Lima de Souza
13. — Mas voltemos atrás: o problema da outra origem do “bom”, do bom como concebido pelo homem do ressentimento, exige sua conclusão. — Que as ovelhas tenham rancor às grandes aves de rapina não surpreende: mas não é motivo para censurar às aves de rapina o fato de pegarem as ovelhinhas. E se as ovelhas dizem entre si: “essas aves de rapina são más; e quem for o menos possível ave de rapina, e sim o seu oposto, ovelha — este não deveria ser bom?”, não há o que objetar a esse (…)
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Friedrich Nietzsche
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Nietzsche (GM:13) – o agente
9 de janeiro de 2022, por Cardoso de Castro -
Nietzsche (GC:§373) – O preconceito “científico”
14 de novembro de 2021, por Cardoso de Castroportuguês
373 — O preconceito “científico” — As leis da hierarquia proíbem aos sábios que pertencem à classe intelectual média distinguir os grandes problemas, os verdadeiros pontos de interrogação; nem a sua coragem nem a sua vista podem, de resto, ir assim muito longe; é preciso dizer sobretudo isto: que a necessidade que os leva às pesquisas, a ambição, o desejo íntimo que podem ter de encontrar as coisas feitas desta e daquela maneira, o receio, a esperança que experimentam, depressa (…) -
Nietzsche (A:§432) – o conhecimento está ao fim de caminhos múltiplos
7 de novembro de 2021, por Cardoso de CastroPaulo César de Souza
432. Investigadores e experimentadores. — Não existe um método da ciência que seja o único a levar ao saber! Temos que lidar experimentalmente com as coisas, sendo ora maus, ora bons para com elas e agindo sucessivamente com justiça, paixão e frieza em relação a elas. Esse homem dirige-se às coisas como policial, aquele como confessor, um terceiro como andarilho e curioso. Ora com simpatia, ora com violência se arrancará algo delas; a reverência ante os seus segredos (…) -
Nietzsche (ABM:§§204-206) – o cientista é um plebeu do espírito
6 de novembro de 2021, por Cardoso de Castroportuguês
204. Correndo o risco de que também aqui o moralizar se revele o que sempre foi — um impávido montrer ses plaies [mostrar suas chagas], como diz Balzac —, ousarei me opor a uma imprópria e funesta inversão hierárquica que, de modo totalmente despercebido e como que de consciência tranquila, ameaça hoje estabelecer-se entre a ciência e a filosofia. Acho que apenas a partir da experiência — que sempre significa má experiência, quer me parecer — adquirimos o direito de opinar sobre (…) -
Nietzsche (VP:477) – o pensar
13 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroMantenho a fenomenalidade também do mundo interior: tudo o que se nos torna conscientes é, completamente, primeiro preparado, simplificado, esquematizado, interpretado — o processo real [wirklich] da “percepção” interna, a unidade causal entre pensamentos, sentimentos, desejos, como aquela entre sujeito e objeto, é completamente oculta para nós — e talvez seja uma pura ilusão. Esse “mundo interior aparente” é tratado com procedimentos e formas totalmente idênticos aos do mundo “exterior”. (…)
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Giuseppe Lumia: a filosofia da existência - Nietzsche
5 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroSe Kierkegaard forneceu ao existencialismo o motivo divino, Nietzsche forneceu-lhe o motivo demoníaco. Com Nietzsche, a crise dos valores que atormenta o mundo moderno atinge plena consciência.
Contrariamente ao fácil otimismo do seu século, ele reconhece que a vida é dor, luta, incerteza, erro; mas repele a atitude de renúncia que conduz à ascese, e aceita a vida como ela é, com os seus caracteres irracionais e absurdos. Condena a moral cristã e, pela boca do profeta Zaratustra, proclama (…) -
GA6T1:1-49 – Nietzsche citado por Heidegger
28 de julho de 2021, por Cardoso de Castro“Não quero persuadir ninguém a fazer filosofia: é necessário, talvez mesmo desejável, que o filósofo permaneça uma planta rara. Nada me é mais repulsivo do que o elogio pedagógico da filosofia, tal como o encontramos em Sêneca ou, pior, em Cícero. Filosofia tem pouco a ver com virtude. Seja-me permitido dizer que mesmo o homem de ciência é algo fundamentalmente diverso do filósofo. – O que desejo é: que o autêntico conceito de filosofia não pereça totalmente na Alemanha” (A vontade de poder, (…)
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Nietzsche (VP:§579): sofrimento
5 de julho de 2020, por Cardoso de CastroPara a psicologia da metafísica. — Este mundo é aparente — consequentemente, há um mundo verdadeiro. Este mundo é condicionado — consequentemente, há um mundo incondicionado. Este mundo é contraditório — consequentemente, há um mundo sem contradição. Este mundo está em devir — consequentemente, há um mundo que é. Meras conclusões falsas (confiança cega na razão: se A é, então também o seu conceito-oposição B há de ser). O sofrimento inspira essas conclusões: no fundo, são desejos de que (…)
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Nietzsche (VP:§§288-291) – Moral como tentativa de produzir o orgulho humano
5 de junho de 2020, por Cardoso de Castro288
Moral como tentativa de produzir o orgulho humano. — A teoria do “livre-arbítrio” é antirreligiosa. Ela quer criar para o homem um direito de poder pensar-se como causa de seus mais altos estados e ações: ela é uma forma do crescente sentimento de orgulho.
O homem sente o seu poder, sua “felicidade”, então diz a si mesmo: deve haver “vontade” antes desse estado, — do contrário tal estado não pertence a ele. A virtude é a tentativa de colocar um fato do querer e ter-querido como um (…) -
Nietzsche (AFZ:III-5) – Da virtude amesquinhadora II
16 de maio de 2020, por Cardoso de CastroFerreira dos Santos
“Passo por entre este povo de olhos bem abertos; eles não me perdoam de não lhes invejar as virtudes.
Querem morder-me, por eu lhes dizer que as pessoas pequenas necessitam de pequenas virtudes, e porque me é difícil conceber que sejam necessárias as pessoas pequenas.
Estou aqui como galo em terreiro estranho, que até as galinhas lhe querem bicar: mas eu nem por isso guardo rancor a tais galinhas.
Sou indulgente para com elas como se é para com todos os pequenos (…)