gr. angelos identificado com os daimones da filosofia grega, daimon 4; com os «poderes», dynamis 6; almas angélicas em Proclo, psyche 35 [FEPeters]
Termo usado em Teologia para designar um ser espiritual, intermediário entre Deus e o homem. A sistemática discussão acerca da natureza e das funções dos anjos constitui a Angelologia.
Encontramos a representação dos anjos, (do grego aggelos, pron. ângelos) mensageiro, a quem cabe o papel de intermediário, e de misteres especiais, funções ministeriais, no sentido filosófico do termo, em todas as religiões cultas conhecidas. Considerando-se pelo lado especulativo, os anjos surgem com dois sentidos:
1) como funções ministeriais do ato criador;
2) como formas subsistentes, que não informam nenhuma matéria, por nenhuma matéria estar em condições de recebê-las.
Há possíveis que não se atualizaram, como a árvore A, árvore possível de se ter tornado um ente existente no mundo botânico, mas que as condições atuais do nosso planeta não permitem mais a sua atualização. Os anjos, contudo, não são considerados como possíveis apenas, mas como formas subsistentes, como entes com seu ubi intrínseco, a sua presença própria, existentes, no exercício de si mesmos, mas de uma estrutura distinta das dos seres materiais. Tais anjos não são feitos desta matéria (hoc), mas de outro modo de ser imaterial, potência, (não-material), são criadores, inteligentes. Ora, não há conceito mais equívoco na filosofia moderna que matéria e também não há materialista, por mais ilustre, que tenha conseguido dar uma definição clara do que julga ser. Se considerarmos, porém, o que conhecemos como tal, a matéria sensível, a físico-química, sabemos, hoje, que esta perde as suas propriedades em determinadas experiências, como se verifica no choque com os anti-protônios e anti-eletrônios, resultando a ausência total das propriedades da matéria. Ora, há matéria, onde há as propriedades da matéria, e não há mais matéria onde não se verificam as suas propriedades. Ora, se estas desaparecem, estamos na não-matéria, aliás nome que dão os físicos modernos, inclusive os soviéticos, a tal ausência de materialidade. Neste caso, já se vê que a ciência atual já encontrou a não-matéria, o imaterial. Com o decorrer do tempo, verificará que as funções inteligentes não podem ser explicadas, como ainda não o foram, pela matéria bruta, nem poderão ser. Neste caso, as atribuirá a essa não-matéria, a esse imaterial. Pois bem, o imaterial com inteligência, com capacidade criadora, é o espiritual das mais altas religiões e da Filosofia. Ninguém pode negar que a Ciência já deu um passo para a frente, aproximando-se, vertiginosamente, de uma atitude de respeito ao que muitos cientistas, de baixo valor filosófico, julgavam que jamais a ciência teria um dia de prestar. [MFS]