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Ibn Arabi: Verbo de Adão I-13

terça-feira 30 de abril de 2024

  

SABEDORIA DOS PROFETAS  . Tr. Titus Burckhardt  

Nós sabemos também que Deus Se descreveu Ele-mesmo como o "Exterior" (al-zâhir) e como o "Interior" (al-bâtin) (veja Guénon), e que Ele manifestou o mundo ao mesmo tempo como interior e como exterior, a fim que nós conheçamos o aspecto "interior" (de Deus) por nosso próprio interior, e o "exterior" por nosso exterior. Do mesmo modo, Ele se descreveu pelas qualidades da clemência e da cólera, e Ele manifestou o mundo como um lugar de medo e de esperança, para que nós temamos Sua cólera e esperemos Sua clemência. Ele Se descreveu pela beleza e a majestade e nos dotou de temor reverencial (al-haybah) e de intimidade (al-uns). Assim vai de tudo aquilo que se refere a Ele e pelo que Ele se designou. Ele simbolizou estes pares de qualidades (complementares) pelas duas mãos que Ele tende em direção à criação do Homem universal; este reúne nele todas as realidades essenciais (haqâïq) do mundo, em seu conjunto como em cada um dos indivíduos. O mundo é o aparente, e o representante (de Deus nele) é o escondido. É a exemplo disto que o sultão permanece invisível, e é neste sentido que Deus diz Dele mesmo que Ele se esconde sob véus de trevas — que são os corpos naturais — e véus de luz — que são os espíritos sutis [1]; pois o mundo é feito de substância grosseira (kâthîf) e de substância sutil (lâtif).


Ver online : René Guénon


[1Segundo a palavra do Profeta: "Deus Se esconde por setenta mil véus de luz e de trevas; se Ele os removesse, as fulgurações de Sua Face consumiriam quem quer que O olhasse."