Chenique Caminhos

François Chenique   — O Ioga Espiritual de São Francisco de Assis  

Extrato da tradução de Nair Lacerda
Os Caminhos Espirituais Fundamentais
Seja qual for a antropologia [1], São Boaventura   e os escotistas inclinam-se ao primado da vontade sobre a inteligência. Notemos que para os escolásticos a afetividade é sempre ligada à vontade, e é bem assim que a encaramos, quando a psicologia moderna, sobretudo depois de Jean-Jacques Rousseau  , admite a especificidade dos fenômenos afetivos. A atividade humana depende estreitamente da inteligência e da vontade, e os escolásticos não as separam nesse caso. Sobre esses delicados problemas, v. Initiation à la philosophie de saint Thomas d’Aquin  , de H. D. Gardeil  , tomo III, Psychologie, cap. V.
Na composição do homem, a Vedanta distingue as cinco faculdades de conhecimento (jnanendriya) e as cinco faculdades de ação (karmen-driya). V. RENÉ GUÉNON. L’HOMME ET SON DEVENIR SELON LA VÊDÂNTA, cap. VIII.]] a que se faça referência, o homem leva em si os elementos voltados para o conhecimento, outros que se ligam à atividade voluntária e afetiva, e outros, ainda, que são a origem de suas ações. Em todos os homens encontram-se inteligência, vontade e atividade em proporções infinitamente variadas, mas quase sempre com uma predominância que qualifica o homem para determinado caminho espiritual: caminho do conhecimento, caminho da devoção, ou caminho da ação.

A essa distinção tríplice correspondem os três iogas [2] fundamentais da Índia: o jnana yoga, ou caminho do conhecimento, o bhakti yoga, ou caminho da devoção (ou do amor), e o karma yoga, ou caminho da ação. Se o estudo obriga a sistematizar e insistir sobre essas diferenças, não devemos nos esquecer de que na realidade da vida espiritual múltiplas nuances se impõem, e que um ser humano raramente segue um caminho espiritual em estado puro, dada a presença de elementos estranhos nesse caminho.

Todo caminho espiritual comporta três etapas: a purificação, a iluminação (ou a perfeição) e a união. A etapa purificadora é a preparação para o caminho propriamente dito, que atinge pleno desenvolvimento somente na segunda etapa, a iluminadora. Quanto à etapa unitiva, ela é, de certa maneira, a ultrapassagem do próprio caminho, pois o fim foi atingido.

• AÇÃO — DEVOÇÃO- CONHECIMENTO

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