Página inicial > Termos e noções > genealogia

genealogia

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

Assim Urano corresponde ao primeiro princípio, o Uno?, e Cronos, o filho de uma beleza? suprema «engendrado» por Urano, ao Intelecto?, segunda hipóstase. O nome mesmo de Cronos, a princípio, significa que é «saciedade» (koros) e «intelecto» (noûs) (v. Enéada V, 1, 4), como diz Platão   no Cratilo 396b. Mutilando seu pai para fixar seu próprio limite? superior?, pois «engendrando» por sua vez filhos cada um mais belo que o outro, que correspondem às ideias, Cronos assomado desta progenitura a ponto? de comê-la para guardá-la junto a ele, a fim? de impedir de crescer junto de Rhea? e de avançar para a matéria. Eis no entanto que Zeus?, o «último nascido» dos filhos de Cronos, empreende de acorrentar seu pai, e isto? de maneira a que o intelecto subsista sempre idêntico. Zeus ele mesmo, que corresponde à alma?, escapa então para manifestar fora o esplendor de seu ancestral, de seu pai e de seus irmãos levando a eles o cortejo universal dos deuses?, dos demônios e das almas em sua contemplação eterna destes últimos (v. Enéada V, 8, 10; Enéada V-1-7; Enéada V, 5, 3). É claro que a sucessão destes eventos por vezes trágicos não corresponde, no espírito? de Plotino  , a uma verdadeira sucessão temporal. A série destas filiações divinas manifesta em um modo? narrativo estruturas? eternas, onde a «anterioridade» do Uno (Urano) sobre o Intelecto (Cronos) e deste sobre a alma (Zeus) não é de ordem? cronológica mas taxinômica, visando a ordenar a processão eterna das hipóstases. A sequência destes engendramentos, do Uno ao Intelecto depois do Intelecto à Alma, não significa que o Uno ou outros destes seres tenha sido engendrado em tal e tal momento?: é «sempre» que eles foram engendrados e que continuarão a ser? engendrados (Enéada II, 9, 3). Como diz ainda Plotino, «o nascimento (genesis?) no tempo?, enquanto produzimos o discurso? (ton legon) a respeito? dos seres que são sempre (aei?), não deve ser para nós um obstáculo: no discurso, nós lhes atribuímos um nascimento (genesis) a fim de lhes dar uma causa e um ranque» (Enéada V, 1, 6).