Afigura-se-nos ser mais conveniente, no quadro desta exposição, agrupar primeiro os filósofos que podem considerar-se como pertencentes à escola e, em seguida, procurar tirar a limpo aquilo que lhes é comum. São pelo menos quatro os filósofos da atualidade que sem contestação podem ser considerados “existencialistas”: Gabriel Marcel, Karl Jaspers, Martin Heidegger e Jean-Paul Sartre. Todos eles apelam para Kierkegaard, o qual, apesar de muito distanciado no tempo, é geralmente tido como um existencialista hoje muito influente. Afora estes quatro pensadores eminentes, não se encontram muitos outros filósofos da existência propriamente ditos, embora o existencialismo interesse a muitos filósofos e exerça influência sobre eles. Poderíamos citar, entre outros, a colaboradora de Sartre, Simone de Beauvoir, e sobretudo Maurice Merleau-Ponty, um dos pensadores mais eminentes da filosofia francesa atual. Também podem ser aqui mencionados dois pensadores russos, Nicolai Berdiaeff (1874-1948) e Leo Chestov (1866-1938), que se tornaram conhecidos por suas obras escritas em francês. Mencionemos ainda o célebre pensador protestante Karl Barth (1886-1968), fortemente influenciado por Kierkegaard. Mas comete equívoco quem conta entre os existencialistas a L. Lavelle, que é manifestamente um filósofo do ser. Em nossa exposição circunscrevemo-nos aos quatro primeiros pensadores mencionados; simplesmente, exporemos muito sumariamente a doutrina de G. Marcel, porque sua principal obra filosófica até este momento ainda não veio a lume e de seus restantes escritos é impossível obter uma visão de conjunto do seu pensamento. Como datas principais do existencialismo podem ser fixadas as seguintes: em 1855 morre Kierkegaard; em 1919 publica Karl Jaspers sua Psychologie der Weltanschaungen (Psicologia das mundividências); em 1927 aparecem o Journal métaphysique (Jornal Metafísico) de Gabriel Marcel e Sein und Zeit (Ser e Tempo) de Heidegger; em 1932 vem a público a Philosophie de Jaspers, e em 1943 L’Etre et le Néant (O Ser e o Nada) de Jean-Paul Sartre. Importa ainda assinalar que nos países latinos, especialmente em França e Itália, o existencialismo só alcançou importância nos últimos tempos, ao passo que na Alemanha já exercia sua maior influência por alturas de 1930. [Bochenski]