Página inicial > Sophia Perennis > assinatura coletiva

assinatura coletiva

terça-feira 30 de abril de 2024

  

A. K. Coomaraswamy estudou a significação simbólica de certos "nós" encontrados entre as gravuras de Alberto Dürer; tais "nós" são entrelaçamentos muito complicados formados pelo traçado de uma linha contínua, dispondo-se o conjunto numa figura circular. Em muitos casos, o nome de Dürer está inscrito na parte central. Esses "nós" foram comparados a uma figura similar atribuída geralmente a Leonardo da Vinci, no centro da qual se lê as seguintes palavras: Academia Léonardi Vinci. Alguns pretenderam ver nisso a "assinatura coletiva" de uma "Academia" esotérica, como existia em certo número na Itália por volta dessa época, o que não deixa de ter sua razão de ser. De fato, esses desenhos foram algumas vezes denominados "dédalos" ou "labirintos", e, tal como observa Coomaraswamy, apesar da diferença de forma que se deve em parte a razões de ordem técnica, têm efetivamente estreita relação com os labirintos e mais em particular com aqueles que eram traçados sobre o pavimento de certas igrejas da Idade Média. E, também estes, eram considerados como "assinatura coletiva" das corporações de construtores. Na medida em que simbolizam o laço que une entre si os membros de uma organização iniciática, ou pelo menos esotérica, é evidente que esses traçados apresentam uma semelhança surpreendente com a "corrente de união" maçônica. E se nos lembrarmos dos nós da "corrente de união", torna-se muito significativo o nome de "nós" (Knoten) dado a esses desenhos, aparentemente pelo próprio Dürer. Por essa razão, bem como por uma outra à qual voltaremos a seguir, é ainda importante notar que se trata de Unhas que não apresentam qualquer solução de continuidade (poderíamos lembrar aqui do pentalfa ou pentáculo — estrela de cinco pontas — que, como sinal de reconhecimento dos pitagóricos, devia ser traçado de forma contínua). Os labirintos das igrejas, de igual modo, podiam ser percorridos de uma ponta a outra sem que se encontrasse em qualquer parte alguma interrupção que obrigasse a parar ou a voltar pelo trecho já percorrido, de modo que se constituíam na realidade em um caminho muito longo que era preciso concluir inteiramente antes de se chegar ao centro. Em certos casos, como em Amiens, o "mestre-de-obras" fez-se representar na parte central, do mesmo modo que Da Vinci e Dürer inscreveram nela os seus nomes; por isso, eles se situam simbolicamente numa ’Terra Santa", isto é, num lugar reservado aos "eleitos", tal como já explicamos em outra parte, ou num centro espiritual que era, em todo caso, uma imagem ou um reflexo do verdadeiro "Centro do Mundo", assim como, na tradição extremo-oriental, o Imperador situava-se sempre no lugar central (poderíamos lembrar, a propósito desse paralelo, o título Imperator dado ao chefe de certas organizações rosa-cruzes). [Guénon]


Ver online : René Guénon