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raios solares

terça-feira 30 de abril de 2024

  

No transcorrer de seu estudo sobre o simbolismo do domo, Ananda K. Coomaraswamy assinalou um ponto em particular digno de atenção no que se refere à figuração tradicional dos raios solares e sua relação com o "Eixo do Mundo": na tradição védica, o Sol está sempre no centro do Universo, e não em seu ponto mais alto, ainda que, no entanto, de um ponto qualquer, apareça situado no "topo da árvore". Isso é fácil de compreender se considerarmos o Universo simbolizado pela roda, em cujo centro está o Sol, ficando todo estado de ser sobre a circunferência. De qualquer ponto desta, o "Eixo do Mundo" é ao mesmo tempo um raio do círculo e um raio do Sol, que passa geometricamente através do Sol e prolonga-se além do centro até completar o diâmetro. Mas não é tudo; ele é também um "raio solar" cujo prolongamento não é passível de qualquer representação geométrica. Trata-se aqui da fórmula segundo a qual o Sol é descrito como tendo sete raios, dos quais seis, opostos dois a dois, formam o trivid vajra ["tríplice vajra], ou seja, a cruz de três dimensões. Uma dessas dimensões, que corresponde ao zênite e ao nadir, coincide com o nosso "Eixo do Mundo", enquanto que as correspondentes ao norte-sul e ao leste-oeste determinam a extensão de um "mundo" (loka) figurado pelo plano horizontal. Quanto ao "sétimo raio", que passa através do Sol, mas num sentido diferente dos que acabamos de indicar, por conduzir aos mundos supra-solares (considerados como domínio da "imortalidade"), corresponde essencialmente ao centro e, por conseguinte, só pode ser representado pela própria intersecção dos braços da cruz de três dimensões. Seu prolongamento além do Sol não é portanto de modo algum representável, o que corresponde de forma precisa ao seu caráter "incomunicável" e "inexprimível". Do nosso ponto de vista e de todo ser situado sobre a "circunferência" do Universo, esse raio termina no próprio Sol e identifica-se de certo modo com ele enquanto centro, pois ninguém pode ver através do disco solar por qualquer meio físico ou psíquico que seja. A passagem "além do Sol" (que é a "última morte" e a passagem para a verdadeira "imortalidade") só é possível na ordem puramente espiritual. [Guénon]


Do mesmo modo que o raio, os raios solares são também considerados como vivificantes ou mortíferos, segundo o caso. [Guénon]

Ver online : René Guénon