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Franz von Baader’s Philosophy of Love

Betanzos (FBPL:108-109, 111-112) – Baader - Amor

quarta-feira 24 de agosto de 2022, por Cardoso de Castro

      

BETANZOS, Ramon J.. Franz von Baader  ’s Philosophy of Love. Wien : Passagen-Verl., 1998

      

O amor é "o caráter essencial e universal   de Deus  ". "Deus ele mesmo vive eternamente só porque ele ama eternamente". Posto que amor é a própria natureza de Deus, e todo ente   necessariamente funciona de acordo com sua natureza, enfrentamos o paradoxo de um Deus que não pode não amar  , no entanto que age de uma maneira eminentemente livre em amando — uma reconciliação dos opostos   encarnada em necessidade   e liberdade. O mistério do amor é um só com o mistério da vida ela mesma. "O amor é o princípio especificamente organizador e orgânico que mantém junto a multiplicidade ou plenitude   em unidade   e imputa unidade a essa plenitude". Esta, de fato, é a função da vida ela mesma: interpenetração harmoniosa de repouso e movimento  , de liberdade e determinação, de espírito e natureza, do um e do múltiplo. Assim, no esquema de realidade de Baader  , a suprema fórmula é: Deus = vida = amor. Os termos podem ser livremente intercambiados. Os positivistas lógicos podem bem achar este tipo de linguagem e reflexão incômoda. Mas a única maneira de evitá-la, Baader diria, é restringir a sua investigação somente a problemas científicos naturais e/ou problemas lógicos., que, de fato, é o que frequentemente se faz. Para os místicos, isso seria consignar a si mesmo   somente a uma parte da realidade, e a parte mais superficial dela. Para a orientação mística de Baader, a melhor afirmação sobre a realidade suprema permanece sendo: Deus é amor.

"Tudo é sentimento   (Alles ist Affect). Amor é Deus; ódio não existe, mas somente esforça-se para existir. Nossa existência consiste somente em sentir (im Affect); sentimento (voluntário  ) é existência. É errado que tantos teólogos   não se deem conta da identidade do fundamento para sentimento, afecção, e vontade. O que não desejamos, amamos ou odiamos — o que não temos afecção (nos toca) — isto não é nada para nós. Toda nossa existência é em afecção... Anima   est ubi amat. Sentimento é o mais elevado (mais profundo, mais interno) e mais externo que conhecimento." [p. 108-109]


O amor é divino em todas suas formas. Todo verdadeiro amor nasceu de Deus. [O amor é] um visitante estrangeiro, não em casa   neste mundo. [Duas pessoas] podem amar uma a outra somente na medida que o amor de Deus habita em cada uma delas. Sem Deus = sem amor; sem amor = sem Deus. É o pensamento   de Deus que é o a priori   de todos os a prioris e, portanto, simplesmente a categoria. Ao invés de dizer com Descartes  : Penso, logo sou, um homem   deveria dizer: Sou pensado, logo penso, ou: sou querido (amado), logo sou.
Eu conheço algo que amo (ou odeio) de maneira diferente do que algo que eu não amo (ou odeio) e que não afeta minha alma e, consequentemente, não me afeta em minha integralidade (Ganzheit). O espírito de Deus ou o espírito do conhecimento surge e cai somente no amor; assim, quem quer que extingua este amor é um verdadeiro obscurantista.
Profundidade da alma vai paralelo com profundidade da mente  . Mais superficial a afecção é, mais superficial a especulação é. Todo conhecimento surge em afecção e retorna à afecção. O amor gera conhecimento e conhecimento amor. A palavra é o hino do amor. Conhecer a verdade, e amá-la, e fazê-la, são uma e mesma coisa. Pois é somente na reunião da afecção com o conhecimento que o amor vive, como tal, em seu próprio elemento  ... Como ser, o amor já é a identidade de pensar e querer.
Conhecer a verdade, e amá-la, e fazê-la são uma e mesma coisa.
Pois somente nessa reunião de afecção com conhecimento que amor vive, como tal, em seu próprio elemento... Como ser, amor já é a identidade de pensamento e vontade.

[p. 111-112]


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