(VallinEI)
Individualidade e pessoa humana
Acabamos de percorrer os diversos aspectos sob os quais se revela a individualidade “objetiva” à subjetividade conhecedora: após a perspectiva mecanicista do “fenômeno”, que triunfava na macrofísica e na ciência mecanicista, consideramos a perspectiva finalista do ser. Se a “objetivação” que caracteriza a esfera lógica triunfava na perspectiva mecanicista, isso ocorria, como vimos, em detrimento das conotações filosóficas mais evidentes da noção de indivíduo. Assim, a apreensão da individualidade, não mais como fenômeno, mas como ser, ou seja, como a atualização de uma essência transespacial, nos apareceu como uma exigência irrecusável no âmbito da própria esfera objetivante. Depois de considerar a individualidade dos seres físicos e dos seres biológicos, resta-nos explorar um último domínio, onde a subjetividade objetivante toma, em certa medida, a si mesma como objeto, determinando de que maneira a individualidade se manifesta no nível da realidade humana ou, mais precisamente, do ser humano. Essa ambiguidade, que decorre do fato de a realidade humana ser aqui não apenas um objeto entre aqueles que a subjetividade lógica desvela no mundo, mas também a própria realidade na qual ela se encarna e se manifesta como ser, nos levará a considerar a individualidade humana em um duplo plano:
1° A individualidade do homem enquanto objeto do conhecimento teórico objetivante que está em ação nas ciências humanas e na filosofia da história.
2° A individualidade humana tal como é vivida e realizada existencialmente pela subjetividade objetivante, na medida em que ela se objetiva, por assim dizer, a si mesma em suas relações com o mundo e em suas relações com os outros.
Não é inútil lembrar aqui que a encarnação abstrata da subjetividade objetivante se manifesta não apenas no plano do saber pela necessária referência ao conhecimento sensível, mas também no plano ético-existencial por essa atitude global de engajamento em relação ao mundo que definimos como “vontade de poder”.