tradição primordial

Quando se encontram por toda parte tais concordâncias, não existiria nisso alguma coisa a mais que um simples indício da existência de uma tradição primordial? E como explicar que, muito frequentemente, mesmo aqueles que se julgam obrigados a admitir em princípio essa tradição primordial, não pensam mais nisso depois, e raciocinam, de fato, exatamente como se ela não tivesse jamais existido, ou então como se nada tivesse sido conservado no correr dos séculos? Se quiséssemos refletir de fato sobre o que existe de anormal em tal atitude, talvez estivéssemos menos dispostos a nos surpreender com certas considerações que, na verdade, só parecem estranhas em virtude dos hábitos mentais próprios da nossa época. Além disso, basta procurar um pouco, com a condição de não se ter qualquer opinião preconcebida, para descobrir por todo lado os sinais dessa unidade doutrinária essencial, cuja consciência pôde, às vezes, obscurecer-se na humanidade, mas que jamais desapareceu por inteiro. À medida que se avança nessa procura, os pontos de comparação multiplicam-se como que por si mesmos, e novas provas aparecem a cada instante. Por certo, o Querite et invenietis do Evangelho não é palavra vã. [Guénon]