Se não estou enganado, o tema cartesiano não é o ponto de partida, mas sim um ponto de passagem para a fenomenologia. O princípio fundamental com base no qual a fenomenologia chega ao cartesianismo é o conhecido princípio do mostrar-se, o princípio que nos compromete a acolher o aparecimento como tal, na medida em que é dado, mas sem ultrapassar os limites do presente dado. "Acolher as coisas como elas se dão", sem introduzir nada estranho, não é uma atitude fácil de se alcançar. Os (…)
Página inicial > Patocka, Jan
Patocka, Jan
-
Patocka (1995:14-16) – efetuação da experiência
14 de setembro, por Cardoso de Castro -
Patocka (1983:177-178) – problema da manifestação
13 de setembro, por Cardoso de CastroOra, nossa tese inicial era a seguinte: o problema da manifestação é mais profundo, mais fundamental, mais original que o problema do ser. Simplesmente porque só posso chegar ao problema do ser por meio do problema da manifestação, ao passo que se parto do problema do ser no sentido abstrato do termo, o conceito de ser se torna para mim um conceito abstrato, algo como um signo puramente formal; nem mesmo uma categoria, mas algo que está acima das categorias no sentido de que é inteiramente (…)
-
Patocka (1995:145-148) – para qual modo de ser passa o morto?
9 de janeirodestaque
Qualquer ser para outro que não seja um mero quase-ser teve a sua originalidade para si mesmo, coisa que nada, nenhuma cessação dessa originalidade, lhe pode tirar. Qualquer ser para um outro permanece sempre um ser com a sua própria originalidade interna, exceto que, no caso dos mortos, essa originalidade chegou ao fim e já não é sincrônica conosco. Não se trata, portanto, de uma passagem ao puro ser para os outros, no sentido de um quase-ser (de uma personagem de um romance, de (…) -
Patocka (1995:145-148) – ser em mim, para mim e para outro
9 de janeirodestaque
O meu ser em mim mesmo tem a sua originalidade insubstituível no fluxo do tempo interno que nenhum outro pode penetrar, porque este jorro de tempo interno é uma efetivação totalmente privada que constitui o meu próprio ser; o apagamento do seu limite implicaria a eliminação da diferença entre o eu e o tu.
O meu ser para mim mesmo já é uma alienação dessa originalidade e uma objetivação; no meu ser para mim já estou à distância de mim mesmo, já não estou vivo, mas vivido e, como (…) -
Patocka (1992:183-185) – fenomenologia da corporeidade
18 de dezembro de 2023destaque
A fenomenologia da corporeidade é, portanto, de importância capital. A elaboração de Husserl sobre esta questão está ainda a dar os primeiros passos, mas as poucas pistas que fornece lançam as bases de todo o seu trabalho posterior. Para Husserl, o corpo é o que finita o sujeito transcendental, a consciência purificada obtida como resultado da redução. "É apenas através da relação empírica com o corpo que a consciência se torna uma consciência humana e animal da ordem real; é (…) -
Patocka (1992:15-17) – physis
18 de dezembro de 2023destaque
A φύσις, segundo o entendimento grego, o mundo, não é originalmente um conjunto de coisas, mas um devir, um grande drama do qual também nós fazemos parte, não como espectadores, mas no sentido em que nós próprios, tal como as coisas, somos utilizados e consumidos neste processo. O emergir da noite do não-ser, a união que cria entre o nascimento e a morte um espaço encoberto onde os entes ligados pela dependência recíproca dão lugar uns aos outros e voltam a suprimir-se, este drama (…) -
Patocka (1971/2021) – eu corporal e corpo-vivente [Leib]
18 de dezembro de 2023É bem sabido que a certeza do eu foi, para Descartes, certeza do ser e da essência. A dúvida hiperbólica conhece um limite intransponível na certeza do eu enquanto certeza da própria existência. Mesmo para a dúvida mais extrema, a existência do eu é um pressuposto. Esta existência não pode ser uma simples aparição, talvez enganosa, de um outro ser, mas aqui a aparição envolve a própria existência, é essencialmente existência-em-aparição, coisa que, para outros existentes, como, por exemplo, (…)
-
Patocka (1995:16-17) – corpo próprio e subjetividade
5 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
[...] a relação entre o corpo próprio (Leib) e o subjetivo não é uma relação de concomitância ou de coordenação. Não é a correspondência de dois processos objetivos paralelos. O subjetivo é uma formação ativa e portadora de sentido, não causalmente produzida numa objetividade que teríamos de aceitar, mas motivada. Trata-se de um fluxo de atividade de sentido cujo ímpeto é fornecido por algo objetivo, capaz de ter sentido para ele; um fluxo que se move em vários níveis que se (…) -
Patocka (1999:24-27) – a "abertura"
5 de dezembro de 2023destaque
A abertura designa a possibilidade fundamental do homem: a possibilidade de que o ente (o ente que é do mesmo modo que ele — o ente aberto —, assim como o ente que carece desse traço) se mostre a ele por si mesmo, isto é, sem a mediação de outro ente. (Isto não quer dizer que não haja mostração mediada, mas todo o reenvio, toda a re-mostração pressupõe uma mostração primária à qual e dentro da qual remete: a linguagem, por exemplo, mostra ao outro o que se mostra a nós próprios). (…) -
Patocka (1983:27-29) – tese individual e tese da totalidade universal
23 de novembro de 2023, por Cardoso de CastroO fato de se estender no espaço é uma característica do ente como tal, assim como é um traço específico do espaço para formar algo como um todo. Mais uma vez, o fenômeno como tal nos escapa. Os traços gerais do que se mostra, a estrutura espacial e temporal, são características do ente, do que se mostra, e não do mostrar-se como tal. Porém, há algo aqui que merece nossa atenção. Quando coisas singulares se manifestam, também há em mim conhecimento do contexto geral. Isso é algo que diz (…)