Filosofia – Pensadores e Obras

filosofia do vedanta

Vedanta significa primeiramente o final do Veda ou ciência sagrada dos indianos; em seguida, designa também a doutrina que vê no final do Veda o ponto culminante do verdadeiro conhecimento. O Vedanta procurou elaborar um sistema acabado, à base das tradições, entre si contraditórias, contidas no gênero literário dos Upanishades. No Vedanta há diversas escolas, das quais a de Shamkara (sée. IX d. C.) chegou a alcançar tamanha importância que, na maioria dos casos, entende se por Vedanta o sistema daquele pensador. Shamkara distingue um saber superior e outro inferior. A verdade suprema é a não-dualidade = advaita ou monismo rigoroso. A dualidade ou diversidade é só encobrimento da verdade, ou seja, aparência = maya. O princípio fundamental absoluto e espiritual do universo = brama ou Eu divino = atmã é unidade pura, mas, em virtude de sua maya, manifesta-se como pluralidade, sem todavia ser afetado por esta em sisi mesmo. Como o produto é unicamente uma transformação da causa, não se distingue desta e é, como ela, incausado. A verdadeira causalidade e o verdadeiro devir são absurdos. O atmã universal e o atmã individual comportam-se como o espaço universal e o espaço de um pote. Diferem só na limitação. A este saber superior do absoluto contrapõe-se o saber inferior do relativo, “conforme com a agitação do mundo”. Deste ponto de vista, o brama tanto é causa eficiente como causa material, criador dos mundos dotado de atributos e senhor supremo que cria, governa e destrói o universo, e, ao mesmo tempo, matéria do universo material que, numa repetição sem princípio nem fim,dêle procede e a ele retorna. O mundo, tal como o percebemos, é, segundo Shamkara, não só construção mental ou nada, mas real, sem dúvida só para o ponto de vista relativo que, todavia, é comum a nós todos e decisivo para a ação, ao passo que o ponto de vista absoluto, só o indivíduo o pode obter para sisi mesmo. A maya não é existente, porque em sentido absoluto é ilusão, nem não-existente, porque é realmente vivida. A alma é, por sua essência, espiritualidade pura e brama. A cisão do Uno na pluralidade das almas individuais vem do não-saber, que submete a alma a diversas condições. Ao número destas pertencem o corpo grosseiro, o corpo sutil que na passagem de uma vida a outra vida serve de apoio à alma e é o portador da carma, e os diversos órgãos e potências inferiores. Carma são os efeitos das obras que determinam o renascimento (metempsicose). As boas obras ajudam a alcançar um renascimento bom, afastam os obstáculos à salvação, sem que todavia possam produzi-la. A verdadeira salvação (não do pecado e da culpa, senão do mal do renascimento reiterado) só será outorgado a quem possua o saber superior. Nele se conhece como situado para além do bem e do mal, como ser, espírito e gozo absoluto. — Entre os filósofos que, levados as mais das vezes por motivos religiosos estruturaram o Vedanta em sentido teísta, sobressai principalmente Ramanuja (séc. XII). — Brugger.