Não paramos de invocar o virtual. Não seria isto recair no vago de uma noção mais próxima do indeterminado do que das determinações da diferença? Todavia, era isto que queríamos evitar ao falarmos, precisamente, de virtual. Opusemos o virtual ao real; agora, é preciso corrigir esta terminologia que ainda não podia ser exata. O virtual não se opõe ao real, mas somente ao atual. O virtual possui uma plena realidade enquanto virtual. Do virtual, é preciso dizer exatamente o que Proust dizia dos (…)
Apontamentos de pensadores do Ocidente e do Oriente, desde um apreço (philo) à compreensão (sophia) do "ser" humano.
[Responsáveis: João e Murilo Cardoso de Castro]
Matérias mais recentes
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Deleuze (1988) – Virtual
19 de novembro, por Cardoso de Castro -
Hegel (Lógica) – o conhecido como desconhecido
19 de novembro, por Cardoso de CastroAs formas do pensamento estão, primeiramente, expostas e depositadas na linguagem do ser humano; em nossos dias pode muitas vezes não ser suficientemente lembrado que aquilo pelo qual o ser humano se distingue do animal é o pensar. A linguagem se inseriu em tudo aquilo que se torna para ele [o ser humano] em geral um interior, uma representação, em tudo aquilo de que ele se apropria, e o que ele torna linguagem e exprime nela contém de modo mais encoberto, mais misturado ou mais elaborado (…)
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Dória (DC) – Adorno
19 de novembro, por Cardoso de CastroTheodor Wiesengrund-Adorno, sociólogo, musicólogo e pensador alemão nasceu em Frankfurt em 1903, e morreu na Suíça em agosto de 1969. Filho de pai judeu e de mãe corsa (seu nome de adoção é o materno, o que lembra as origens da família de sua mãe na antiga família nobre dos Adorni de Gênova), Theodor W. Adorno era aparentado, por via paterna, a Walter Benjamin. Adorno fez-se Privatdozent em Frankfurt em 1931; em 1933, por causa da ascensão de Hitler, e sendo meio-judeu, foge (juntamente com (…)
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Nietzsche (VP:584) – Dogmatismo
19 de novembro, por Cardoso de CastroA errância da filosofia repousa no fato de que, em vez de se ver na lógica e nas categorias da razão um meio de preparação do mundo para fins de utilidade (portanto, “no que concerne aos princípios”, para uma falsificação útil), acreditou-se ter nelas o critério da verdade, respectivamente da realidade [Realität]. O “critério da verdade” foi de fato meramente a utilidade biológica de um tal sistema de falsificação de princípio: e porque uma espécie de animal não conhece nada mais importante (…)
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Zarader (2000:225-227) – Objeções de Derrida à questão do espírito [Geist] em Heidegger
30 de outubro, por Cardoso de CastroPrimeiro momento. Não consiste evidentemente para Derrida em opor ao texto heideggeriano um qualquer «fora» que teria negligenciado (por exemplo o pensamento judeu); mas sim relembrar, que aquilo que é deixado desta forma fora de jogo, pertence de pleno direito ao «dentro» — e que nesse sentido, não o nomear é pura e simplesmente evitá-lo. «O Evitar» que Derrida descobre a um duplo nível. Por um lado, Heidegger não reconhece, no espírito enquanto chama, uma determinação efectivamente mais (…)
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Rosset (1967) – primazia da Querença [Wille] para filosofia genealógica
23 de outubro, por Cardoso de Castro[...] A primazia da Querença [Wille] sobre as representações intelectuais representa uma ruptura de inestimável importância na história das ideias. Não que essa ruptura seja inteiramente nova: filósofos e escritores clássicos já haviam analisado este ou aquele aspecto da primazia da “paixão” sobre o “juízo”; mas Schopenhauer é o primeiro a estabelecer e sistematizar essa primazia da “Querença” sobre o “Espírito”. Anteriormente, esses eram apenas “acidentes” do espírito, casos singulares em (…)
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Rosset (1967) – Querer [Wille] em Schopenhauer
23 de outubro, por Cardoso de CastroÉ claro que nunca entenderemos a natureza das forças que reinam no mundo. Mas isso não significa que não possamos descrever essas forças ou até mesmo, de certa forma, conhecê-las. É aí que entra a famosa teoria da Vontade de Schopenhauer, que o levou a caminhos novos e até então proibidos.
Até que ponto, e de que maneira, podemos penetrar nessa terra incógnita, da qual as representações causais só dão uma imagem externa? Como podemos compreender “por dentro” uma motivação que parecia (…) -
Rosset (1967) – a genealogia
23 de outubro, por Cardoso de CastroTalvez ainda não saibamos nada sobre a maneira pela qual as ideias podem agir sobre as ideias . O material fornecido pelos historiadores da filosofia nunca torna possível imaginar claramente uma genealogia das ideias filosóficas, especialmente quando se trata, como aqui, do futuro da ideia genealógica. Dizemos que Berkeley e Hume influenciaram Kant, que sem Hegel não teria havido a dialética marxista; mas não podemos dizer como as ideias de um influenciaram as ideias do outro. No mínimo, (…)
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Rosset (2014) – alegria de viver
23 de outubro, por Cardoso de CastroUma última observação antes de chegarmos à questão mais crucial: a alegria de que estamos falando aqui não é de forma alguma distinta da alegria de viver, do simples prazer de existir (mesmo que uma análise deste último revele nele um regozijo bastante complexo: um prazer extraído mais do fato de que há existência em geral do que do fato da existência pessoal). Isso é certamente uma confusão, mas uma confusão deliberada e intencional, baseada na ideia de que não há diferença entre alegria e (…)
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Rosset (2014) – sexo
23 de outubro, por Cardoso de CastroEssa passagem do particular para o geral, da simples felicidade para um tipo de bem-estar cósmico, é muito perceptível no que é a alegria por excelência das espécies vivas: a sexualidade. No caso do prazer sexual, e na alegria que é indistinguível dele, fica claro — embora essa observação se aplique a todas as formas de prazer, embora talvez em menor grau — que o prazer não se esgota no benefício obtido por seus protagonistas, ou mesmo por seu único herói, no caso do prazer solitário. Há (…)