nascimento

Há, porém, uma distinção essencial a ser feita entre esse "segundo nascimento" e o "terceiro nascimento", distinção esta que corresponde em suma à iniciação aos "pequenos mistérios" e aos "grandes mistérios". Mas se o "terceiro nascimento" é também representado como realizando-se na caverna, de que modo o seu simbolismo poderá ser adaptado? O "segundo nascimento", que em essência é o que se pode denominar "regeneração psíquica", opera-se no domínio das possibilidades sutis da individualidade humana. O "terceiro nascimento", ao contrário, ao efetuar-se diretamente na ordem espiritual e não mais psíquica, é o acesso ao domínio das possibilidades supra-individuais. Portanto, um é na verdade o "nascimento no cosmo" (que corresponde, como já dissemos, na ordem macrocósmica, ao nascimento do Avatara), e, por conseguinte, é lógico que seja figurada como ocorrendo inteiramente no interior da caverna. Mas o outro é um "nascimento fora do cosmo", e a essa "saída do cosmo", segundo a expressão de Hermes, deve corresponder, para que o simbolismo seja completo, uma saída final da caverna. Esta só contém as possibilidades que estão incluídas no "cosmo", possibilidades estas que o iniciado deve justamente ultrapassar nessa nova fase do desenvolvimento de seu ser, em que o "segundo nascimento" era apenas o ponto de partida. [Guénon]