Página inicial > Termos e noções > vivente
vivente
quinta-feira 25 de janeiro de 2024
A rejeição de toda genealogia? humana no caso do Arquifilho e por este, deve ser? pensada até o final. Ela implica com efeito? a pulverização de todas as representações que se pode fazer da ligação entre um pai e seu filho, sejam estas ingênuas, se mantendo no plano da percepção imediata, ou científicas, resultante da redução galileleana desta percepção. Porque em todos os casos trata-se de uma representação mundana, a relação pai-filho é reversível neste sentido? de que cada filho, no mundo?, pode repetir a condição que aquela de seu pai, se tornar pai ele mesmo e engendrar por sua vez um filho. Aqui há tantos pais? quantos filhos. Sua relação é reversível não superando a irreversibilidade temporal mas fazendo que cada um por sua vez ocupe um destes dois lugares. Ora esta relação não é somente reversível: ela é exterior?, cada pretendido pai engendrando um filho situado fora dele e assim separado dele, diferente dele. Esta exterioridade? não é senão um modo? da aparição no mundo, ou melhor um modo da aparição do mundo ele mesmo. Nascer decididamente quer dizer vir ao mundo, se mostrar neste mundo. E é o caso do filho como foi aquele do pai. Esta concepção do nascimento que a ciência só fará reproduzir na linguagem? cifrada que é a sua, é bem? com efeito sua descrição fenomenológica na verdade? do mundo.
É a razão pela qual esta descrição só tem uma falha maior: nada? saber? da Vida?, que não se mostra jamais no mundo; substituir por toda parte a Vida por viventes, mas isso da maneira a mais ingênua. Por um lado, o vivente? não é mais considerado nele mesmo, na interioridade? de seu viver transcendental. Não é mais que um organismo? percebido do exterior na verdade do mundo, uma gama de processos objetivos. Por outro lado, este organismo abandonado ao mundo é no entanto apreendido com a significação de ser um "vivente", significação cuja origem?, que não é outra senão a vida transcendental ela mesma, permanece misteriosa tanto tempo? quanto ela não é relacionada a esta vida. Assim se encontra ocultada por sua vez o fenômeno mesmo do nascimento, uma vez este reduzido à sucessão objetiva de processos químicos. Pois o nascimento não consiste nesta sucessão de viventes pressupondo cada um a vida nele, ela consiste na vinda de cada vivente à vida a partir da Vida ela mesma. Assim não pode ele ser compreendido senão a partir desta e de sua essência própria — a partir da auto-geração da Vida como sua auto-revelação na Ipseidade? essencial do Primeiro Vivente.
Nenhum vivente é possível exceto na Vida. Do momento? que a essência da Vida foi compreendida, esta asserção se escreve: nenhum vivente não é vivente, quer dizer não se auto-afeta exceto no processo de auto-afecção da Vida absoluta. Se a essência desta auto-afecção é compreendida, por sua vez, a proposição se torna: nenhuma auto-afecção não é possível que não gere em si a Ipseidade essencial implicada em tudo "se experienciar? a si mesmo" e pressuposta por ele. Mas a efetividade? fenomenológica desta Ipseidade, é um Si, ele mesmo fenomenologicamente efetivo? e como tal singular — seja o Arquifilho transcendental co-gerado na efetuação fenomenológica da auto-afecção da Vida absoluta como esta efetuação mesma. Que nenhum vivente não seja possível senão na vida, logo quer dizer: é no Arquifilho e nele unicamente.
Se desdobra então esta evidência decisiva: se consideramos um vivente, na ocorrência este Si transcendental que sou, não é simplesmente a partir da essência da Vida e porque porta nele esta essência que podemos o compreender. Só a análise desta essência da Vida, na medida? que implica a Ipseidade de um primeiro Si, permite apreender como e porque o lugar está aberto? nela, na Ipseidade deste Primeiro Si, para todo vivente concebível — na medida que ele não é ele mesmo possível senão como um Si. É assim que o Arquifilho precede todo Filho, não em uma anterioridade fatual que seria objeto? de uma simples? constatação. Muito ao contrário o Arquifilho precede todo Filho como a essência preexistente e preestabelecida sem a qual e fora da qual não poderia se edificar algo como um Filho, quer dizer como um Si vivente — como este eu transcendental que sou. E de fato?, se mergulhamos pelo pensamento? na vida de um destes eus transcendentais nascidos na Vida, é claro que não tem e jamais teve a capacidade? de se propulsar e de se estabelecer na Vida — de se tornar ele mesmo vivente —, além do mais nenhum destes eus teria a força, supondo que a Vida tenha corrido nele à maneira de uma maré indeterminada, de reunir esta Vida consigo e, a reunindo assim, de edificar nela esta Ipseidade a partir da qual somente é ele mesmo possível como Si, como este eu transcendental que sou.