FERNANDES, Sérgio L. de C.. Ser Humano. Um ensaio em antropologia filosófica. Rio de Janeiro: Editora Mukharajj, 2005, p. 51-52
Proponho que o ser de um ente seja uma interface—justamente a interface entre Ser e Não-Ser que faz de um ente, por um lado, um ser determinado, reidentificável, e, por outro lado, um indivíduo, único, irrepetível (não “identificável” a outro), independente de espaço ou tempo, e incomparável (não meramente “diferente”). Ora, aquilo que está “deste último lado”, (...)
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FernandesFC / FernandesSH / Sérgio L. de C. Fernandes / SFernandes
SÉRGIO LUIZ DE CASTILHO FERNANDES (1943-2018)
HOMENAGEM DE LEANDRO CHEVITARESE
Sérgio L. de C. Fernandes, Ph.D., professor de Filosofia da PUC-Rio e professor-titular de Filosofia da UERJ (aposentado). Depois de publicar um livro sobre Teoria do Conhecimento nos Estados Unidos (sua tese de doutorado sobre Kant na Inglaterra), e outro no Brasil, "Filosofia e Consciência", além de artigos, dedica-se ultimamente à antropologia filosófica e à filosofia da religião, onde já se notam os resultados desta pesquisa em seu último livro "Ser Humano - Um Ensaio em Antropologia Filosófica".
Destaques:
- FERNANDES, Sérgio L. de C.. Filosofia e Consciência. Uma investigação ontológica da Consciência. Rio de Janeiro: Areté Editora, 1995 [FernandesFC]
- FERNANDES, Sérgio L. de C.. Ser Humano. Um ensaio em antropologia filosófica. Rio de Janeiro: Editora Mukharajj [FernandesSH]
Matérias
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Fernandes (SH:51-52) – Ser “absolutamente transparente”
16 de novembro, por Cardoso de Castro -
Fernandes (SH:302-305) – o lugar da Ética é o Inferno
10 de outubro de 2021[FERNANDES, Sérgio L. de C.. Ser Humano. Um ensaio em antropologia filosófica. Rio de Janeiro: Editora Mukharajj, 2005, 302-305]
Escrever a última Seção [A Questão da Ética], em que apenas rapidamente desloco a valoração das suas supostas origens num “agente livre e moralmente responsável” para a reatividade inconsciente da Mente, do Pensamento e da Linguagem está em consonância, assim como a própria “desconstrução” da problemática da Ética, com o “espírito do tempo” — o que destoou (...) -
Fernandes Problema Mal
29 de março de 2022O PROBLEMA DO MAL Uma de minhas teses, talvez a principal, é a de que o personagem conceptual chamado "O Problema do Mal", longe de poder ser adequadamente tratado por uma suposta disciplina filosófica chamada "Ética" (ou por uma Teologia - Teologia Dogmática, e menos ainda por uma Teodiceia), só poderá ser compreendido após a revisão completa do ontologia - estatuto ontológico da problemática daquilo que precisamente se vem chamando de "Ética", e que inclui, por exemplo, o problema da (...)
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Fernandes (SH:50) – a existência = o não-ser
14 de novembro, por Cardoso de CastroFERNANDES, Sérgio L. de C.. Ser Humano. Um ensaio em antropologia filosófica. Rio de Janeiro: Editora Mukharajj, 2005, p. 50
Imediatamente, duas desqualificações: a “Existência” não é o dasein; tampouco é “O Nada”. A “Existência”, ou Não-Ser, não tem, de fato, “ser” algum, nem mesmo o “ser” que os fenomenólogos atribuem àquilo que é dado ao que chamam de “intencionalidade da consciência”. Fique o leitor, por enquanto, com o que está na Introdução: o Não-Ser é o que não é o Ser, é o (...) -
Fernandes (FC:67-72) – a questão do método
10 de outubro de 2021[FERNANDES, Sérgio L. de C.. Filosofia e Consciência. uma investigação ontológica da Consciência. Rio de Janeiro: Areté Editora, 1995, p. 67-72]
A noção de “metodologia é muito ambiciosa, pois a logia da palavra ‘metodologia’ sugere que se possa usar a lógica para [67] conhecer o método. Ora, “método”, por sua vez, é o caminho para uma meta. De que maneira a lógica nos poderia ajudar a conhecer esse caminho? A implicação material parece ser a única relação lógica não-trivial, neste (...) -
Fernandes (FC:145-149) – compreensão e explicação
9 de novembro de 2021FERNANDES, Sérgio L. de C.. Filosofia e Consciência. uma investigação ontológica da Consciência. Rio de Janeiro: Areté Editora, 1995, p. 145-149
A Filosofia é a investigação do Ser enquanto Ser. Essa investigação não é “metódica”, pois todo método pressupõe o que deve ser investigado: o “eu” que aspira, e o tempo de “tornar-se outra coisa”. [145] (Fosse “metódica”, a Filosofia seria uma “ciência” a mais, embora sua classificação devesse permanecer irremediavelmente ambígua.) A (...) -
Fernandes (FC:20-21) – todo ponto de vista é um ponto cego
9 de novembro de 2021FERNANDES, Sérgio L. de C.. Filosofia e Consciência. Uma investigação ontológica da Consciência. Rio de Janeiro: Areté Editora, 1995, p. 20-21
A atividade filosófica pode ser chamada de “investigação”, mas distingue-se da investigação científica. Esta, pelo interesse em manipular, ou dominar, é sempre dirigida, pela urgência do desejo, à parcialidade das explicações. Pois é impossível explicar alguma coisa em sua totalidade: só há explicações parciais. E parcialidade gera conflito. De (...) -
Fernandes (SH:344-345) – a "impotência do poder"
10 de outubro de 2021FERNANDES, Sérgio L. de C.. Ser Humano. Um ensaio em antropologia filosófica. Rio de Janeiro: Editora Mukharajj, 2005, p. 344-345.
Já não foi fácil ter coragem para dizer, nas duas Seções precedentes, nas barbas de Platão, de cuja obra toda a Filosofia Ocidental não passa de um comentário — e foi o tê-lo dito que me fez ter querido dizê-lo! —, que não havia relação alguma entre o Ser e o Bem. Há de haver coragem agora para dizer, nesta Seção, que tampouco há poder, coisa sobre a qual (...) -
Fernandes (SH:286-293) – ser - bem - valor
17 de março de 2022FERNANDES, Sérgio L. de C.. Ser Humano. Um ensaio em antropologia filosófica. Rio de Janeiro: Editora Mukharajj, 2005, p. 286-291
A antiga noção de axios (valioso) foi chamada, no início do século passado, a compor, com a antiga noção de logos, a palavra “axiologia”, para designar, a exemplo da composição de logos com episteme (epistemologia), o estudo filosófico dos valores em geral, em substituição à Werttheorie, até então usada para valores econômicos. A essa altura, seria excusado (...) -
Fernandes (SH:305-311) – Problema do Mal
10 de outubro de 2021[FERNANDES, Sérgio L. de C.. Ser Humano. Um ensaio em antropologia filosófica. Rio de Janeiro: Editora Mukharajj, 2005, p. 305-311]
O leitor se lembrará de que uso as Introduções para explicar o conteúdo de cada parte dos livros que escrevo, e de que leu na Introdução (e também no primeiro Capítulo) antecipações do conteúdo deste que agora lê, desta Seção mesma, e que vou repetir aqui, de maneira resumida, mas destacando algumas teses, como se suas exposições e defesas fossem promessas (...) -
Fernandes (SH:281-283) – Prolegômeno à "questão da ética"
10 de outubro de 2021[FERNANDES, Sérgio L. de C.. Ser Humano. Um ensaio em antropologia filosófica. Rio de Janeiro: Editora Mukharajj, 2005, p. 281-283]
O “ser” de um ente, qualquer ente, não é jamais a sua Existência, ou seu estar fora do Ser (tampouco, como vimos no primeiro Capítulo, é sua “essência” ou qualquer espécie de “substância” ). O “ser” de um ente é sempre o próprio Ser enquanto Ser, cuja verdadeira natureza é revelada pela categoria de Consciência em si, não intencional. A extensão do Ser, em (...) -
Fernandes (SH:20-21) – filosofia analítica
17 de março de 2022FERNANDES, Sérgio L. de C.. Ser Humano. Um ensaio em antropologia filosófica. Rio de Janeiro: Editora Mukharajj, 2005, p. 20-21
O “espírito do tempo” inclui ainda a empáfia, na maioria dos casos nonchalante, ou simplesmente condescendente (na língua do Império, patronising), de uma variedade muito influente de contra ou antifilosofia, conhecida como “filosofia analítica”. A Filosofia Analítica se caracteriza, por um lado, por pressupor, acima da autoridade da Filosofia, a autoridade da (...) -
Fernandes (SH:43-49) – conhecer/explicar e compreender/criar
10 de outubro de 2021[FERNANDES, Sérgio L. de C.. Ser Humano. Um ensaio em antropologia filosófica. Rio de Janeiro: Editora Mukharajj, 2005, p. 43-49]
Quando se trata de ensaio-e-erro, conhecimento ou explicação, que considero um trio indissociável, supõe-se ordinariamente que seria um círculo vicioso ou uma petição de princípio, pressupor ou incluir explicitamente, no conteúdo daquilo que se vai usar para explicar (o explicam, premissas, etc.) justamente aquilo mesmo que se pretende explicar (o objeto da (...) -
Fernandes (FC:153-56) – consciência intencional
10 de outubro de 2021[FERNANDES, Sérgio L. de C.. Filosofia e Consciência. uma investigação ontológica da Consciência. Rio de Janeiro: Areté Editora, 1995, p. 153-156]
Partimos da Luz. Agora temos transparência. Embora do ponto de vista estritamente fenomenológico, a substituição tenha sido total, como acabamos de notar acima, o que fizemos foi substituir [153] a Realidade pela Aparência. Mas uma tal substituição é uma implementação primária de uma distinção entre Aparência e Realidade, o que (...) -
Fernandes (FC:131-132) – realidade virtual
7 de novembro de 2021FERNANDES, Sérgio L. de C.. Filosofia e Consciência. uma investigação ontológica da Consciência. Rio de Janeiro: Areté Editora, 1995, p. 131-132
Há um assunto muito delicado, aparentemente superficial e nada transcendental, por naturalístico que é, mas que precisa ser ventilado. O leitor, se já não experimentou, deve ter notícia dessas máquinas que produzem “realidade virtual”. Com um par de fones de ouvido, viseiras especiais, etc. — a limitação dos recursos é apenas contingente, dado (...) -
Fernandes (FC:180-183) – resumo das proposições sobre consciência
10 de outubro de 2021[FERNANDES, Sérgio L. de C.. Filosofia e Consciência. uma investigação ontológica da Consciência. Rio de Janeiro: Areté Editora, 1995, p. 180-183]
Fazendo um retrospecto, para continuar, tínhamos destacado a princípio quatro resultados, dentre outros:
(1) Não podemos “perder” a consciência;
(2) A consciência é inalteravelmente transparente;
(3) Não há “estados de consciência”; e
(4) A intencionalidade não é uma relação entre a consciência e algum conteúdo ou coisa;
aos quais (...) -
Fernandes (FC:161-163) – dizer «eu»
10 de outubro de 2021[FERNANDES, Sérgio L. de C.. Filosofia e Consciência. uma investigação ontológica da Consciência. Rio de Janeiro: Areté Editora, 1995, p. 161-163]
Vejamos como é necessário que eu diga “eu” sem saber quem sou, ou seja, vejamos como é necessário que eu só possa dizer “eu” na inconsciência, ou fora da consciência. Quando eu “introspecto”, tenho diante de mim um objeto. Que esse objeto seja “eu mesmo”, “meu estado mental”, o que chamo equivocadamente de “minha consciência obscura”, é (...) -
Fernandes (FC:247-249) – erro do empirismo
9 de novembro de 2021[FERNANDES, Sérgio L. de C.. Filosofia e Consciência. Uma investigação ontológica da Consciência. Rio de Janeiro: Areté Editora, 1995, p. 247-249
Pode-se caracterizar o empirismo como a doutrina filosófica que identifica o “sujeito” empírico com o transcendental. Mas essa caracterização, além de admitir um dúbio “sujeito transcendental”, não vai à raiz do empirismo. O Erro Empirista, a meu ver, é a identificação — absurda — entre Realidade e Aparência, na sua concepção de “experiência (...) -
Fernandes (FC:164-171) – esquema do Jogo de Luz
10 de outubro de 2021[FERNANDES, Sérgio L. de C.. Filosofia e Consciência. uma investigação ontológica da Consciência. Rio de Janeiro: Areté Editora, 1995, p. 164-171]
Voltemos às duas linhas, de tamanhos diferentes ou iguais, do Capítulo anterior. O que as torna “evidentemente” identificadas como “de igual tamanho”, ou “de tamanhos diferentes”? A adoção, sem questionar, de teorias, que funcionam como pontos cegos que permitem ver. Essas teorias foram postas por mim num continuum, das incorporadas (...) -
Fernandes (SH:283-286) – Falácia Axiológica
14 de novembroFERNANDES, Sérgio L. de C.. Ser Humano. Um ensaio em antropologia filosófica. Rio de Janeiro: Editora Mukharajj, 2005, p. 283-286.
Chamo "falácia axiológica" a derivação da tese de que o "valer" e os "valores" teriam alguma espécie de "ser", seriam simulacros passíveis de compreensão, "entes", embora jamais por excelência(!), dotados de algum estatuto ontológico positivo, seja de que tipo for (em minha terminologia, a tese de que poderiam integrar a Experiência), tese comumente derivada (...)