Recordemos, porém, para a clareza da argumentação, as definições de Descombes resumindo Ricoeur: “Filosofia do sujeito·, doutrina que reivindica que a pergunta Quem?, colocada a propósito de uma ação relatada em uma narrativa ou de uma palavra citada, ou de uma experiência invocada, seja respondida pela menção de um sujeito, esse sujeito sendo tomado em um sentido especial e filosófico. O sujeito verdadeiro ao qual reportar a ação, a palavra ou a experiência, não pode jamais ser apresentado na terceira pessoa: ele deve apresentar a si mesmo na primeira pessoa, naquilo que os filósofos chamam de uma ‘autoposição’”; “Filosofia do ego ou egologia·. outra denominação da filosofia do sujeito. O sujeito experimenta sua presença em uma presença para sisi mesmo, ou cogitatio cartesiano”; “Hermenêutica do si: título que Ricoeur dá ao seu próprio projeto, que é expor uma filosofia prática na qual é previsto um lugar central para o sujeito de ação e de paixão (“homem agindo e sofrendo”, p. 29). A hermenêutica coloca um sujeito, mas indiretamente, passando pelos fatos da linguagem, da ação, da narrativa, do direito, das instituições justas e da ética.” Em sua definição da filosofia do sujeito, Descombes se apoia nessa página célebre de Ricoeur, O Si Mesmo…, p. 14: “Tomo aqui por paradigmático das filosofias do sujeito que este seja formulado aqui em primeira pessoa – ego cogito que o ‘eu’ se defina como eu empírico ou como eu transcendental, que o ‘eu seja colocado absolutamente, isto é, sem face a face, ou relativamente, a egologia requerendo o complemento intrínseco da intersubjetividade. Em todas essas ilustrações, o sujeito é ‘eu’”. [LiberaAS:38-39 Nota]