Petrarca

Petrarca (1304-74) A fama de Petrarca repousa em sua reintrodução de textos perdidos ou negligenciados da Antiguidade na cultura europeia, e em sua síntese de temas vernáculos existentes. Natural de Arezzo, filho de um notário que tinha sido banido de Florença, Petrarca foi para Montpellier em 1316 estudar direito; aí produziu suas Epistolae Metricae (1318), uma coleção de 66 epístolas em hexâmetros. Em 1320 mudou-se para Bolonha a fim de continuar seus estudos de direito, mas em 1326 abandonou as leis e ingressou no ambiente humanista da Avignon papal. No ano seguinte teve seu dramático encontro com Laura, uma mulher que personificou seus conceitos de beleza e de verdade, e cuja inspiração impregnou grande parte de sua obra. Em 1330, tomou ordens menores.

Foi protegido pelos Colonna em 1330-47, e atuou como diplomata, visitando a França, a Flandres, o Brabante e a Renânia. Usou essas oportunidades para colecionar velhos manuscritos, rever obras anteriores e iniciar novos empreendimentos literários. Em 1338-39, produziu um poema épico, África, baseado na Segunda Guerra Púnica e inspirado por uma visita a Roma em 1337. Em 1341 tornou-se poeta laureado e continuou suas viagens; descobriu as cartas perdidas de Cícero (Ad Aticum, Ad Quintum e Ad Brutum) em 1345, e no ano seguinte reviu o seu De Vita Solitaria, um tratado sobre as vantagens da vida solitária.

Em 1347 desfez sua ligação com os Colonna mas terminou De Otio Religiosa, onde enfatiza os benefícios da vida monástica. A peste de 1348 (em consequência da qual Laura morreu) forçou Petrarca a trocar Roma por Florença, onde conheceu Boccaccio. Embora estivesse presente em Roma para o jubileu de 1350, surgiram agudas divergências com a Cúria e Petrarca fugiu para a Milão dos Visconti, depois para Pádua e Veneza.

Em 1366, Boccaccio enviou-lhe uma muito desejada tradução latina de poemas homéricos, a qual o ajudou na produção de duas importantes obras: a primeira, Familiarum Rerum Libri XXIV, é uma meditação sobre o mundo da Antiguidade; a segunda, Rerum Vulgarium Fragmenta, é uma obra definitiva em vernáculo, composta de 366 peças em forma lírica inspirada em modelos clássicos e no ethos dos trovadores. Em 1370, Urbano V chamou Petrarca a Roma, onde reviu muitos dos seus escritos desses anos. Ao morrer, deixou obras de profunda meditação espiritual como testemunho de seu humanismo. [DIM]