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Chenique Logica Grega

sexta-feira 29 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castro

  

François Chenique   — Elementos de Lógica Clássica
A Lógica Grega
Durante toda a Antigüidade e até o final da idade Média, a ciência não era separável da filosofia e, como a lógica era o principal — se não o único — instrumento da ciência, a história da lógica se confunde em muitos pontos com a história da ciência e da filosofia.

Natureza e origens da filosofia:

  • A filosofia é uma invenção grega e seu equivalente exato não existe em nenhuma outra civilização a não ser na ragião mediterrânea. Não foi verdadeiramente assimilada às culturas orientais e, reciprocamente, o pensamento filosófico descendente da herança grega não pôde, ou ainda não pode, traduzir de modo satisfatório as aquisições dos pensamentos orientais. Poderia se dizer que as "categorias" destes "sistemas" de pensamento são irredutíveis umas às outras, sendo até mesmo as noções de "categoria" e de "sistema" aquisições especificamente gregas.
  • A filosofia grega não é um "ensaio balbuciante" como podem ser os conhecimentos científicos da mesma época. Os grandes "sistemas" que apresenta não são esboços que a filosofia moderna teria superado: Platão e Aristóteles são tão atuais e interessantes quanto Kant   e Heidegger  . Isto explica em parte a surpreendente vitalidade da lógica grega elaborada há 25 séculos e ainda útil em nossos dias. Podemos sem exagero afirmar que a filosofia grega continha em germe todo o desenvolvimento da filosofia ocidental; hoje em dia ainda, ela modela a civilização do Ocidente e por ela toda a civilização moderna.
  • Porque a filosofia nasceu na Grécia no século IV antes de Cristo? deixando de lado as razões geográficas, ironizadas por Hegel, e sobretudo o "milagre grego" do qual falou Ernest_Renan, condições sociológicas e lingüísticas explicam melhor o nascimento da filosofia grega:
    • Por um lado, as cidades gregas conheceram em boa hora uma vida política intensa onde a palavra era um instrumento privilegiado para a conquista e o exercício do poder. Nesta "civilização da palavra", as artes da linguagem: a lógica, a dialética e a retórica, deviam encontrar um terreno privilegiado de desenvolvimento.
    • Por outro lado, a língua grega se prestava mais que qualquer outra a expressão abstrata. Graças ao artigo, podia expressar facilmente conceitos: o Bom, o Justo, etc., e graças ao verbo ser, podia exprimir ao mesmo tempo existência (Sócrates   é) e essência (Sócrates é um homem), e os atributos do sujeito (Sócrates é justo). O grego antigo permanece ainda hoje, com seu decalque latino, a língua privilegiada para o estudo da filosofia.