Filosofia – Pensadores e Obras

James

JAMES (William), filósofo norte-americano (New York 1842 — Chocorua, New Hampshire, 1910). Suas análises do sentimento do esforço (1880), onde critica a teoria de Maine de Biran, tiveram uma grande repercussão. Foi, com Peirce, um dos fundadores do pragmatismo (O pragmatismo, 1907). Deve-se-lhe além disso Princípios de psicologia (1891), As variedades da experiência religiosa (1902) e A filosofia da experiência (1910). [Larousse]


Quem primeiro professou as ideias pragmatistas foi o lógico e filósofo americano Charles S. Peirce (1839-1914), mas o pragmatismo recebeu a forma definitiva de William James (1842-1910), que figura como o fundador e principal representante desta escola. James era uma personalidade extraordinária: fisiólogo, psicólogo eminente, dotado de grandes dotes artísticos e profundamente religioso; além disso, brilhante escritor. Portanto, não é para estranhar que tenha exercido profunda influência em toda a filosofia contemporânea. Sua filosofia procede, por um lado, de uma reação contra o idealismo de Bradley e do grande idealista americano Josiah Royce (1855-1916), e ataca, por outro lado, o monismo e o determinismo cientistas, utilizando e desenvolvendo a “crítica da ciência”. Sua doutrina estriba numa concepção dinamista e pluralista da realidade: o mundo não tem nada acabado, não contém substâncias, encontra-se em perpétuo devir e não é um ser único, mas compõe-se de múltiplos indivíduos. Neste ponto, James chega ao extremo de mostrar certa propensão para o politeísmo; repudiou sempre com horror o monismo. Sua filosofia é também muito anti-intelectualista: vai ao ponto de negar a oposição entre sujeito e objeto; êle próprio a designa empirismo radical. Leva ao extremo a ideia da contingência de tudo quanto existe (tiquismo). Outra célebre teoria de James é a do monismo psicofísico “neutro”, segundo o qual não há diferença essencial entre os fenômenos psíquicos e os físicos. Mas sua doutrina mais conhecida é o pragmatismo: uma ideia é verdadeira quando conduz à percepção do objeto, e uma proposição é verdadeira quando, uma vez admitida, dá resultados satisfatórios, quando se confirma na prática. O termo empregado por James para significar esta confirmação na prática: cash (literalmente: dinheiro à vista) tem sido muitas vezes mal interpretado; James entende por “utilidade” não só a satisfação das necessidades materiais do indivíduo, mas tudo quanto serve para o desenvolvimento do homem e da sociedade. Neste sentido, a religião é para êle inteiramente verdadeira; tem de ser avaliada segundo seus resultados. James diz que ignora se a religião possui alcance metafísico, mas em todo caso não deixa de ser uma hipótese fecunda. — Este breve resumo só muito ao de leve nos mostra a riqueza do pensamento de James; contudo, não podemos permitir-nos entrar em maiores minúcias, porque esta filosofia pertence propriamente a uma época anterior. [Bochenski]