico del sujeto de (…)
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Plotino - Tratado 53,5 (I, 1, 5) — O que é o vivente?
20 de fevereiro de 2022, por Cardoso de Castro
traduzindo MacKenna
5. Este Animado poderia ser meramente o corpo como tendo vida: poderia ser a Parelha de Alma e corpo: poderia ser uma terceira entidade formada de ambos.
A Alma por sua vez - aparte da natureza do Animado - deve ser ou impassível, meramente causando Percepção-de-Sentido em seu companheiro, ou simpatizante; e, se simpatizante, pode ter experiências idênticas com seu companheiro ou experiências meramente correspondentes: desejo por exemplo no Animado pode ser algo (…)
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Plotino - Tratado 53,1 (I, 1, 1) — Qual é o sujeito da sensação?
9 de janeiro de 2022, por Cardoso de Castro
nossa tradução
desde MacKenna
1. Prazer [hedone] e angústia [lype], medo [phobos] e coragem [tharre, andreia], desejo [epithymia] e aversão [apostrophe], onde estas afetividades e experiências se assentam? Claramente, somente na alma [psyche], ou na alma no emprego do corpo [soma], ou em alguma terceira entidade derivando de ambos. Para esta terceira entidade, consequentemente, existem dois modos possíveis: poderia ser uma combinação ou uma forma distinta devida à combinação. E o que se (…)
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Guthrie – Ennead I, 1 (53): estrutura do tratado
20 de fevereiro de 2022, por Cardoso de Castro
Capítulo 1: Distinções psicológicas na alma
Capítulo 2: A alma como um agregado composto A alma não é essência
Capítulo 3: A alma usa o corpo como instrumento Separação da alma do corpo Relação primitiva entre alma e corpo
Capítulo 4: Consequências da mistura de alma e corpo Mistura de alma e corpo Hipóteses aristotélicas consideradas
Capítulo 5: O organismo vivente Refutação da teoria das emoções Nem todas as afeições comum para alma e corpo Desejo, não simultâneo com apetite (…)
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Plotino - Tratado 53,3 (I, 1, 3) — O corpo como instrumento da alma. Alma e corpo entrelaçados.
20 de fevereiro de 2022, por Cardoso de Castro
traduzindo MacKenna
3. Podemos tratar da Alma como no corpo - seja acima ou dentro deste - posto que a associação dos dois constitui aquilo que se denomina organismo vivo, o Animado.
Agora desta relação, da Alma usando o corpo como um instrumento, não decorre que a Alma deve compartilhar as experiências do corpo: um homem não sente ele mesmo todas as experiências dos instrumentos com o qual trabalha.
Pode se objetar que a Alma deve, no entanto, ter Percepção-de-Sentido posto que seu (…)
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Aubry - Tratado 53 (I, 1): apresentação temática
20 de fevereiro de 2022, por Cardoso de Castro
O Tratado 53 foi posto por Porfírio no início das Enéadas; no entanto é o penúltimo que Plotino compôs. Pode ser surpreendente que a ordem didática vá assim ao inverso da ordem cronológica. A razão é no entanto legível desde as primeiras linhas do texto: este é com efeito tecido de reminiscências do Primeiro Alcibíades; assim como ele é regido pelo preceito "conhece-te a ti mesmo". Logos reveste a mesma função: assim como, no cursus de estudo neoplatônico, o Primeiro Alcibíades figurava de (…)
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Plotino - Tratado 53,8 (I, 1, 8) — Porque e como possuímos o intelecto, as formas inteligíveis e deus
20 de fevereiro de 2022, por Cardoso de Castro
traduzindo MacKenna
8. E para com o Princípio-Intelectual qual é nossa relação? Por isto quero dizer, não aquela faculdade na alma que é uma das emanações do Princípio-Intelectual, mas o Princípio-Intelectual ele mesmo (Mente-Divina).
Isto também possuímos como o auge de nosso ser. E temos Ele seja como comum a todos ou como nossa própria posse imediata: ou de novo podemos possuí-Lo em ambos os graus, ou seja em comum, posto que Ele é indivisível - uno, em toda parte e sempre Seu inteiro (…)
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Plotino - Tratado 53,12 (I, 1, 12) — Isso que somos e isso que somos responsáveis (3)
20 de fevereiro de 2022, por Cardoso de Castro
traduzindo MacKenna
12. Mas se a Alma é sem pecado, como podem haver expiações? Aqui certamente há uma contradição; por um lado a Alma está acima de toda culpa; por outro, ouvimos de seu pecado, sua purificação, sua expiação; está condenada ao mundo inferior, passa de corpo em corpo.
Podemos qualquer visão a vontade: elas são facilmente reconciliáveis.
Quando falamos da Alma sem pecado, fazemos Alma e Alma-Essencial uma única coisa: é a simples Unidade indivisível.
Por Alma sujeita (…)
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Plotino - Tratado 53,7 (I, 1, 7) — O sujeito da sensação é o composto
20 de fevereiro de 2022, por Cardoso de Castro
traduzindo de MacKenna
7. A verdade jaz na Consideração que a Parelha subsiste em virtude da presença da Alma.
Isto, entretanto, não quer dizer que a Alma se dá como é em si mesma para formar seja a Parelha ou o corpo.
Não; do corpo organizado e algo mais, digamos uma luz, que a Alma provê de si mesma, forma um Princípio distinto, o Animado; e neste Princípio estão investidas a Percepção-dos-Sentidos e todas as outras experiências consideradas pertencentes ao Animado.
Mas e "Nós"? (…)
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Plotino - Tratado 53,11 (I, 1, 11) — Isso que somos e isso que somos responsáveis (2)
20 de fevereiro de 2022, por Cardoso de Castro
traduzindo MacKenna
11. Na infância a principal atividade é na Parelha e há pouca irradiação dos princípios superiores de nosso ser; mas quando estes princípios superiores agem de modo fraco ou raro sobre nós sua ação é voltada para o Supremo; eles trabalham sobre nós apenas quando permanecem no ponto central.
Mas não inclui o "Nós", esta fase de nosso ser que se encontra acima do ponto central?
Não, a não ser que o apreendamos: nossa natureza por inteiro não é nossa todos os momentos (…)