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Homem [MHSV]

quarta-feira 11 de setembro de 2024

  

Do ponto de vista filosófico, a definição do homem como retirando sua realidade na Afetividade da vida, e assim como vivente que não cessa de se experimentar ele mesmo no sofrimento ou no prazer, tem uma amplitude revolucionária. No plano histórico, abalou o horizonte de pensamento que era aquele dos gregos para os quais o homem é um ser racional. É justamente por sua Razão — enquanto "provida do Logos" — que o homem se diferencia do animal. A definição cristã que faz do homem um "vivente" não tem portanto nada a ver com sua interpretação biológica atual. Para esta com efeito, o que se denomina tradicionalmente "vida" se reduz a um conjunto de processos materiais homogêneos àqueles que estuda a física. É este domínio, no qual se polariza o olhar científico, que nos aparece segundo a descrição de Mateus e de Marcos (v. O MAL DE DENTRO) como o "exterior", onde não há qualquer mal porque com efeito não há nele nada de humano.

’’EU SOU A VERDADE’’ [MHSV]

Ou, se se prefere, é à ideia de homem no sentido que se entende habitualmente que é preciso renunciar. Cremos que há algo como um homem porque olhamos o mundo. É neste olhar, formado por ele, que a silhueta de um homem se recorta diante dele, sobre este horizonte de visibilidade que é a verdade do mundo. Porque o homem que se vê tem seu aparecer do aparecer do mundo, as leis deste aparecer são também as suas: o espaço, o tempo, a causalidade, as determinações múltiplas que tecem cada dia as ciências da natureza e as pretendidas ciências do homem e na rede das quais ele é aprendido. Este homem é o irmão dos autômatos suscetíveis de serem construídos segundo as mesmas leis — e que o serão. Para ser semelhante a isto que somos, o que falta a este espectro, é ser vivente — não este vivente estrangeiro à vida do qual fala a biologia mas este que porta nele o viver da Vida fenomenológica absoluta, o homem que não se vê, não mais que o Cristo, o homem teve nascimento na Vida e tem de seu nascimento transcendental todos seus caracteres patéticos, o homem transcendental do cristianismo, o Filho de Deus.