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Fernandes (SH:51) – ser humano e ser do humano

quarta-feira 24 de abril de 2024, por Cardoso de Castro

  

Veja: há uma enorme diferença entre o meme “ser humano”, que a mente fabrica, e o Ser do humano. Desculpe: “meme” é um meme deliciosamente inventado pela Biologia, como o análogo do gene, no plano simbólico da cultura. Ora, a Mente, o Pensamento e a Linguagem podem tanto com o Ser quanto um grão de pó com o pé que o esmaga. É o “ser humano” que está em frangalhos (releia o que se chama de sua “História” ) e que, ao invés de glorificado, deveria ser superado, mas não o Ser do humano. Este não é “menos” Ser, não é menos plenamente Ser, que o Ser-enquanto-Ser, simplesmente porque tem ser, e o Ser não admite gradações ou degradações. Se abstrairmos do Ser as três características que lhe considero estranhas, quais sejam, as de (ser dito ou pensado como) substância, (ser dito ou pensado como) essência, e (ser dito ou pensado como) existência, entendo o Ser-enquanto-Ser como a única coisa que não “tem segundo”, não tem nada que não seja Ele mesmo ou que com Ele “contraste”, sendo, portanto, absolutamente... transparente. (Sobre o “ser dito como” : sim, to de on legetai men pollachos, Met. IV. 2 1003a33; 1003b6; Met. VI, VII, etc.! Mas essa metafísica é uma “racionalização” da língua grega antiga; na verdade, é um saco de gatos ou uma lista de Borges. Passo. Ainda não chegamos a Wolff, Ontologia seu Philosophia Prima est scientia entis in genere, seu quatenus ens est, e, muito menos, à blitzkrieg analítica do Século passado — Ver, por exemplo, a página de Corazzon na internet, sobre “Descriptive and formal ontology”!) Passo, passo... passo!!!


Ver online : Sergio L. C. Fernandes


FERNANDES, Sérgio L. de C.. Ser Humano. Um ensaio em antropologia filosófica. Rio de Janeiro: Editora Mukharajj