Filosofia – Pensadores e Obras

Meinecke

Friedrich Meinecke (1862-1954) não está muito distante da posição de Troeltsch. Historiador da Alemanha moderna, Meinecke, através de importante estudo sobre A razão de Estado na história moderna (1924), no qual vê a razão de Estado como a ponte na luta política entre o Kratos (isto é, o impulso da força) e o Ethos (isto é, a responsabilidade moral), coloca-se diante do problema do historicismo. E o problema do historicismo é que ele “suscitou um relativismo que considera toda formação histórica individual, toda instituição, toda ideia e toda ideologia somente como momento transitório no curso infinito do devir. Todas as coisas, portanto, só têm valor relativo”. Assim, no historicismo “há veneno corrosivo”.

Na opinião de Meinecke, existem três caminhos para neutralizar esse veneno. O primeiro é a fuga romântica para o passado e o segundo a fuga para o futuro. O caminho romântico absolutiza uma época do passado (a época de ouro), ao passo que o outro expressa o otimismo do progresso. Mas ambos os caminhos estão na corrente da história, diz Meinecke: tanto indo contra a corrente como indo no rumo da corrente, sempre se está procedendo em direção horizontal, sempre dentro da corrente.

Na opinião de Meinecke, porém, terceiro caminho para neutralizar o veneno do historicismo é o caminho vertical. É preciso sair da corrente para olhá-la de cima. Esse é o caminho de Goethe, de Ranke e de Troeltsch. Com efeito, foi Goethe quem concebeu a missão individual e, do ponto de vista humano, relativa da própria vida como “Deus a quer e, por conseguinte, absoluta”. Em outras palavras, essa perspectiva faz a história coexistir com valores absolutos. Ela “nos leva a buscar e criar o eterno no átimo, na constelação individual da vida”. E é nessa posição teórica que se baseia a análise que Meinecke fez do desenvolvimento do historicismo em seu livro sobre As origens do historicismo (1936). [Reale]