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Sorabji (PC1:86-87) – intelecto x razão

sexta-feira 21 de outubro de 2022, por Cardoso de Castro

  
Platão   distingue o raciocínio matemático dianoia, da compreensão do dialético (noesis), e Aristóteles   distingue o raciocínio (logos) de um tipo mais intuitivo de postulação de verdades (noûs), tanto de verdades universais como definições científicas de tipos naturais, quanto na ética de tais verdades particulares, assim tenho argumentado (‘Aristotle on the role of intellect in virtue’, Proceedings of the Aristotelian Society n.s. 74,1973-4,107-29, repr. in A.O. Rorty  , ed., Essays on Aristotle’s Ethics, University of California 1980, 201-19), pois ’isso é o que é exigido de nós agora’.

Platão

Agora entenda que para mim existem os seguintes quatro atributos na alma distribuídos pelas quatro divisões [da linha]: coloque a intelecção (noesis) sobre a divisão mais alta, a razão (dianoia) sobre a segunda, a convicção (pistis) sobre a terceira, e conjecturas (eikasia) sobre a última .... [República   de Platão 6, 511D6-E2]

Aristóteles

[A sabedoria prática (phronesis)], então, se opõe à compreensão (noûs), pois a compreensão é de definições, sobre as quais não há raciocínio (logos). [Aristóteles EN 6.8, 1142a25-6]


E a compreensão (noûs) é das últimas coisas em ambas as direções. Pois há compreensão, não raciocínio (logos), das primeiras definições e das últimas coisas. A compreensão em demonstrações científicas é das primeiras definições imutáveis. A compreensão em demonstrações práticas é a última coisa, a premissa contingente e menor. Pois estes são pontos de partida [para alcançar] a meta, uma vez que os universais vêm dos particulares. Então é preciso ter percepção (aisthesis) disso e essa percepção é compreensão. [Aristóteles EN 6.11, 1143a35-b5]

No neoplatonismo  , o raciocínio (logos, dianoia, latim ratiocinatio, ratio) é um processo passo a passo, em contraste com a compreensão intuitiva, convencionalmente em conexão com esse período traduzido como ’intelecto’ (noûs, latim intellectus), que às vezes é o objetivo do raciocínio.

Boécio

Portanto, como o raciocínio (ratiocinatio) está para o entendimento (intellectus), o que vem a ser para o que é, o tempo para a eternidade, o círculo para o centro, assim é o curso inconstante do destino (fati series mobilis) à simplicidade imóvel da providência (providentia). [Boécio   Consolação 4, prosa 6, seção 17]

Os neoplatônicos distinguem o intelecto como uma hipóstase ou nível de realidade acima da Alma, enquanto a razão pertence ao nível da Alma.
A razão discursiva da alma é descrita por Plotino como sucessiva e demorada. De fato, o tempo é a vida da alma.

Plotino

Entregando-se primeiro a um ato e depois outro, e depois ainda outro em sequência, [a alma] gerou por sua atividade a sequência, e o que não existia anteriormente surgiu em companhia do pensamento discursivo (dianoia) que seguiu sua atividade, porque o pensamento discursivo ainda não estava ativo e sua antiga vida não era como a nova. Assim, sua vida tornou-se diferente, e essa diferença continha um tempo diferente. Portanto, a extensão da vida contém o tempo, e o eterno progresso da vida para a frente contém eternamente o tempo, assim como a vida passada contém o tempo passado. Se alguém dissesse que o tempo é a vida da alma em movimento, pois muda de uma fase da vida para outra, teria razão? Plotino [3,7 [45] 11 (35-45)]


Ver online : Médio platonismo, Neoplatonismo, Neo-aristotelismo