Carlos Nougué
Que é, pois, inteligir? Ao longo de toda a sua história, a filosofia tratou muito detidamente dos atos de intelecção (conceber, julgar, etc.) em contraposição aos diferentes dados reais que os sentidos nos fornecem. Uma coisa, diz-se-nos, é sentir; outra é inteligir. Esse enfoque do problema da inteligência contém, no fundo, uma afirmação: inteligir é posterior a sentir, e essa posterioridade é uma oposição. Foi a tese inicial da filosofia desde Parmênides, que veio (…)
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Modernidade
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Zubiri (2011:liii-lv) – inteligência senciente
25 de abril, por Cardoso de Castro -
Zubiri (2011:li-liii) – saber e realidade
25 de abril, por Cardoso de CastroCarlos Nougué
[...] O estudo Sobre a Essência contém muitas afirmações acerca da possibilidade do saber. Mas, por sua vez, é verdade que o estudo do saber e de suas possibilidades inclui muitos conceitos a respeito da realidade. É que é impossível uma prioridade intrínseca do saber sobre a realidade e da realidade sobre o saber. O saber e a realidade são, em sua própria raiz, estrita e rigorosamente congêneres. Não há prioridade de um sobre o outro. E isso não somente devido a condições de (…) -
Blondel (1961): a ação
19 de abril, por Cardoso de CastroQu’est-ce que j’appelle Action et qu’est-ce que je veux montrer en l’étudiant?
C’est une étude métaphysique et morale.
Dans le corps, Faction retentit partout : connexion et diffusion des réflexes, conscience virtuelle, surtout dans l’acte qui communique la vie et résume en une cellule l’être entier.
Il y a donc une conscience obscure et permanente de toutes les parties, condition de la personnalité. Sans cet impersonnel vaguement aperçu, nous serions vides. C’est en sortant de (…) -
Fenomenologia (definições)
19 de abril, por Cardoso de CastroMichel Henry
A fenomenologia inventada por Husserl no início do século XX suscitou um dos mais importantes movimentos de pensamento desse tempo e talvez de todos os tempos. As breves observações desta introdução nos permitem ao menos saber em que condição uma filosofia poderia servir de via de acesso à inteligência dessas realidades que são a carne, por um lado, e a vinda nessa carne, a encarnação — e notadamente a Encarnação no sentido cristão –, por outro: com a condição de não ser um (…) -
Kolakowski (1981) – amor
27 de março, por Cardoso de Castro4) “... major autem harum est caritas”. Ao contrário das duas virtudes de que falamos, a caridade não dá lugar a equívoco; com efeito, a palavra caridade não conhece [45] nenhum uso que aponte a um estado de convicção. Não obstante, ela apresenta certa analogia com a divisão na distinção entre o amor (ou caridade), que é um esforço pela posse concreta, e aquele que dá nascimento à intuição de uma unidade livre que se consuma na entrega. Falamos desta última. Como nas outras duas virtudes, o (…)
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Inwood (DH) – fenomenologia heideggeriana
13 de dezembro de 2023, por Cardoso de CastroHeidegger comparou Husserl a Descartes (GA17, 254ss). Ambos admitem a suprema importância de um certo conhecimento da verdade, da verdade teórica encontrada primariamente na matemática e nas ciências naturais, que eles desejam fundamentar. Ambos buscam a certeza dentro de si mesmos, na consciência. Ao contrário de Descartes, Husserl não quer excluir nenhuma ciência nem o "mundo-da-vida" cotidiano de seu espaço de jogo. Ele reconhece a intencionalidade e desenvolve a fenomenologia, (…)
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Inwood (DH): fenomenologia husserliana
13 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castro"Fenomenologia" vem do grego phainomena e logos, "palavra, dito, razão etc.". O passivo dephainein, "fazer aparecer, mostrar", é phainestai, " aparecer, vir à luz", no sentido tanto de " ser manifesto, evidente" quanto de "parecer". (Ta) phainomena, o neutro plural do seu particípio presente, significa, portanto, "(as) coisas que aparecem", "aquilo que é manifestamente/aparentemente o caso". Para Husserl, "fenomenologia" era o estudo daquilo que aparece para nós, para nossa consciência. Ele (…)
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Marx: não há livre e espontânea vontade
26 de novembro de 2023, por Cardoso de CastroNélio Schneider
Em alguma passagem de suas obras, Hegel comenta que todos os grandes fatos e todos os grandes personagens da história mundial são encenados, por assim dizer, duas vezes. Ele se esqueceu de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa. Caussidière como Danton, Luís Blanc como Robespierre, a Montanha de 1848-51 como a Montanha de 1793-952, o sobrinho como o tio. E essa mesma caricatura se repete nas circunstâncias que envolvem a reedição do 18 de brumário3! (…) -
Richir (Corpo:12-13) – afectos ou afecções
18 de novembro de 2023, por Cardoso de Castrotradução
Os afectos (prazeres, desprazeres, desconfortos, dores) são tradicionalmente atribuídos ao nosso corpo, como se através deles ele se manifestasse abertamente como endógeno — e quando os afectos são penosos, recorremos muito naturalmente à medicina, que trata o nosso corpo como um objeto físico. Se o recurso à medicina é inteiramente legítimo e sensato — seria suicida não esperar os seus benefícios —, se, através dos afectos, o nosso corpo parece levar a sua vida "à parte", de (…) -
Buzzi (Itinerário) – Encontro e Consciência
20 de outubro de 2023, por Cardoso de CastroO ENCONTRO é a experiência dos caminhos da existência. Buscamos estar nesses caminhos no poder de um saber o que fazer, como e por que fazer. Estamos neles com algum conhecimento de nós e dos outros, com alguma ciência e sentido das coisas e dos acontecimentos.
Esse conhecimento de ciência e sentido é a nossa consciência. É o eu ou o nós. Já é o encontro com a gratuidade de todos os caminhos, o nada da consciência.
Quando em tudo que vemos e tocamos, sabemos e ousamos, ouvirmos, na fala (…)