O discurso comum da bioética, fundado nos pressupostos especialmente eleitos, que não naturais, para a sua fundamentação , é de uma manifesta precaridade, pois tais pressupostos, ao que parece voluntariamente, são, salvo mitigadamente no Personalismo, de índole não ontológica, ficando, assim, necessariamente, de fora exactamente o que de fundamental está em causa: o ser do ser vivo, ou seja, precisamente, o ser vivo enquanto ser vivo, não apenas enquanto ser ou enquanto vivo, mas enquanto (…)
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Bioética
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Américo Pereira (B:3-11) – Bioética na relação com a Biologia
21 de julho de 2020, por Cardoso de Castro -
Thacker: conceito "vida"
3 de julho de 2020, por Cardoso de Castrotradução
Há, primeiro [no tocante ao conceito], a polivalência de significados para "vida". Aqui a vida significa tantas coisas que não significa nada. Se o conceito de vida abrange tudo, desde o organismo físico às condições de vida socioeconômica, a vida sujeita a decisões éticas e legais, até o próprio planeta inteiro, então há um sentido em que quase nada é excluído da vida. Essa é uma dimensão sincrônica na qual, a qualquer momento e em qualquer contexto, existe uma gama tão ampla de (…) -
Pascal Nouvel: ética enquanto domínio da escolha em vista da ação
20 de junho de 2020, por Cardoso de Castrotradução
Nesta lição, procurarei definir o conceito de ética médica, identificar os elementos determinantes, as raízes. Vou começar, muito concretamente, de um deslocamento, uma andança em um hospital. Tomarei o hospital St. Louis, em Paris, porque tive a oportunidade de frequentá-lo um pouco, mas poderia ser qualquer hospital, e vou fazer a seguinte pergunta: onde se encontra a ética dentro destas paredes? Em qual lugar e em quais circunstâncias manifesta algo que pode se parecer com (…) -
Sontag: a doença
7 de maio de 2020, por Cardoso de CastroBritto & Figueiredo
A DOENÇA É A ZONA NOTURNA DA VIDA, uma cidadania mais onerosa. Todos que nascem têm dupla cidadania, no reino dos sãos e no reino dos doentes. Apesar de todos preferirmos só usar o passaporte bom, mais cedo ou mais tarde nos vemos obrigados, pelo menos por um período, a nos identificarmos como cidadãos desse outro lugar.
Quero analisar não como é de fato emigrar para o reino dos doentes e lá viver, mas as fantasias sentimentais ou punitivas engendradas em torno (…) -
Shafer-Landau: Moldura lógica para questão da eutanásia
28 de fevereiro de 2020, por Cardoso de Castronossa tradução
Com as distinções voluntária / não-voluntária e ativa / passiva em mãos (deixando a eutanásia involuntária de lado), podemos identificar quatro tipos de eutanásia:
1. Voluntária ativa (por exemplo, injeção letal por um médico a pedido do paciente)
2. Não voluntária ativa (por exemplo, injeção letal para uma criança em estado terminal cujos pais concordam com o procedimento)
3. Voluntária passiva (por exemplo, reter antibióticos prolongadores da vida, com o (…) -
Shafer-Landau: Moldura lógica para questão do aborto
27 de fevereiro de 2020, por Cardoso de Castronossa tradução
O argumento da humanidade 1. Se o feto é um ser humano inocente, o aborto é sempre (ou talvez quase sempre) imoral. 2. O feto é um ser humano inocente. Portanto, 3. O aborto é sempre (ou talvez quase sempre) imoral.
O argumento do potencial 1. Se o feto tem potencial para ser uma pessoa, então ele tem o mesmo status moral que uma pessoa. 2. A maioria dos fetos tem o potencial de ser uma pessoa. Portanto, 3. A maioria dos fetos tem o mesmo status moral que uma pessoa. 4. O (…) -
CEM: I.12 – intervenções médicas
17 de fevereiro de 2020, por Cardoso de Castronossa tradução
A medicina moderna é incrível. Como herdeira de milhares de anos de estudo das causas e curas de doenças, pode mitigar muito sofrimento. Os pacientes depositam grande confiança em seus produtos, profissionais e instituições. São gastas fortunas em pesquisa, regulação e consumo de seus bens primários - produtos farmacêuticos. Apesar de tais sucessos e da confiança que muitos depositam neles, neste livro defendo o niilismo médico. Niilismo médico é a visão de que devemos ter (…) -
CEM: I.8-10 – poder e não-poder
16 de fevereiro de 2020, por Cardoso de CastroO que significa: “Eu posso”?
O conceito de potência tem, na filosofia ocidental, uma longa história e, pelo menos a partir de Aristóteles, ocupa nela um lugar central. Aristóteles opõe - e ao mesmo tempo liga - a potência (dynamis) ao ato (energeia), e essa oposição, que atravessa tanto sua metafísica como sua física, foi transmitida por ele como herança, primeiro à filosofia e depois à ciência medieval e moderna. Se decidi vos falar hoje e aqui do conceito de potência, é porque meu (…) -
CEM: I.6 – beneficência
16 de fevereiro de 2020, por Cardoso de Castro16. Ainda há ingênuos observadores de si mesmos que acreditam existir “certezas imediatas”; por exemplo, “eu penso”, ou, como era superstição de Schopenhauer, “eu quero”: como se aqui o conhecimento apreendesse seu objeto puro e nu, como “coisa em si”, e nem de parte do sujeito nem de parte do objeto ocorresse uma falsificação. Repetirei mil vezes, porém, que “certeza imediata”, assim como “conhecimento absoluto” e “coisa em si”, envolve uma contradictio in adjecto [contradição no adjetivo]: (…)
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CEM: I.6 – não maleficência
15 de fevereiro de 2020, por Cardoso de Castro[...] um fato básico acerca das condições de nossa existência: é mais fácil para nós prejudicar uns aos outros do que nos beneficiarmos. É mais fácil, por exemplo, matarmos uns aos outros do que salvarmos outras vidas, ferirmos uns aos outros do que nos curarmos. A condição de que prejudicar é mais fácil do que beneficiar é um fato particularmente importante porque, à medida que o poder de ação humano aumenta em consequência do desenvolvimento exponencial da tecnologia científica, o poder (…)