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Rosset (1967) – principium individuationis
quarta-feira 23 de outubro de 2024
Schopenhauer explicita essa identidade da Querença [Wille] em sua famosa análise do principium individuationis. O principium individuationis, em virtude do qual todas as coisas e entes têm uma existência separada e aparentemente independente, existe e faz sentido apenas no mundo dos fenômenos. Como o princípio da causalidade, ele é a forma pela qual a força da Querença se manifesta para cada ser humano, uma Querença que Schopenhauer, pretendendo integrar sua teoria à estrutura do pensamento kantiano, equipara à coisa em si. Como o princípio da causalidade, trata-se de uma aparência subjetiva que não interessa à realidade “noumenal”. Essa intuição da identidade final de todas as vontades dentro da Querença é um dos aspectos mais característicos do pensamento de Schopenhauer; sabemos que ela forma a base de sua moralidade, que se baseia na intuição da piedade, ou seja, no sentimento de uma identidade radical, localizada, é verdade, além das aparências, nas aspirações de todo ser humano. O filósofo que tem sido visto como um dos mais perfeitos egoístas dos tempos modernos é também aquele a quem provavelmente devemos a mais profunda intuição da comunhão humana — uma comunhão que Nietzsche ecoa em A Origem da Tragédia, quando compara o culto dionisíaco ao rasgar do “véu de Maia”, que dissipa o velho mito da individualidade.
[ROSSET, Clément. Schopenhauer, philosophe de l’absurde. Paris: PUF, 1967 (ebook) ]
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