Primeiro momento. Não consiste evidentemente para Derrida em opor ao texto heideggeriano um qualquer «fora» que teria negligenciado (por exemplo o pensamento judeu); mas sim relembrar, que aquilo que é deixado desta forma fora de jogo, pertence de pleno direito ao «dentro» — e que nesse sentido, não o nomear é pura e simplesmente evitá-lo. «O Evitar» que Derrida descobre a um duplo nível. Por um lado, Heidegger não reconhece, no espírito enquanto chama, uma determinação efectivamente mais (…)
Apontamentos de pensadores do Ocidente e do Oriente, desde um apreço (philo) à compreensão (sophia) do "ser" humano.
[Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro]
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Zarader (2000:225-227) – Objeções de Derrida à questão do espírito [Geist] em Heidegger
30 de outubro, por Cardoso de Castro -
Rosset (1967) – primazia da Querença [Wille] para filosofia genealógica
23 de outubro, por Cardoso de Castro[...] A primazia da Querença [Wille] sobre as representações intelectuais representa uma ruptura de inestimável importância na história das ideias. Não que essa ruptura seja inteiramente nova: filósofos e escritores clássicos já haviam analisado este ou aquele aspecto da primazia da “paixão” sobre o “juízo”; mas Schopenhauer é o primeiro a estabelecer e sistematizar essa primazia da “Querença” sobre o “Espírito”. Anteriormente, esses eram apenas “acidentes” do espírito, casos singulares em (…)
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Rosset (1967) – Querer [Wille] em Schopenhauer
23 de outubro, por Cardoso de CastroÉ claro que nunca entenderemos a natureza das forças que reinam no mundo. Mas isso não significa que não possamos descrever essas forças ou até mesmo, de certa forma, conhecê-las. É aí que entra a famosa teoria da Vontade de Schopenhauer, que o levou a caminhos novos e até então proibidos.
Até que ponto, e de que maneira, podemos penetrar nessa terra incógnita, da qual as representações causais só dão uma imagem externa? Como podemos compreender “por dentro” uma motivação que parecia (…) -
Rosset (1967) – a genealogia
23 de outubro, por Cardoso de CastroTalvez ainda não saibamos nada sobre a maneira pela qual as ideias podem agir sobre as ideias . O material fornecido pelos historiadores da filosofia nunca torna possível imaginar claramente uma genealogia das ideias filosóficas, especialmente quando se trata, como aqui, do futuro da ideia genealógica. Dizemos que Berkeley e Hume influenciaram Kant, que sem Hegel não teria havido a dialética marxista; mas não podemos dizer como as ideias de um influenciaram as ideias do outro. No mínimo, (…)
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Rosset (2014) – alegria de viver
23 de outubro, por Cardoso de CastroUma última observação antes de chegarmos à questão mais crucial: a alegria de que estamos falando aqui não é de forma alguma distinta da alegria de viver, do simples prazer de existir (mesmo que uma análise deste último revele nele um regozijo bastante complexo: um prazer extraído mais do fato de que há existência em geral do que do fato da existência pessoal). Isso é certamente uma confusão, mas uma confusão deliberada e intencional, baseada na ideia de que não há diferença entre alegria e (…)
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Rosset (2014) – sexo
23 de outubro, por Cardoso de CastroEssa passagem do particular para o geral, da simples felicidade para um tipo de bem-estar cósmico, é muito perceptível no que é a alegria por excelência das espécies vivas: a sexualidade. No caso do prazer sexual, e na alegria que é indistinguível dele, fica claro — embora essa observação se aplique a todas as formas de prazer, embora talvez em menor grau — que o prazer não se esgota no benefício obtido por seus protagonistas, ou mesmo por seu único herói, no caso do prazer solitário. Há (…)
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Rosset (2014) – alegria
23 de outubro, por Cardoso de CastroUma das marcas mais certas da alegria é, para usar um termo que tem ressonâncias infelizes em muitos aspectos, seu caráter totalitário. O regime da alegria é o de tudo ou nada: não há alegria que não seja total ou zero (e eu acrescentaria, antecipando o restante de minhas observações, que não há alegria que não seja total e, de certa forma, zero). A pessoa alegre certamente se alegra com isso ou aquilo em particular; mas se a questionarmos mais a fundo, logo descobriremos que ela também se (…)
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Didier Franck (1998:380-383) – a memória
18 de setembro, por Cardoso de CastroDo eterno retorno, e do princípio segundo o qual o orgânico é apenas um caso particular do inorgânico, Nietzsche tira a seguinte conclusão: “A matéria inorgânica, embora na maioria das vezes fosse orgânica, não aprende nada, está sempre sem passado! Se fosse de outra forma, nunca poderia haver repetição – porque, da matéria, sempre nasceria algo com novas qualidades, com novo passado.” A repetição que assegura a constância do mundo e dos corpos que nele vivem supõe, portanto, como condição (…)
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Lévinas (1993:138-141) – diferença ontológica
18 de setembro, por Cardoso de CastroAqui vamos relembrar alguns dos motivos fundamentais do pensamento heideggeriano.
1. A coisa mais extraordinária que Heidegger traz é uma nova sonoridade do verbo ser: precisamente sua sonoridade verbal. Être: não o que é, mas o verbo, o ’ato’ de ser (em alemão, a diferença é facilmente feita entre Sein e Seiendes, e esta última palavra não tem, para a língua, o som bárbaro do francês étant, que, por essa razão, os primeiros tradutores tiveram que colocar entre aspas). Essa contribuição é (…) -
Dreyfus & Taylor (2015) – conhecimento produto do cérebro?
16 de setembro, por Cardoso de CastroTomemos a "virada linguística". Para muitos filósofos atuais, se quiséssemos fornecer o conteúdo da mente, deveríamos recorrer não a pequenas imagens na mente, mas a algo como sentenças consideradas verdadeiras por um agente ou, mais coloquialmente, as crenças da pessoa. Essa mudança é importante, mas mantém a estrutura de mediação intacta. O elemento mediador não é mais algo psíquico, mas sim "linguístico". Isso permite que ele seja, de certa forma, "externo", no sentido da distinção (…)