Em todo caso, o próprio ver foi posto entre parênteses pela redução e não é enquanto fundados por ele, enquanto encontram nele o que faria deles modos do pensamento, que o sentido e a imaginação podem ser assimilados na segunda definição como modos absolutamente certos e que escapam da dita redução – muito menos, aliás, poderia o próprio intellectus se não estivesse sustentado, em seu fundo, pelo poder de um modo mais originário de aparecer, irredutível a esse poder e, além disso, (…)
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Michel Henry
MICHEL HENRY (1922-2002)
Notável filósofo francês que soube como poucos aprofundar reflexões sobre a tradição cristã, a partir de uma visão fenomenológica ímpar. Suas últimas obras são um legado magistral de hermenêutica da mensagem de Cristo.
Site oficial: Michel HENRY Philosophe - Ecrivain du 20 ème Siècle (construído por sua filha, com excelentes resumos de toda sua obra e pensamento)
OBRA NA INTERNET:
BIBLIOGRAFIA CITADA:
- HENRY, Michel. Genealogia da psicanálise. O começo perdido. Tr. Rodrigo Vieira Marques. Curitiba: Editora UFPR, 2009
- HENRY, Michel. Eu Sou a Verdade. Por uma filosofia do cristianismo. Tr. Carlos Nougué. São Paulo: É Realizações, 2015 [MHESV]
- HENRY, Michel. Encarnação: uma filosofia da carne. Tr. Carlos Nougué. São Paulo: É Realizações, 2014 [MHCarne]
Matérias
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Henry (GP:77-78) – entendimento e vontade
10 de fevereiro de 2022 -
Michel Henry (E) – Corpo Místico
28 de março de 2022Nougué
Mas essas são pressuposições fenomenológicas imediatas da doutrina do corpo místico de Cristo. Esse corpo as supõe a todas, com efeito, umas a título de relações fundadoras, outras a título de relações fundadas sobre as primeiras, encontrando nelas, ao mesmo tempo, sua origem e o princípio de seu desenvolvimento enquanto desenvolvimento imanente, cuja consistência invencível vem da força dessa origem que permanece nele. Assim se pode distinguir, de modo ao menos abstrato, fases (…) -
Henry (AD): Le corps vivant (I)
10 de agosto de 2011C’est avec un grand plaisir que je retrouve les facultés universitaires Saint-Louis dont je garde un très beau souvenir. Aujourd’hui, en accord avec vos professeurs, je vais parler d’un sujet qui s’inscrit dans le thème de l’année, qui est celui du corps. Le problème que j’ai retenu, c’est plus précisément celui du corps vivant. Si on réfléchit sur ce problème, on voit qu’on peut l’aborder en suivant deux voies différentes. On peut partir du corps de la perception ordinaire, qu’il s’agisse (…)
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Henry (FFC:13) – o corpo é "histórico"
15 de setembro de 2021O homem não é essencialmente um ser histórico. Ele é sempre o mesmo. Tudo o que há de “profundo” nele - e com isso não pretendemos formular nenhuma apreciação de ordem axiológica, mas designamos o que deve ser considerado originário do ponto de vista ontológico - persiste idêntico a si mesmo e é encontrado ao longo dos séculos. É porque se apoia sobre um solo ontológico e se refere a poderes ontológicos que a moral, por sua vez, apresenta essa permanência que é a sua, e que, como diz (…)
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Henry (EM:§9) – distância fenomenológica
23 de novembro de 2023tradução parcial
Entendido no seu sentido ontológico como a condição para que algo como um "fenómeno" se nos ofereça, ou, mais precisamente, como a própria estrutura da fenomenalidade, o conceito de distância fenomenológica deve obviamente ser distinguido do de distância espacial ou "real". A distância que separa as coisas, ou que nos separa delas, é uma distância que podemos medir objetivamente, mas que já existe antes de qualquer medição, como uma distância imediatamente experimentada, (…) -
Henry (CC) – sociedade
14 de setembro de 2021Tradução
[...] O que caracteriza o marxismo do ponto de vista teórico é a substituição do indivíduo vivo por um número de entidades abstratas, através das quais ele afirma explicar a totalidade dos fenômenos econômicos, históricos e sociais e, finalmente, esses próprios indivíduos. Isso leva a uma reversão extraordinária da ordem das coisas no final das quais o princípio, o indivíduo vivo, se tornou o resultado de abstrações que tomaram seu lugar. Essas abstrações são os produtos do (…) -
Henry (CC): indivíduo vivo
14 de setembro de 2021Tradução
O indivíduo vivo difere do indivíduo definido em termos de pensamento. Em sua relação consigo mesmo - que é uma relação com sua própria vida - não há pensamento no sentido de uma representação de objetos ou de uma relação sujeito / objeto. O que caracteriza a representação de um objeto é um colocar à distância e sua pôr diante do olhar do pensamento. Esse pôr-em-frente-de é a própria representação. A palavra alemã Vor-stellen, que literalmente significa "colocar na frente", indica (…) -
Henry (CC) – a vida e o trabalho vivente
12 de setembro de 2021Tradução
Marx está tão atento ao que faz que a vida é a vida, ao fato que ela se sente e se experiencia, que tudo o que se encontra desprovido desta propriedade extraordinária lhe parece, pelo contrário, privado de sentido, até mesmo como impossibilidade. E tanto amou Marx tudo o que é vivente, quanto rejeitou em um plano inferior tudo o que, privado da capacidade de sentir, sofrer, desfrutar e amar, não é senão a morte. Veremos que toda a sua análise econômica será construída sobre essa (…) -
Henry (GP:61-63) – sentir
14 de setembro de 2021Rodrigo Vieira Marques
O que significa sentir? Na proposição “sentimus nos videre” – equivalente a videre videor –, sentir fará referência ao mesmo poder que aquele no seio do qual se desenvolve o ver? Em suma, ver é, pois, um modo de sentir da mesma maneira que ouvir ou tocar e, como tal, é o que é próprio deles. Descartes aceitaria a tese heideggeriana segundo a qual a visão e a audição são possíveis apenas sobre o fundo neles do Dasein distanciador. No próprio cartesianismo, a visão (…) -
Henry (E) – ENCARNAÇÃO
12 de setembro de 2021O grande pensador francês da fenomenologia volta-se agora, em sequência a seu notável estudo sobre o Cristo, EU SOU A VERDADE, para uma reflexão aprofundada sobre a encarnação do Verbo, da Verdade. Elucidar a "encarnação", a existência na carne, o "ser-carne", tal é a proposta deste livro. A carne não é o corpo. Pois é a carne que se experienciando, se sofrendo, se submetendo e se suportando a si mesma, desfrutando de si segundo impressões sempre renascentes, é capaz de sentir o corpo que (…)
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HENRY (B) – Vida
14 de setembro de 2021Nossa Tradução
Assim sendo, de que vida se fala aqui? Qual é esta força de existência que não cessa de se manter e de crescer? De maneira alguma a vida que forma o tema da biologia, o objeto de uma ciência, estas moléculas e estas partículas que o cientista busca alcançar através de seus microscópios, de onde elabora a natureza pelo viés dos procedimentos múltiplos, a fim de construir laboriosamente um conceito sempre mais adequado mas sempre sujeito à revisão. De sorte que esta vida que (…) -
Henry (ESV:27-29) – Tempo
13 de setembro de 2021A autoexteriorização da exterioridade do “lá fora”, a que chamamos mundo, não é uma afirmação metafísica ou especulativa de natureza que deixe o leitor incerto ou duvidoso a seu respeito. Dizer que o mundo é verdade é dizer que ele torna manifesto. Como torna ele manifesto, como se cumpre esta pura manifestação, é o que sabemos agora. Ora, acontece que esta autoexteriorização da exterioridade em que se forma o horizonte de visibilidade do mundo, seu “lá fora”, tem outro nome, que conhecemos (…)
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Henry (GP:57-59) – "Ao menos, parece-me que eu vejo"
13 de setembro de 2021O cogito encontra a sua formulação última na proposição videre videor: parece-me que eu vejo. Lembremo-nos brevemente do contexto em que se inscreve essa asserção decisiva. Tanto na Segunda Meditação como nos Princípios (I, 9), Descartes acaba de praticar a epoché radical, em sua linguagem, duvidou de tudo, desta terra na qual põe os pés e anda, de seu quarto e de tudo o que vê nele, do mundo inteiro, o qual talvez não passasse por fim de ilusão e sonho. Em todo caso, ele vê tudo isso, mesmo (…)
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Consciência enquanto essência da manifestação em Schelling [MHEM]
15 de setembro, por Cardoso de CastroA consciência designa a essência da manifestação interpretada segundo os pressupostos ontológicos fundamentais do monismo. Por isso, por se identificar com o processo de autodestruição e de separação de si do ser, a consciência apresenta-se sempre, no seu trabalho e no seu devir, como um ato de separar-se do ser, de se elevar acima dele, recuar, opor-se a ele. A emergência da consciência surge assim na sua contemporaneidade com o desdobramento de um distanciamento, com a concretização da (…)
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Henry (P1:10-13) – ontologia kantiana
26 de junho de 2023Si donc nous voulons parler de l’âme, nous devons au préalable rejeter la critique kantienne. Cette tâche peut paraître présomptueuse, mais nous n’avons pas le loisir de nous y soustraire. Elle peut paraître infinie, hors de proportion en tout cas avec les limites de notre entretien, mais peut-être sommes-nous déjà en possession du fil conducteur qui va nous guider, peut-être comprenons-nous déjà quelle forme doit revêtir la critique que, à notre tour, nous prétendons faire de la critique (…)
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Henry (GP:52-55) – "Nós somos nisso mesmo que pensamos"
13 de setembro de 2021O que começa em um sentido radical? O ser, seguramente, se é verdade que nada seria se o ser já não tivesse desdobrado, de antemão, a sua própria essência, a fim de concentrar em si mesmo, em sua essência assim previamente desdobrada, tudo o que é. Em que reside mais precisamente a iniciação do começo radical? O que já está aí antes de toda coisa no justo momento em ela aparece a não ser o próprio aparecer enquanto tal? O aparecer, só ele, constitui a iniciação do começo, não enquanto forma (…)
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Henry (ESV:340-341) – essência da práxis, o agir; essência do agir, a vida
15 de setembro de 2021Lembremos nossas análises preliminares sobre a verdade do mundo. Elas tinham mostrado como esta Verdade se desdobra entre o aparecer do mundo e o que aparece nele. O aparecer do mundo, por um lado: seu “lá fora”, este horizonte de visibilidade em que todas as coisas do mundo se mostram a nós. O que aparece nele, por outro lado: todas as coisas que, mostrando-se nele, constituem o “conteúdo” deste mundo. Ora, é este conteúdo do mundo o que constitui sua realidade. Tal conteúdo é duplo: (…)
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Henry (AD:93-96) – No mundo, a vida não existe
14 de setembro de 2021tradução
O problema é pensar o corpo vivente, esse corpo que nunca deixamos de fazer a prova silenciosa em nossa vida cotidiana e que pomos em obra em cada uma de nossas ações - não mais a partir do mundo e da experiência do mundo, nem a partir do corpo objetivo. O que se trata é partir não do mundo, mas da vida e se perguntar a si se, nesta vida, podemos entender como nela pode nascer algo como este corpo vivente do qual temos a experiência - e uma experiência mais certa do que a (…) -
Henry (ESV) – Verdade
12 de setembro de 2021A VERDADE do cristianismo deve ser entendida segundo o senso fenomenológico puro que reconhecemos a esse conceito. Não se trata, portanto, de uma verdade do seguinte tipo: “Os franceses tomaram a Bastilha em 14 de julho de 1789”. Tampouco se trata, consequentemente, desta outra verdade, formalmente semelhante à precedente: “Cristo veio ao mundo para salvar os homens”. Nesses dois exemplos a atenção se fixa sobre certo conteúdo, no caso um fato histórico, ou, como um fato desse gênero nunca (…)
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Henry (EM:§8) – fenomenologia
23 de novembro de 2023tradução parcial
A fenomenologia é a ciência dos fenómenos. Isto significa que é uma descrição, anterior a qualquer teoria e independente de qualquer pressuposto, de tudo o que se nos apresenta como existente, em qualquer ordem ou domínio. Entendida como uma descrição, a fenomenologia implica a rejeição de qualquer hipótese, de qualquer princípio com um valor unificador real ou suposto em relação a um conjunto de conhecimentos e, em última análise, de um sector da realidade que encontraria (…)