Filosofia – Pensadores e Obras

ipseidade

(lat. ipseitas; fr. ipséité).

Termo usado por Duns Scot para indicar a singularidade da coisa individual (v. ecceidade). [Abbagnano]


O filósofo verdadeiro é sempre mais velho do que imagina. A análise exigente é plena de “velhos termos”, de velhas – digamos antigas – expressões. São elas que interessam – quem se surpreenderá com isso? – ao arqueólogo. É o caso de hecceidade. Discutindo a célebre distinção ricoeuriana entre “mesmidade” e “ipseidade” [A “mesmidade” valendo para as coisas (pergunta O quê?), cujo modo de ser em termos heideggerianos é a Vorhandenheit (“o ser-sob-a-mão” no léxico de E. Martineau), a “ipseidade” valendo para as pessoas (pergunta Quem?), cujo modo de ser seria o Existenz ou o Dasein (ver P. Ricoeur, Soi-même…, p. 358).], Descombes observa que, visto que “falamos de identidade de si do seixo, do pinheiro e da pessoa”, “devemos […], se quisermos usar o termo escolástico ipseidade, atribuir uma ipseitas a tudo o que é individuado”, e conclui:“Há uma ipseidade desse seixo, desse pinheiro, desse raio de sol.” Depois indica em nota:

No artigo “ecceidade”, o Vocabulário Filosófico de A. Lalande cita uma passagem do Dicionário de Goclenius que dá como sinônimo: haecceitas (que vale para a “diferença individuante”), ecceitas (que vale para a “essência individual”) e ipseitas. Em nota, este comentário de V. Egger: “Ipseitas é o mais feliz desses três termos. E preciso acrescentar, aliás, que dizemos usualmente nesse sentido individualidade”. [LiberaAS:44-45]