Os Sophistici elenchi não são senão um apêndice do livro dos Tópicos. Eles se situam, como esta última obra, naquela curiosa atmosfera dialética tão a gosto do pensamento grego e da qual Platão nos deixou uma evocação tão viva. As “Refutações sofísticas” são os falsos raciocínios que os sofistas imaginavam para confundir seus adversários. Por extensão, elas podem significar todos os falsos raciocínios. De maneira geral, chamar-se-á sofisma a um falso raciocínio que se fizer com a intenção de enganar. Quando o falso raciocínio é posto de boa fé, será chamado um paralogismo. Aristóteles distingue duas espécies de sofismas: os que provêm da linguagem (fallacia in dictione) e os que não provêm dela (fallacia extra dictionem).
Fallacia in dictione. — Aristóteles enumera seis espécies de sofismas verbais: o equívoco, a anfibologia, a composição, a divisão, o erro de acento e os erros provenientes de analogias na forma da linguagem. — O equívoco e a anfibologia para não falar senão destas duas formas de sofismas verbais mais comuns, são ambiguidades tendo como objeto, a primeira uma simples palavra, a segunda uma frase. Exemplo de equívoco: canis, o cão e a constelação.
Fallacia extra dictionem. — Aristóteles conta sete delas: o acidente, “a dicto secundum quid ad dictum simpliciter”, a “ignoratio elenchi”, a petição de princípio, a consequente, a “non causa pro causae”, a pluralidade das questões. A “ignoratio elenchi” consiste em não provar o que se devia provar, ou, o que dá no mesmo, em ignorar a verdadeira questão que se deveria resolver. Na “petição de princípio”, tenta-se provar tomando-se como princípio justamente aquilo que estava em questão. [Gardeil]