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abutre

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

Foi o objeto? de favores nas concepções simbólicas do povo egípcio: acompanha como protetor dos faraós sobre as representações de seus combates e de seus triunfos. Sobre seus túmulos ou na decoração sagrada dos templos, o abutre? mantém, de ordinário, nos selos divinos, e aí está sua suprema honra. Ligado de certa maneira, como vários outros animais, à questão da origem? da vida? humana, o abutre na simbólica sagrada dos doutos do Antigo Egito?, o emblema consagrado da Maternidade. Assim foi, por isto? mesmo, da abnegação paternal e maternal, pois os egípcios prestavam a eles a generosidade da fazer correr seu sangue?, em se abençoando ele mesmo, para alimentar seus pequenos nos dias de perigos. E esta fábula foi, no ocidente e por volta do início do século XVI, transposto ao pelicano, cujos antigos simbolistas e autores dos bestiários nos dizem somente que ele dava a vida a seus filhotes mortos em os banhando de seu sangue, mas não que ele os alimentasse.

Todo o próximo oriente reconhecia no abutre um benfazejo purificador exercendo o mesmo papel que o ibis que foi, a este respeito?, um dos incontestáveis emblemas do Cristo. Além do mais, nas partes da Ásia ocidental onde se expunha os corpos dos mortos aos elementos? e aos pássaros do céu, venerava-se antigamente no abutre, o ativo agente? que os liberava de sua carne? poder?; e sem dúvida, ainda exerce o mesmo ofício na solidão das fúnebres «Tours du Silence?».

Se é verdade? todavia que no Oriente cristão, nos séculos primeiros viu no abutre, como no ibis, uma imagem? emblemática do purificador do mundo? e do vencedor da infernal serpente?, nossa simbólica ocidental não guardou senão o elogio da virtude? da ilusória pedra quadratus, de que fala Plínio.

Por volta de 1490, Jehan de Cuba lembrava a seus contemporâneos que a pedra quadratus, a quadros, ou quarridos, é uma pedra que «alguma vez é encontrada no cérebro do abutre». A espiritualidade tirou desta ficção a seguinte moralidade: assim como aquele que quer possuir a pedra de felicidade? deve quebrar a cabeça do abutre, assim também deve romper «a cabeça» de nossos vícios que o abutre representa: quer dizer quebrar a tendência que temos para nosso «traço dominante», a fim? de que encontremos o repouso de nossa consciência, a quietude? perfeita de nossa alma?, primeira e necessária condição da felicidade em uma e outra.

Os simbolistas da Idade Média fizeram do abutre o emblema do gula - demônio da gula em razão das carnes corrompidas e das presas infectas que este pássaro devora avidamente.

Para outros, o abutre mitológico que comia incansavelmente o fígado incessantemente renovado de Prometeu? preso à rocha, é Satã atacando a alma acorrentada a seu vício.

Na heráldica, o abutre é a antítese da Águia, de nobreza real?, alerta e valente. Assim é o emblema do covarde, de baixos costumes? dignos de desprezo, de todo nobre homem.