No fundo, é o que afirmava Kant. Para ele, as interrogações humanas fundamentais são as seguintes: “O que posso saber? (questão metafísica); “O que devo fazer?” (questão moral); “O que posso esperar?” (questão religiosa). Todas elas dependem, porém, de uma quarta: “O que é o homem?” Com efeito, “poderíamos, no fundo, reduzir as outras à questão antropológica, pois as três primeiras estão vinculadas à última”.Kant, Logique, p.25. Responder à questão do homem seria, por assim dizer, a melhor (…)
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Kant
IMMANUEL KANT (1724-1804)
A filosofia de Kant traz, pela primeira vez, para a claridade e a transparência de um fundamentação, a totalidade do pensar e do estar-aí modernos. Desde então, tal fundamentação determina toda a postura do saber, as delimitações e os cálculos das ciências, do século XIX até ao presente. Com isto, Kant ergue-se de tal modo acima de tudo o que o precedeu e do que veio depois, que também aqueles que dele se afastam, ou dele divergem, permanecem ainda dele totalmente dependentes.
Além disso, Kant tem - apesar de todas as diferenças e da amplitude da distância histórica - qualquer coisa em comum com o grandioso começo grego que, ao mesmo tempo, o distingue de todos os pensadores alemães anteriores e posteriores, a saber, a íntegra clareza do seu pensar e do seu dizer, que não exclui, de modo nenhum, nem o ser-digno-de-questão, nem o desequilíbrio e que não simula claridade onde há escuridão. [Excerto de HEIDEGGER , Martin. O que é uma coisa?. Tr. Carlos Morujão. Lisboa: Edições 70, 1992, p. 63-64]
OBRA NA INTERNET: LIBRARY GENESIS
CAYGILL, Howard. Dicionário Kant. Tr. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.
Matérias
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Francis Wolff (NH:8-9) – como defines o homem?
17 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro -
Schopenhauer (MVR1:58-61) – A vida é sonho
18 de abril de 2021, por Cardoso de CastroJair Barboza
A questão acerca da realidade do mundo exterior, tal qual a consideramos até agora, sempre se originou de um engano da razão consigo mesma, alçado à confusão geral, de modo que a questão só podia ser respondida mediante o esclarecimento de seu conteúdo. Após o exame da essência inteira do princípio de razão, da relação entre sujeito e objeto e da índole propriamente dita da intuição sensível, a questão tinha de ser suprimida, justamente porque não lhe restou mais significação, (…) -
Schopenhauer (MVR1:629) – culpa e mérito do agente
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroEm vez de tudo isso [o fenômeno em Kant], o procedimento claro e aberto teria sido partir imediatamente da vontade, e demonstrá-la como o em-si do nosso próprio fenômeno, reconhecida sem intermediação alguma; [I 600] e, após realizar a exposição do caráter empírico e do inteligível, demonstrar como todas as ações, embora tornadas necessárias por motivos, contudo, tanto por seu agente quanto pelo julgador independente, são única, necessária e absolutamente atribuídas ao agente mesmo como pura (…)
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Schopenhauer (MVR1:530-531) – coisa-em-si - vontade - moral
14 de setembro de 2021, por Cardoso de Castro[...] o mundo objetivo, como o conhecemos, não pertence à essência das coisas em si mesmas, mas é seu mero FENÔMENO, condicionado [530] exatamente por aquelas mesmas formas que se encontram a priori no intelecto humano (isto é, o cérebro), portanto nada contém senão fenômenos. Kant, decerto, não chegou ao conhecimento de que o fenômeno é o mundo como representação e a coisa-em-si é a Vontade. Todavia mostrou que o mundo fenomênico é condicionado tanto pelo sujeito quanto pelo objeto e, (…)
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Edith Stein: A Significação da fenomenologia como concepção do mundo - Introdução
23 de março de 2022, por Cardoso de CastroI - A Significação da fenomenologia como concepção do mundo
Introdução: Weltanschauung e Filosofia
O tema que abordamos comporta um pressuposto e um pôr em questão: se a fenomenologia não é simplesmente uma concepção do mundo (Weltanschauung), ela não deixa de influenciar a concepção do mundo dos fenomenólogos e talvez de outros homens. Para estudar a relação entre fenomenologia e concepção do mundo, é precisos se esclarecer a significação de cada um destes termos. No que concerne a (…) -
Schopenhauer [FM:4] – ética de Kant como petição de princípio
14 de setembro de 2021, por Cardoso de Castrotradução
O πρῶτον ψεῦδο [o erro primeiro] de Kant reside na ideia que ele se faz de ética, da qual aqui está a expressão mais clara (p. 62; R. 54): “Em uma filosofia na prática, não se trata de dar as razões disto que acontece, mas as leis disto que deveria acontecer, isso jamais aconteceu". – Eis aí uma petição de princípio bem caracterizada. Quem te diz que existem leis às quais devemos submeter nossa conduta? Quem disse que isso tem que acontecer, que não acontece jamais? - De onde (…) -
Schopenhauer [FM:23-25] – lei
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroNo entanto, queremos antes investigar o conceito de uma lei. O seu significado próprio e originário limita-se à lei civil (“lex”, “nomos”), uma instituição humana que repousa no arbítrio humano. O conceito de lei tem um significado segundo, tropologico (figurativo) e metafórico, quando aplicado à natureza, cujos modos de proceder, conhecidos em parte “a priori”, em parte dela apreendidos “a posteriori”, que se mantêm sempre constantes, nós os chamamos [23] metaforicamente de leis da (…)
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Schopenhauer (MVR2:170-171) – vontade
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroA proposição de Kant: “o EU PENSO tem de acompanhar todas as nossas representações” é insuficiente: pois o eu é uma grandeza desconhecida, vale dizer, é para si mesmo um mistério. Aquilo que confere unidade e coesão à consciência, na medida em que, perpassando todas as suas representações, é seu substrato, seu sustentáculo permanente, não pode ser condicionado pela consciência, logo, não pode ser representação alguma: antes tem de ser o prius da consciência, a raiz da árvore da qual aquela é (…)
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Schopenhauer (MVR2:313-314) – corpo = objetivação da vontade
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroAcima reconhecemos o sistema nervoso cerebral como um ÓRGÃO AUXILIAR da vontade, no qual esta, por conseguinte, objetiva-se SECUNDARIAMENTE. Aqui, o sistema cerebral, embora não intervindo diretamente no âmbito das funções vitais do organismo, mas só guiando as suas relações com o exterior, tem todavia no organismo a sua base e é alimentado por ele como pagamento dos seus serviços; logo, assim como a vida cerebral ou animal deve ser vista como produto da vida orgânica, também o cérebro e sua (…)
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Cassirer: Apresentação de Cassirer por Anatol Rosenfeld
23 de março de 2022, por Cardoso de CastroExcertos da Apresentação feita por ANATOL ROSENFELD, à tradução em português do livro de Cassirer, LINGUAGEM E MITO
Ernst Cassirer (1874-1945) é considerado, pelo menos na primeira fase do seu filosofar, como um dos representantes mais marcantes da Escola de Marburg. Nascido em Breslau (Vroclav), estudou em Berlim e Marburg direito, filologia, literatura, filosofia e matemática. Foi professor em Berlim, em Hamburgo (1919-1932) e Oxford. Transferindo-se em 1941 para os Estados Unidos, (…) -
Schopenhauer (MVR1:376-379) – decisão
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroAparte o fato de a Vontade, como a verdadeira coisa-em-si, ser algo originário e independente, e que o sentimento de sua originariedade e autonomia tem de na autoconsciência acompanhar seus atos, embora aqui já determinados, aparte isso, o engano sobre a liberdade empírica da vontade (em vez da liberdade transcendental, única atribuível a ela), logo, de uma liberdade dos atos individuais, surge da posição separada e subordinada do intelecto em relação à vontade, exposta especialmente no (…)
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Schopenhauer (SFM:46-48) – imperativo categórico sem fundamento
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroPois quase todos os kantianos se enganaram quanto ao fato de que Kant estabelece o imperativo categórico como um fato de consciência: mas então ele estaria fundado antropologicamente, pela experiência, apesar de interna, e portanto empiricamente. Ora, isto contraria frontalmente o pensamento de Kant e é repetidamente por ele recusado. A propósito, ele diz: “não se pode descobrir empiricamente, se há, em geral, algum imperativo categórico como tal” (p. 48); e, também, “a possibilidade do (…)
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Cassirer: Excertos da «Tragédia da Cultura»
23 de março de 2022, por Cardoso de CastroExcertos da « Tragédia da Cultura »
Dice Hegel que la historia universal no es precisamente el albergue de la dicha; que los períodos pacíficos y venturosos son hojas en blanco, en el libro de la historia. No creía, ni mucho menos, que esto estuviera en contradicción con aquella su fundamental convicción de que "todo, en la historia, carece de un modo racional, antes al contrario, veía precisamente en ello la confirmación y corroboración de esta tesis".
Ahora bien, ¿para qué sirve el (…) -
Schopenhauer (MVR1:138-141) – Razão Prática
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroJair Barboza
Após as considerações sobre a razão enquanto faculdade especial e exclusiva do homem, e sobre aqueles fenômenos e realizações próprios da natureza humana, falta ainda falar da razão na medida em que conduz a ação das pessoas, portanto, podendo nesse aspecto ser denominada PRÁTICA. Porém, o que aqui será mencionado encontra em grande parte o seu lugar em outro contexto, a saber, no apêndice deste livro, em que se contesta a existência da chamada razão prática de Kant, que ele (…) -
Schelling (SMEP:61-63) – Não sou eu sabendo, mas a totalidade sabendo em mim
18 de novembro de 2008, por Cardoso de CastroSchelling’s first, thoroughly subversive, move beyond the subject is the following: ‘It is not I that know, but rather only the totality (All) knows in me, if the knowledge which I call mine is a real, a true knowledge’ (ibid. p. 140). Schelling makes a clear distinction between the empirical knowledge generated in synthetic judgements and ‘knowledge’ in terms of the Absolute. He later claims: ‘The I think, I am, is, since Descartes, the basic mistake of all knowledge (Erkenntnis); thinking (…)
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Safranski (S:35-37) – corpo e vontade em Schopenhauer
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroArthur herdou o brio, a sobriedade, o orgulho e a lucidez de seu pai. Sua altivez abrupta e fria arrogância também recebeu dele. A consciência de sua própria dignidade e seu amor-próprio tão fortemente desenvolvido não puderam ser abrandados pelo carinho materno, porque Johanna tinha de fazer um grande esforço para obrigar-se a sentir amor por ele. Seu filho é a encarnação de sua própria renúncia à vida. Johanna quer viver sua própria vida. Como ela mesma não consegue viver como deseja, (…)
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Schopenhauer (MVR1:48-49) – mundo, representação do princípio de razão
25 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroQuem compreendeu distintamente, a partir do mencionado ensaio introdutório, a identidade perfeita do conteúdo do princípio de razão, em meio à diversidade de suas figuras, também ficará convencido do quão importante é precisamente o conhecimento da mais simples de suas formas – que identificamos no TEMPO – para a intelecção de sua essência mais íntima. Assim como no tempo cada momento só existe na medida em que aniquila o momento precedente, seu pai, para por sua vez ser de novo rapidamente (…)
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Thonnard: Leibniz
11 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroCARÁTER GERAL.
358. — A obra de Leibniz, complexa como o seu autor, parece ao mesmo tempo travar e impelir o espírito moderno; aparece primeiro como uma forte reação, em nome da doutrina tradicional, contra o individualismo e a crítica destrutiva de Descartes. Leibniz respeita e utiliza os antigos : o seu desejo é reencontrar o que ele chama a “Philosophia perennis“, constituída pelos elementos verdadeiros de todos os sistemas. O espírito geral parece, pois, anticartesiano, e poder-se-iam (…) -
Schopenhauer (SFM:50-53) – desconstrução da fundamentação da moral kantiana
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroA censura que se coloca, em primeiro lugar e diretamente, à fundamentação da moral dada por Kant é que esta origem da lei moral é impossível em nós porque pressupõe que o homem chegue, por si só, à ideia de procurar e de informar a respeito de uma lei para sua vontade, de ter de submeter-se a ela e conformar-se com ela. Isto, porém, não poderia ter vindo sozinho à sua cabeça, mas, quando muito, só depois que uma outra instigante motivação moral, positiva e real, anunciando-se por si mesma e (…)
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Rosenzweig (ER:71-72) – Psicologia Negativa
16 de setembro de 2021, por Cardoso de Castronossa tradução
Sobre o homem - sobre ele, também, não devemos saber nada? O conhecimento do Eu sobre si mesmo, a consciência do eu, tem a reputação de ser o mais seguro de todos os conhecimentos. E o senso comum se eriça quase mais ferozmente do que a consciência científica quando se trata de tirar o verdadeiro fundamento de seus pés, e nem é preciso dizer, literalmente, o fundamento científico. E ainda assim aconteceu, embora apenas tardiamente. Um dos fatos mais surpreendentes de Kant é (…)