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Perenialistas Trabalhadores Vinha

sexta-feira 29 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castro

  

PERENIALISTAS — TRABALHADORES DA VINHA

Roberto Pla  : Evangelho de Tomé - Logion 18

Estudada em seu sentido manifesto de prioridade temporal a parábola planteia sérias dificuldades de interpretação. Em nada se justifica que os chamados a primeira hora (sejam estes os judeus beneficiários da Aliança desde Abraão, tal como sugerem os eclesiásticos, ou sejam os cristãos dos primeiros tempos da Boa Nova por sua proximidade aos dias de Jesus), tenham que ser os últimos a receber a recompensa do reino de Deus. Tampouco se entende que os “pecadores” e os “pagãos” convertidos dos últimos séculos do mundo — os da hora undécima, ou penúltima desta longa geração — devam cobrar seu denário, sua entrada no reino, antes que os pecadores e pagãos “conversos” (contratados) de hoje, e estes antes que os de ontem, etc..., em uma ordem de prioridade inversa à antiguidade de sua passagem pelo mundo. A verdade é que tudo isto sugere um conceito de “sala de espera”tão ingênuo como inútil, e parece razoável desestimar qualquer interpretação literal e temporal da sentença. A prioridade de “primeiros, últimos” e “últimos, primeiros” que taxativamente se fixa, não permite nem ainda sugerir uma espécie de interregno de atemporalidade que ajude a mitigar a sede de justiça daqueles que esperam seu turno para cobrar o salário já ganho com seu trabalho.

Estudada desde seu sentido oculto, a sentença descobre que as denominações de “primeiros” e “últimos” se apresentam em uma dupla significação classificatória, que embora se resolva em uma aplicação temporal, parte de uma distinção qualitativa muito peculiar do evangelho pois tal distinção constitui sua essência mesma. De maneira muito concreta, esta distinção foi explicada por Paulo Apostolo em um logion muito conhecido, embora não muito estudado: “Foi feito o primeiro homem, Adão, alma vivente, o último Adão, espírito que dá Vida” (1Cor 15,45).

O que diz Jesus na sentença, e nele vemos o maior timbre de grandeza de sua mensagem, é que todo homem “primeiro” não é um condenado irremissível a ser “último” na vinha do Pai, senão que pode aceder por si mesmo à Vida e sabedoria próprias, ao poder e a glória do espírito. Para isso o essencial é “crer” com fortaleza absoluta na assombrosa verdade de que “Cristo é” no interior de cada homem, uma voz suprema que espera sua ressurreição.

Dotado dessa fé e ajudado pela obras que em tal caso florescem por si só regadas por esse alimento de fidelidade, é possível ao “homem na alma” alcançar seu ser espiritual em Cristo. Isto não se realiza sem uma longa peregrinação que para o homem “primeiro” seria impossível, se não fosse porque desde o espírito o faz possível Deus.

  • Jesus, fixando neles o olhar, respondeu: Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível. (Mt   19:26)

O evangelista Marcos explica isto muito bem na parábola da semente que cresce por si só (Semente que germina).

Assim é como o Filho do Homem chega a ser “des-coberto”. Primeiro vem como um recém-nascido interior (o fruto do varão que pedia Davi) e logo se desenvolve em diferentes “medidas” (Parábola do Semeador) até alcançar a plenitude de manifestação em Cristo. Em virtude de tal manifestação, o homem “primeiro” que ia a cobra sua diária entre os “últimos”, uma vez renascido da água e do espírito será contado entre os “últimos”, como espírito que dá Vida e terá seu denário entre os “primeiros”. Só assim será possível que os “últimos” seja “primeiros” e os “primeiros”, “últimos”.

Quanto a linguagem das sucessivas horas nas quais os trabalhadores da vinha começão seu trabalho, se encerra, sem dúvida, sob as muitas dobras da parábola. Os homens primeiros foram ajustados todos na hora “prima”, ao nascer do dia, sem fazer distinção neles, mas com respeito a todos os demais, qualificados como últimos, o relato dá conta, tal como se faz na Parábola do Semeador, de umas “medidas” de proximidade ao reino, tanto mais imediato quanto mais avançada é a hora da convocatória.

Mas o essencial na ilustração da parábola quanto ao logion é a identidade do princípio e do fim. Os “adãos de alma vivente (vide Adão Alma Espírito) são qualificados como “primeiros”, porque com efeito, são os primeiros quanto a ser conhecidos (nascidos) no mundo, mas visto desde a Vida eterna, o Filho do Homem, feito à imagem de Deus no sexto Dia da criação, antes de que o aparato do tempo se pusesse em marcha, é o Princípio que há que conhecer. Este Princípio está formado pela total assembleia dos “últimos” os quais são conhecidos (estão ressuscitados) no mundo, pelo que eles conhecem o fim e não provarão a morte.

Tem razão o autor do Apocalipse quando escreve: “Isto diz o primeiro e o último, o que esteve morto e reviveu” (Ap 2,8). Também tem razão quando aconselha aos “adãos de alma vivente” que ainda não tenham “des-coberto” (ressuscitados neles) ao Filho do Homem que neles vive: “Ditosos os que lavam suas vestimentas; assim poderão dispôr da Árvore da Vida” (Ap 22,14).

René Guénon: APERCEPCIONES SOBRE EL ESOTERISMO ISLÁMICO Y EL TAOISMO — ET-FAQRU

«Pobreza», «simplicidad», «infancia» o «niñez», no hay ahí más que una sola y misma cosa, y el despojamiento que todos estos términos expresan [1] aboca a una «extinción» que es, en realidad, la plenitud del ser, del mismo modo en que el «no-actuar» (wou-wei) es la plenitud de la actividad, puesto que es de ahí de donde son derivadas todas las actividades particulares: «El Principio es siempre no-actuante, y sin embargo todo es hecho por Él» (Tao-te-King, XXXVII). El ser que es así llegado al punto central ha realizado por ello mismo la integralidad del estado humano: Es el «hombre verdadero» (tchenn-jen) del taoísmo, y cuando, partiendo de ese punto para elevarse a los estados superiores, haya cumplido la totalización perfecta de sus posibilidades, devendrá el «hombre divino» (cheun-jen), que es el «Hombre Universal» (El-Insâmul-Kâmil) del esoterismo musulmán. Así, puede decirse que son los «ricos» bajo el punto de vista de la manifestación quienes son verdaderamente «pobres» al respecto del Principio, e inversamente; es lo que expresa también muy claramente esta palabra del Evangelio: «Los últimos serán los primeros, y los primeros los últimos» (San Mateo 20:16); y debemos constatar a este respecto, una vez más, el perfecto acuerdo de todas las doctrinas Tradicionales, que no son más que las expresiones diversas de la Verdad una.


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[1Es el «despojamiento de los metales» en el simbolismo masónico.