quem

1. A quem podem bem pertencer os prazeres (hedone) e as dores (lype), os medos (phobos), bem como as audácias (tharros), os desejos (epithymia), as aversões (apostrophe) e os sofrimentos (algein)? Seja à alma (psyche), seja à alma que faz uso de um corpo (soma), seja a uma terceira realidade que seria resultante de ambos (e isto pode ser entendido de duas formas, segundo que seja uma mistura, (5) ou então que seja qualquer outra coisa, que resultaria da mistura). Assim mesmo se dá de tudo que resulte destas afecções (pathos), que se trate de ações (prattein) ou de opiniões (doxa). Portanto, precisa-se examinar o pensamento (dianoia) e a opinião para ver se pertencem ao mesmo sujeito que as afecções, ou bem se assim se dá em alguns casos, mas não em outros. E precisa-se ainda considerar as intelecções (noesis), como são e a quem são, (10) assim como precisa-se considerar isto que bem possa ser o que observa, conduz o exame e forma um juízo. E de prima, a quem pertence a sensação (aisthesis)? Pois é bem por aí que se convém começar, na medida em que as afecções são tipos de sensações ou bem não têm lugar sem a sensação. (Plotino, Enéada I,1(53),1)