Filosofia – Pensadores e Obras

superstição

(gr. deisidaimonia; lat. superstitio; in. Superstition; fr. Superstition; al. Aberglaube; it. Superstizioné).

Excesso ou aberrações da religião, ou então a forma de religião de que não se compartilha. Foi Cicero quem definiu a superstição no primeiro sentido: “Não só os filósofos mas também os nossos antepassados distinguiram a superstição da religião: aqueles que rezavam o dia inteiro e imolavam vítimas para que os filhos sobrevivessem [lat. superstes, superstitis = sobrevivente] foram chamados de supersticiosos, e depois essa palavra ganhou significado mais extenso” (De nat. deor., II, 28, 71-72). Essa definição foi repetida substancialmente por Tomás de Aquino: “A superstição é o vício que, por excesso, se opõe à religião, pois se presta culto divino a quem não se deve ou na forma indevida” (Suma Teológica, II, 2, q. 93, a. 1). No segundo sentido, foi definida por Hobbes: “O temor diante dos poderes invisíveis, se estes forem imaginados pelo espírito ou sugeridos por narrativas publicamente admitidas, é religião; se sugeridos por narrativas não admitidas publicamente, é superstição” (Leviath., 1, 6).

Na verdade, superstição é um termo polêmico: para o estudo objetivo (antropológico ou sociológico) das crenças, não existem superstições, e sempre que se fala em superstição, está-se tomando como referência determinado sistema religioso, que é considerado o único verdadeiro. Assim, cada religião parece superstição aos seguidores de uma religião diferente, e a única descrição exata do termo é a que se encontra em Hobbes. [Abbagnano]