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empirismo

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

O empirismo? se define por ser? uma representação da prática científica que, ao pressupor que o conhecimento? está contido nos fatos, conclui que o próprio da investigação científica consiste em limitar-se a comprová-los, a reuni-los e a sintetizá-los por um processo de abstração que os torne suscetíveis de um manejo eficaz, quer dizer, acumuláveis e comunicáveis. O "modelo" empirista concebe a prática científica como um processo, não de transformação, mas de purificação dos fatos constatados, dos quais seriam eliminadas as propriedades contingentes e espúrias. Esse "modelo" se baseia na "teoria do dado?", segundo a qual o essencial da prática científica consiste: primeiramente, em recolher; em seguida, analisar (tratamento dos dados?) uma informação qualificada de "objetiva" e preexistente à atividade? (e aos preconceitos) do investigador. [Hilton Japiassu  ]


Se por impressões naturais, que se afirma estarem na alma?, se entende a capacidade? que a alma possui de conhecer? certas verdades, nesse caso todas as verdades que um homem vem a conhecer são verdades inatas. E, assim, esta importante questão reduzir-se-ia unicamente a dizer que aqueles que falam de princípios inatos falam com muita impropriedade, mas, no fundo, acreditam na mesma coisa? que aqueles que negam que os haja: porque eu não penso que alguém jamais tenha negado que a alma fosse capaz de conhecer várias verdades. É essa capacidade, diz-se que é inata; e é o conhecimento desta ou daquela verdade? que deve denominar-se adquirido. Mas se é tudo isso que se pretende, porque se exaltam sustentando que há certas máximas inatas? [John Locke  , An Essay Concerning Human Understanding, liv. I.]
2) Todas as ideias [para Locke to que se denomina ideia? é o que é objeto? de pensamento?» (liv. II, cap. I, § 1)] provêm da sensação ou da reflexão. — Suponhamos, pois, que na origem? a alma é o que se chama uma tabula rasa, vazia de quaisquer caracteres, sem ideia alguma: como vem a receber ideias? Por que meio? adquire essa prodigiosa quantidade que a imaginação do homem, sempre ativa e sem limites, lhe apresenta com uma variedade quase infinita? Onde vai ela buscar todos esses materiais que são como que a base de todos os seus raciocínios e de todos os seus conhecimentos? A isto? respondo com uma palavra?, à experiência: é esse o fundamento? de todos os nossos conhecimentos; e é nele que reside a sua origem primeira. As observações que fazemos sobre os objetos exteriores e sensíveis, ou sobre as operações interiores da alma, que apercebemos e sobre que refletimos, fornecem ao espírito? os materiais de todos os seus pensamentos. São essas as duas fontes de que decorrem todas as ideias que temos, ou que podemos ter naturalmente.

3) Objetos da sensação, primeira fonte? das nossas ideias. — E, primeiramente, sendo os sentidos excitados por certos objetos exteriores, fazem entrar na alma várias percepções distintas das coisas?, segundo as diversas maneiras por que estes objetos agem sobre os nossos sentidos. Ê assim que adquirimos as ideias que temos do branco, do amarelo, do quente, do frio, do duro, do mole, do doce, do amargo e de tudo que denominamos qualidades sensíveis. [...]

4) A outra fonte de que o entendimento vem a receber ideias é a percepção das operações da nossa alma sobre as ideias que recebeu pelos sentidos: operações que, tornando-se o objeto das reflexões da alma, produzem no entendimento tuna outra espécie de ideias, que os objetos exteriores não poderiam ter-lhe fornecido: tais são as ideias do que chamamos aperceber, pensar?, duvidar?, crer, raciocinar, conhecer, querer e todas as diferentes ações da alma, de cuja existência estamos plenamente convencidos porque as encontramos em nós mesmos e por intermédio das quais recebemos ideias tão distintas como as que os corpos produzem em nós quando vêm excitar os nossos sentidos. [...] São esses, em minha opinião, os únicos princípios onde todas as nossas ideias têm a sua origem, a saber?, as coisas exteriores e materiais, que são os objetos da sensação, e as operações do nosso espírito, que são os objetos da reflexão. Uso aqui a palavra operação em sentido? lato, para significar não só as ações da alma respeitantes às ideias, mas ainda certas paixões que são produzidas algumas vezes por estas ideias, como o prazer? ou a dor causados por quaisquer pensamentos. [...]

20) Não vejo, pois, razão alguma para crer que a alma pense antes que os sentidos lhe tenham fornecido ideias como objeto dos seus pensamentos; e como o número destas ideias aumenta, e elas se conservam no espírito, acontece que a alma, aperfeiçoando, pelo exercício, a sua faculdade? de pensar nas suas diferentes partes, combinando de maneira diversa as suas ideias e refletindo sobre as suas próprias operações, aumenta o fundo das suas ideias; assim como também a facilidade de adquirir outras por meio da memória, da imaginação, do raciocínio e das outras maneiras de pensar. [...]

24. Qual a origem de todos os nossos conhecimentos? — [...] Assim, a mais importante capacidade do entendimento humano? consiste em ser a alma apropriada a receber as impressões que nela se formam, ou pelos objetos exteriores, graças aos sentidos, ou pelas suas próprias operações, quando reflete sobre elas. É esse o primeiro passo que o homem dá para o descobrimento das coisas, sejam elas quais forem, e é essa a base em que se alicerçam todas as noções que naturalmente jamais terá neste mundo?. Todos esses pensamentos sublimes que se elevam acima das nuvens e chegam aos próprios céus aí têm a sua origem: e em toda essa grande extensão que a alma percorre por meio das suas vastas especulações, que parecem elevar-se tão alto, não vai além das ideias que a sensação ou a reflexão lhe apresentam como objeto das suas contemplações. [John Locke, An Essay Concerning Human Understanding, liv. II, cap. I.]

LÉXICO: empirismo; empírico; empiricidade; empírio-criticismo; empiriocriticismo