carro

A construção de um carro, do mesmo modo que a construção arquitetônica de um edifício, é em essência a realização "artesanal" de um modelo cósmico (v. ofícios). Há entre as duas construções em questão um exato paralelismo, como se nota de imediato ao constatarmos que o elemento fundamental do carro é o eixo (aksha, palavra idêntica a "axe", "eixo"), que representa aqui o "Eixo do Mundo" e equivale também ao pilar (skambha) central de um edifício, ao qual todo conjunto deve estar referido. Pouco importa de resto, como já dissemos, que o pilar esteja materialmente figurado ou não. Do mesmo modo, diz-se em certos textos que o eixo do carro cósmico é apenas um "sopro separador" (vyana) que, ocupando o espaço intermediário (antarikasha, explicado como antary-aksha), mantém o Céu e a Terra em seus respectivos lugares, e que, além disso, ao mesmo tempo em que os separa, une-os também como uma ponte (setu) e permite passar de um ao outro. As duas rodas, colocadas nas duas extremidades do eixo, representam então, de fato, o Céu e a Terra. E o eixo se estende de uma a outra, do mesmo modo que o pilar central se estende do solo ao topo da abóbada. Entre as duas rodas, e suportada pelo eixo, está a "caixa" (kosha), o corpo do carro, em que, de um outro ponto de vista, o soalho corresponde também à Terra, o envoltório lateral ao espaço intermediário, e o teto ao Céu. Como o soalho do carro cósmico é quadrado ou retangular, e o seu teto tem a forma de domo. [Guénon]