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exterioridade

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

50. No símbolo, portanto, são co-jogados (symbállesthai), pelo mesmo arremesso da divindade promotora da sua própria diacosmese?, um homem e um mundo?, sem que, nem a homem nem a mundo, caiba uma autoridade absoluta, pois nem o mundo faz o homem, nem o homem faz o mundo: ambos se afeiçoaram um ao outro, de tal modo? que nenhum sabe onde e como um começa, onde e como o outro acaba, o que também pode significar que o homem não é senão o lado de dentro do mundo, e o [137] mundo o lado de fora do homem. A exterioridade? recíproca deu lugar a uma intimidade inqualificável. Só na trans-objetividade? simbolizante é que se pode afirmar que o homem está no mundo, ou, se não, diante dele, quando nele não está. Demais, também, que a morte? se faça êxtase cósmica, mas com formas tão diversas quão diversos são os deuses? que autorizam ou que são autores de uma ou outra diacosmese. Mas tão pouco se pode dizer que um deus? é Deus, quão pouco se pode afirmar que o trans-objetivo? simbolizante já seja a Realidade? Absoluta, a Existência Existencializante, a Excessividade Fulgurante, o Ser? Entificante. Passando do horizonte? da objetividade para o horizonte da trans-objetividade, só ganhamos ciência e consciência do que seja a natureza? do mundo do objetivo. Precisaríamos agora saber? o que ganhamos pela passagem do horizonte da trans-objetividade para o horizonte da Realidade. Será apenas ciência e consciência do mundo ou dos mundos trans-objetivos? Se assim fosse, como se obteria ciência e consciência da Realidade Absoluta, se é que esta alguma vez possamos alcançar? Ultrapassando um terceiro horizonte? Mas que estaria além dele? Só outro Absoluto?, Absoluto do Absoluto, o último Absoluto, porque teríamos de parar, por não ver, por mais que caminhássemos, outro horizonte, por natureza sua, limite?-liminar. Passos nos tolhem os abismos sem fundo do Horizonte Extremo! Aí, na beirada do Grande Abismo?, só me acodem os versos de Álvaro de Campos. [EudoroMito:137-138]


LÉXICO: exterioridade