(in. Motive; fr. Motif; al. Motiv; it. Motivo).
Causa ou condição de uma escolha, ou seja, de uma volição ou de uma ação. O motivo pode ser mais ou menos claramente reconhecido por aquele sobre quem age: chama-se algumas vezes de móbil ou móvel (fr. Mobile, al. Triebfeder) o motivo que não tem caráter “racional”, que não pode ser considerado uma “razão” da escolha.
Já Aristóteles dissera: “Visto que há três coisas: primeiro, o motor, segundo, aquilo com que move, e terceiro, o que é movido, tem-se que o motor imóvel é o bem prático, o motor que também é movido é a faculdade apetitiva, e o que é movido é o animal” (Dean., III, 10, 433 b 14). O motivo é aqui entendido como um motor único e imutável que é o bem, o fim ao qual tende a vida do animal. Mas no mundo moderno não se fala mais de motor nesse sentido, mas de motivo Wolff interpretava esse termo como “a razão suficiente da volição ou da nolição” (Psychol. empirica, § 887), definição que — pode-se dizer — não sofreu modificações, a não ser no que se refere à diferença no grau de determinação atribuído ao motivo O problema desses diferentes graus de determinação é o problema da liberdade . Por outro lado, a importância do conceito de motivo para a explicação da conduta humana foi algumas vezes posta em dúvida na filosofia contemporânea. Dewey, p. ex., afirmou que “todo o conceito de motivo na verdade é extrapsicológico”. Nenhuma pessoa de bom senso atribui motivo aos atos de um animal ou de um idiota, e é absurdo perguntar o que induz um homem à atividade. “Mas quando precisamos conduzi-lo a agir de um modo específico e não de outro, quando queremos dirigir sua atividade para uma direção específica, então a questão do motivo é pertinente. O motivo é então o elemento do conjunto total da atividade humana que, se suficientemente estimulado, dará lugar a um ato que tem consequências específicas.” Em outras palavras, menos que fator de explicação da conduta humana, o motivo é instrumento para sua orientação (Human Nature and Conduct, pp. 199-20). [Abbagnano]
A razão pela qual justificamos nossa atitude. Opõe-se ao “móvel”, que é a causa real de nossa ação, o que a move efetivamente. — O motivo é a razão consciente, a justificação social e frequentemente retrospectiva do que fizemos; enquanto que o móvel é um sentimento, um estado afetivo, que, aliás, pode permanecer inconsciente. [Larousse]