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psyche

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

psykhé (he): alma. Latim: anima.

Princípio, de natureza vital ou espiritual; mais habitualmente, das duas ao mesmo tempo; princípio que anima o corpo.

Esse corpo pode ser o universo; a alma é então a alma do mundo: psykhé toû kósmou, ou toû pantós.

A alma parece exclusivamente vital em vários fragmentos de Heráclito  , em que se diz que ela nasce da água (fr. 36, 77) ou que seca (fr. 122). Mas em outro lugar se diz que ela contém o Lógos, ou seja, a razão universal (fr. 45). Encontram-se também os dois aspectos em Marco Aurélio  : ele afirma, por um lado, que a alma é espiritual (noerá) e, por outro, que ela é uma parte da Substância universal (XII, 30, 32).

De fato, a alma humana, para os principais autores, é composta de várias partes: uma material e mortal, fonte do conhecimento sensível; outra espiritual e imortal, fonte do conhecimento intelectual. Aécio escreve: "Pitágoras   e Platão   consideram que a alma está dividida em duas partes: uma dotada de razão e outra desprovida de razão" (IV, IV, 1). E acrescenta adiante que a alma racional é incorruptível, enquanto a outra é corruptível (ibid., IV, VII, 5).

A realidade, aliás, é menos simples. Alexandre Poliístor (D.L., VIII, 30) informa que, "segundo Pitágoras, a alma humana se divide em três partes", às quais ele dá nomes fantasistas. Mas, como acrescenta que só a primeira é imortal, mais vale referir-se de novo a Aécio, que esclarece, com mais exatidão, que a alma pitagórica é tripla, e a parte privada de razão compreende uma subparte afetiva (thymikón) e uma subparte sensitiva (epithymetikón). Mas então é preferível falar de faculdades mentais.

Encontra-se a mesma teoria em Platão. No Timeu   (69c), ele mostra o Demiurgo formando duas almas para o homem: uma dotada de um princípio imortal e fadada a separar-se do corpo, e outra mortal, para animar o corpo. No entanto, em República   (IV, 439a-441c), ele divide a alma em três partes; mas também toma como ponto de partida uma divisão bipartite: princípio racional (lógos) e princípio irracional (álogon); mas este último se desdobra em coração (thymós), que tem sede no peito e preside à vida afetiva, e sensibilidade (epithymía), que tem sede no ventre e preside à vida vegetativa. Platão depois (Rep., IX, 580c-583a) estabelecerá uma correspondência dessas três partes da alma com as classes sociais: o povo, governado pela sensibilidade; os guerreiros, governados pela força; os dirigentes, governados pela razão.

Aristóteles   adota o esquema bipartite (Ét. Nic, VI, I): a alma humana compreende, por um lado, uma alma dotada de razão e, por outro, uma alma desprovida de razão. Em De anima, ele desdobra a alma irracional. De fato, define a alma como "aquilo pelo que vivemos, percebemos e pensamos" (De an., II, 23, 414b).Três funções que só podem incumbir a três almas diferentes: uma alma vegetativa, que o homem tem em comum com os vegetais e os animais; uma alma sensitiva e motora, que tem em comum só com os animais; uma alma intelectual, alma que conhece e compreende, que é "o lugar das ideias" (De an., III, 4), e só ele possui.

Plotino   constata que a alma é ao mesmo tempo una e múltipla (IV, II, 2). Se falamos de partes da alma (mére, sing. meros), é em sentido totalmente analógico e sem semelhança com as partes do corpo (IV, III, 2). Nem sequer se pode dizer que a alma está no corpo, pois ela não é extensa (IV, III, 20). Feita essa advertência, Plotino acompanha seus predecessores; a alma é tripla: vegetativa, possibilita que o corpo se alimente e cresça; sensorial e apetitiva, possibilita a imaginação e a vida afetiva; relacional, "não tem nenhum contato com o corpo" e é sede do conhecimento superior (IV, III, 23), por isso se pode dizer que a alma humana é, de fato, de natureza inteligível e divina (IV, II, 1).