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ciência

terça-feira 30 de abril de 2024

  

Sabemos que a restauração da intelectualidade em meio religioso encontra a oposição de certos hábitos adquiridos e de difícil abandono; contudo, não se trata de inovar, longe disso, mas, sim, ao contrário, de retornar à tradição de que nos afastamos e reencontrar o que deixamos se perder. Não seria isso preferível a fazer as mais injustificáveis concessões ao espírito moderno, como, por exemplo, as que encontramos em tantos tratados de apologética, que se esforçam em conciliar o dogma com tudo o que há de mais hipotético e de menos fundamentado na ciência atual, sob o risco de ter de recolocar tudo em questão a cada vez que tais teorias, auto-intituladas científicas, vierem a ser substituídas por outras? Seria, no entanto, muito fácil mostrar que a religião e a ciência não podem realmente entrar em conflito, pela simples razão de que não se aplicam ao mesmo domínio. Como não ver o perigo que há em se buscar, para a doutrina das verdades imutáveis e eternas, um ponto de apoio no que há de mais cambiante e incerto? E o que não pensarmos então de certos teólogos católicos afetados pelo espírito do "cientismo" a ponto de se acreditarem obrigados a levar em conta, num grau mais ou menos extenso, os resultados da exegese moderna e da "crítica de textos", quando seria tão fácil, sob a condição de se ter uma base doutrinária bastante segura, evidenciar a inutilidade daqueles resultados? Como não se perceber que a pretensa "ciência das religiões", tal como é ensinada nos meios universitários, apenas tem sido, na realidade, uma máquina de guerra dirigida contra a religião e, de modo geral, contra tudo o que pode ainda subsistir do espírito tradicional, que se encontra sob a mira daqueles que dirigem o mundo moderno num sentido que só pode terminar em catástrofe? [Guénon]


Ver online : René Guénon