(in. Monism; fr. Monisme, al. Monismus; it. Monismó).
Wolff chamava de “monistas” os filósofos “que admitem um único gênero de substância” (Psychol. rationalis, § 32), compreendendo nessa categoria tanto os materialistas quanto os idealistas. Porém, conquanto algumas vezes tenha sido usado para designar estes últimos ou pelo menos algum aspecto de sua doutrina, esse termo foi constantemente monopolizado pelos materialistas; quando usado sem adjetivo, designa o materialismo. Isso se deve provavelmente ao fato de ter sido adotado por um dos mais populares autores de obras materialistas, o biólogo Ernst Haeckel (Der Monismus ais Band zwischen Keligion und Wissenschaft, 1893). Nesse sentido, o termo foi empregado no nome da Associação Monística Alemã (Deutsche Monistenbund), fundada em 1906 por Haeckel e por Ostwald, bem como no título de uma das mais antigas revistas filosóficas americanas, The Monist, fundada em 1890 por Paul Carus. [Abbagnano]
(do gr. monos, um só).
sistema filosófico segundo o qual há somente uma realidade: a matéria ou o espírito. — Opõe-se o monismo materialista de Marx ao monismo espiritualista de Hegel; ao sistema de Spinoza, que identifica Deus com a natureza, deram-se tanto interpretações materialistas (que se colocam do ponto de vista da Natureza, com a qual o filósofo teria identificado Deus) quanto espiritualistas (que se situam do ponto de vista de Deus, ao qual teria Spinoza relacionado toda a realidade natural). O monismo suprime, assim, a diferença de natureza que parece existir em nossa consciência e no mundo, entre o espírito e a matéria. (Contr.: dualismo, pluralismo.) [Larousse]
É o sistema filosófico que reduz todas as coisas a um só ser, uma só unidade, cujas manifestações são os seres heterogêneos. Assim o materialismo é monista como o é o idealismo absoluto, como também o é o energetismo de Ostwald. O monismo prega a universalidade total do ser, a identidade entre a parte e o todo. Há várias maneiras de surgir o monismo e de se apresentar, mas todas caracterizam-se pela intenção de reduzir o múltiplo ao Um.
Crítica: A aceitação do monismo leva a uma sequência de aporias insolúveis. O monismo termina no pluralismo. Desde o momento que se atualiza excessiva e unilateralmente o Um, o múltiplo desponta com energia para anular aquele excesso. Por outro lado, a afirmação excessiva e unilateral do múltiplo faz surgir com energia a exigência do Um. E nesse balancear, de uma aporia para outra, o espírito humano não encontra a solução desejada.
Se as partes são partes de uma totalidade, o Um é consequentemente limitado enquanto totalidade, pois teria partes. Mas tais partes estão unidas e o que as prende é um limite. O Um é consequentemente um e múltiplo, limitado por partes e ilimitado pela contiguidade destas. Se o Um é limitado, tem extremidades. Sendo uma totalidade, tem começo, meio e fim. Ora, o meio está à igual distância das extremidades (começo e fim), do contrário não é meio. E neste caso o Um teria uma figura, teria fronteiras, seria quantitativo, o que leva a absurdos sem conta. [MFSDIC]
Usa-se o termo monismo para se referir aos filósofos que só admitem uma substância. Não quer isto dizer que se trate sempre de uma substância, pode tratar-se de uma só espécie de substância. Com efeito, pode ser-se monista e admitir que há só matéria ou que há só espírito, mas não se deixa de ser monista quando se admite que há uma pluralidade de indivíduos sempre que estes sejam da mesma substância. Foi comum empregar os termos monismo e monistas para se referir respectivamente à doutrina e aos filósofos que defendem a doutrina segundo a qual há uma só substância. Nesse último sentido são monistas os filósofos como Parmênides e Espinosa. No sentido de monismo como doutrina que afirma que há só uma espécie de substância, são monistas quer os materialistas, quer os espiritualistas. A doutrina que se contrapõe ao monismo é o dualismo; só se contrapõe ao pluralismo quando se afirma que há um só tipo de substância e há, além disso, uma só substância.
O monismo pode ser gnoseológico ou metafísico ou as duas coisas ao mesmo tempo. Quando é só gnoseológico, a realidade à qual o monismo reduz qualquer outra ou é o sujeito (no idealismo) ou então o objeto (no realismo). Quando é só metafísico, as realidades que se consideraram habitualmente como tipo único de realidade ou como única realidade são as já citadas de matéria ou espírito, mas podem ser outras – por exemplo, uma realidade que se suponha estar mais além, ou mais a quem, da matéria e do espírito. Podem classificar-se também as doutrinas monistas em monismo místico e em monismo panteísta. O primeiro é representado em parte já por Parmênides, cuja a fórmula de identidade do ser com o pensar predeterminou o decurso anterior da maioria das doutrinas monistas. O principal e mais idôneo representante do monismo místico é Plotino, cuja noção do Uno, constitui o princípio que dá lugar à oposição do sujeito e do objeto mediante o processo das suas emanações. Representante do monismo panteísta é, em contrapartida, Espinosa, que soluciona o problema do dualismo corpo-alma levantado pelo cartesianismo, por meio da noção de substância infinita, em cujo seio se encontram os atributos com seus infinitos modos. A redução de qualquer ser à causa imanente das coisas converte este tipo de monismo num monismo ao mesmo tempo gnoseológico e metafísico, que resolve quer o problema da relação entre as substâncias pensante e extensa, quer a questão da unidade última da existência absolutamente independente sem fazer dela algo transcendente ao mundo. Na mesma linha está Schelling, em cujo sistema desempenha a absoluta indiferença de sujeito e objeto o ponto de coincidência de todas as dualidades da Natureza e do Espírito, que se apresentam alternadamente como sujeito e como objeto, não obstante a sua última e essencial identidade. Na época moderna, o monismo surgiu por vezes como um espiritualismo que não nega a natureza nem o mecanismo a que está submetida, mas que a engloba na unidade mais ampla de uma teleologia. A tendência materialista e naturalista prevaleceu, contudo, no monismo atual sobre a espiritualista. [Ferrater]