(in. Preformation; fr. Pré-formation; al. Präformation; it. Preformazione).
Com o nome de teoria da preformação (ou pré-formismo) foi designada no séc. XVIII a teoria sobre a formação dos organismos, segundo a qual seus órgãos já estão pré-formados no ovo. Malpighi, em 1637, propusera essa teoria, reconhecendo que os órgãos não se acham pré-formados no ovo assim como serão no embrião ou no adulto, mas em forma de filamentos ou estames, cada um dos quais é a potência de um órgão (La formazione dei pollo nell’uovo, 1637). Essa teoria foi aceita no séc. XVIII por muitos biólogos, como Haller, Spallanzani e Bonnet, que se chamavam “ovistas”, para distingui-los dos “animaculistas”, que no fim do séc. XVII afirmavam que o espermatozoide é um homúnculo que contém todas as partes do feto humano. A doutrina da preformação era aceita por Leibniz, para quem “Deus formou previamente as coisas de tal maneira que os novos organismos não passam de consequência mecânica de um organismo precedente” (Teodiceia, pref.). Segundo Kant, uma vez admitido o princípio teológico para a produção dos seres organizados, só há duas hipóteses para explicar a causa de sua forma final: a do ocasionalismo, segundo a qual Deus intervém diretamente em cada nova formação orgânica, ou a da harmonia pré-estabelecida, segundo a qual um ser orgânico produz o seu semelhante. Por sua vez, esta última pode ser ou teoria da preformação — se a geração for considerada como simples desenvolvimento de uma forma preexistente — ou teoria da epigenesia — se a geração for considerada como produção. Kant não escondia sua simpatia pela teoria da epigenesia, porquanto parecia reduzir muito mais que a outra a ação das causas sobrenaturais e prestar-se mais a provas empíricas (Crítica do Juízo, § 81). A moderna teoria da evolução eliminou o próprio fundamento da oposição entre teoria da P. e teoria da epigenesia (v. epigenesia; evolução). [Abbagnano]