«Mundus est fabula»·, podemos ler este aforismo no retrato de Descartes pintado por Jean-Baptiste Weenix. O mundo é uma fábula. Esta epígrafe parece-nos fornecer uma boa introdução ao mundo de Descartes. O mundo de Descartes: fórmula voluntariamente vaga e equívoca, designando aqui ao mesmo tempo os quadros culturais, sociais e políticos em que a obra cartesiana pôde ser produzida, e a ideia de mundo que se desprende da obra, a partir da elaboração de uma física nova. Desejamos tratar da (…)
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Modernidade
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Cavaillé: fábula do mundo
24 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro -
Francis Wolff (NH:41-44) – ciências da natureza
23 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroA situação do homem na natureza e no mundo permite-lhe ser o mais conhecido dos seres da natureza, mas também poder conhecê-la. É o ser [42] natural mais bem conhecido, mas também o único que conhece naturalmente. Não que Aristóteles se interesse pelo problema “transcendental” do sujeito do conhecimento, ou seja, pela pergunta “Já que é possível a Física, que se deve supor acerca da essência de seu sujeito, separado de seu objeto?”. Não, pois o olhar lançado ao homem é sempre objetivo, (…)
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Comte (CFP2) – a lei dos três estados
22 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroII - Para explicar convenientemente a verdadeira natureza e o caráter próprio da filosofia positiva, é indispensável ter, de início, uma visão geral sobre a marcha progressiva do espírito humano, considerado em seu conjunto, pois uma concepção qualquer só pode ser bem conhecida por sua história.
Estudando, assim, o desenvolvimento total da inteligência humana em suas diversas esferas de atividade, desde seu primeiro voo mais simples até nossos dias, creio ter descoberto uma grande lei (…) -
Russell (PF) – Crítica do Apriorismo
22 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroA. Sérgio
Abstraindo das especiais doutrinas que foram por Kant sustentadas, é muito comum entre os filósofos o considerar o que é a priori como sendo mental em certo sentido, como algo que mais diz respeito à maneira como devemos pensar que a qualquer dos fatos do mundo externo. [...] É natural a maneira de ver que levou as pessoas a adotar tal nome [«leis do pensamento»]; mas há fortes razões, a despeito disso, para que nós pensemos que ele é errôneo. Para exemplo, tomemos o princípio de (…) -
Wolff (DM:5-6) – Linguagem e Mundo
17 de outubro de 2021, por Cardoso de Castroportuguês
É banal e é verdade dizer que a linguagem não é um objeto filosófico como os outros. A linguagem não pode ser apenas um objeto de análise, porque é sempre ao mesmo tempo seu meio. É possível filosofar sobre a percepção com os olhos fechados, mas impossível saber o que é a linguagem sem nada dizer. Nada é pensado distintamente e, logo nem a linguagem, sem a linguagem, que é sempre capturada em suas próprias redes. Pode até ser quimérico querer saber o que é em si, já que só a (…) -
Francis Wolff (NH:8-9) – como defines o homem?
17 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroNo fundo, é o que afirmava Kant. Para ele, as interrogações humanas fundamentais são as seguintes: “O que posso saber? (questão metafísica); “O que devo fazer?” (questão moral); “O que posso esperar?” (questão religiosa). Todas elas dependem, porém, de uma quarta: “O que é o homem?” Com efeito, “poderíamos, no fundo, reduzir as outras à questão antropológica, pois as três primeiras estão vinculadas à última”.Kant, Logique, p.25. Responder à questão do homem seria, por assim dizer, a melhor (…)
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Lovejoy (GCS:34-35) – filosofia outra-mundana
17 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroTal é o credo comum na filosofia outra-mundana; ele é suficientemente familiar, mas devemos tê-lo explicitamente perante nós como plano de fundo contrastante para o que se segue. Este é um tipo persistente e que foi, de uma forma ou de outra, a filosofia oficial dominante de grande parte da humanidade civilizada ao longo da maior parte de sua história, não preciso aqui recordar. A maior parte das mentes especulativas mais sutis e dos grandes mestres religiosos se engajou, à sua própria (…)
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Lovejoy (GCS:35-38) – outra-mundanidade metafísica
17 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroAldo Fernando Barbieri
Mas os efeitos sociais e políticos da outra-mundanidade, embora sejam um tema rico e interessante, não nos dizem respeito aqui, a não ser como um lembrete de que a outra-mundanidade, na prática, sempre foi obrigada a estabelecer boas relações com este mundo e frequentemente serviu como instrumento a fins estranhos a seus princípios. É de sua própria natureza como um modo de pensamento e sentimento humano e, sobretudo, pelos motivos filosóficos que lhe fornecem seus (…) -
Lovejoy (GCS:32-34) – outra-mundanidade e esta-mundanidade
17 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroAldo Fernando Barbieri
O mais fundamental do grupo de ideias cuja história vamos rever aparece primeiro em Platão; e praticamente tudo o que se segue pode, portanto, servir como uma ilustração de uma célebre observação do Prof. Whitehead, segundo a qual “a mais segura caracterização geral da tradição filosófica europeia é que ela consiste em uma série de notas de rodapé a Platão”. Mas há duas grandes correntes conflitantes em Platão e na tradição platônica. Com relação à fissura mais (…) -
Meillassoux (AF:3-5) – a negação do realismo
15 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroTradução parcial
A tese que defendemos é, portanto, dupla: por um lado, reconhecemos que o sensível só existe como relação do sujeito com o mundo; mas, por outro lado, mantemos que as propriedades matematizáveis do objeto estão isentas da restrição de tal relação e que estão efetivamente no objeto da maneira como as concebo, se estou em relação a esse objeto ou não. Mas antes de prosseguirmos para justificar esta tese, é necessário entender em que sentido isso pode parecer absurdo para um (…)